Já havia se passado uns trinta minutos, Guto e eu ainda estávamos no vestiário e minha vontade era de ficar trancada lá para sempre.
Mas eu precisava me recompor e voltar a trabalhar, não poderia deixar todos na mão por causa de Henrique e Letícia.— Você tá melhor? – perguntou Guto.
Balancei a cabeça positivamente e me levantei.
— É melhor a gente voltar ao trabalho, o que minha prima quer é me atrapalhar e não posso deixar ela me tirar do sério desse jeito.
— Ela é uma retardada! – disse Guto parecendo irritado.
Olhei para o mesmo com os olhos arregalados e não pude evitar um sorriso, mas logo empurrei seu ombro como sinal de reprovação.
— Família é família não é? A gente não pode escolher. – falei.
Saímos do vestiário e voltamos para o trabalho, Guto foi até a cozinha ver se precisavam do mesmo e eu fiquei no caixa, enquanto Duda foi anotar os pedidos.
Já eram quase cinco horas, quando Henrique entrou na lanchonete, eu não havia visto quando o mesmo tinha ido embora, mas lá estava ele de novo.Ele percorreu os olhos pela lanchonete lentamente até me encontrar, então veio caminhando apressadamente em minha direção.
Engoli em seco.
— Posso falar com você?
Eu sentia minha respiração ficar mais fraca a cada instante.
— Não. – respondi o mais confiante que consegui.
Ele revirou os olhos.
— Eu sei que fui um idiota, mas a gente precisa conversar, eu estava de cabeça cheia. – disse o mesmo.
Eu não conseguia explicar mais uma raiva sem tamanho crescia dentro de mim, quem ele pensava que era?
Me decepcionava e depois aparecia com a cara mais limpa e um pedido de desculpas vagabundo.— Caso você não tenha notado, esse é o meu local de trabalho e eu não posso abandonar ele na hora que você quer. – respondi sentindo minha voz ficar mais alta.
Ele bufou e passou para o outro lado balcão de modo que ficamos frente a frente, poxa como ele era lindo, mas fazia tudo errado.
— É melhor você ir embora ou..
— Ou o que? Vai chamar seu namoradinho? – perguntou ele me interrompendo.
Dei um sorriso debochado ao mesmo que fechou a cara.
— Por que tem medo dele?
— Então ele é mesmo seu namorado?
— E se for? O que você tem a ver com isso?
O que eu estava fazendo?
Eu só queria que Henrique sumisse dali, eu não conseguia entender ele e naquele momento eu também não fazia questão, ele havia sido um estúpido e eu não poderia simplesmente cair no papinha do mesmo e perdoa-lo.
— Me desculpa, tá bom? Eu não vou mais agir desse jeito, mas você também não é nenhuma santa.
Olhei para o mesmo boquiaberta, eu não podia acreditar que ele estava falando aquilo, que tipo de pedido de desculpas era aquele?
— Qual o seu problema? Eu nunca te fiz nada, já você já perdi as contas.. eu só pedi um tempo e você me aparece agindo feito um estúpido.
— Desculpa Viane, mas eu sou um ser humano e não sou perfeitinho como você quer que eu seja. Desculpa se eu não concordo com a tudo que você fala como essa ideia de tempo que é ridícula. – ele segurou minha mão, mas eu logo puxei ela e me afastei.
— Eu já disse que tô trabalhando, você pode ir embora?
Ele virou a cara bufando de raiva, sua paciência estava por um triz e eu não estava nem aí, me voltei para o mesmo.
— Você vai comigo sim! Não vai demorar, só quero esclarecer as coisas.
— Você tá muito estressado, é melhor esfriar a cabeça. – disse Duda atrás do balcão antes de derramar um copo de suco em cima do mesmo.
Alguns funcionários e clientes começaram a sorrir junto com Duda, e eu apenas fiquei parada pasma, só consegui me mexer quando percebi que Henrique estava indo na direção de Duda.
Agarrei Henrique pelo braço e o mesmo sem nem olhar para trás me empurrou e eu caí em cima dos pés de alguém, e quando me dei conta era de Guto que ao me ver caída mudou seu semblante.
— Você tá louco seu idiota? – gritou ele.
Mas Henrique já estava agarrando Duda pelo braço, a mesma deu uma joelhada em sua parte íntima o fazendo cair no chão de dor.
— Da próxima vez que tocar em mim vou me certificar em te deixar aleijado. – disse ela.
Guto me ajudou a levantar e tentou ir para cima de Henrique, mas eu impede o mesmo entrando em sua frente.
— Ele já tá indo embora, chega de brigas por hoje, não quero que você nem ninguém perca o emprego por minha culpa.
— Nada aqui é sua culpa Viane, é culpa desse idiota. – respondeu ele.
— O Guto tem razão. – disse Grazy saindo da cozinha. — E você o que ainda tá fazendo aqui? Vaza filho.
Henrique se levantou ainda gemendo de dor e saiu da lanchonete cambaleando, com toda certeza ele nunca mais voltaria e nem olharia na minha cara, mas eu não deveria estar pensando naquilo.
— Não tá com pena dele não é? – perguntou Guto.
Senti meu estômago revirar.
Eu me sentia esquisita, não queria que tudo aquilo tivesse acontecido, Henrique poderia ter sido um idiota, mas tinha ido até a lanchonete com boas intenções.— Eu não sei, não acho que precisava disso, nada disso. Ele veio me pedir desculpas, já estava quase indo embora. – respondi receosa.
Guto socou o balcão, me assustando.
— Meu Deus! Ele te jogou no chão e você vem com essa? Não vou mais tentar de entender, Viane. – disse o mesmo antes de me dá as costas.
Suspirei desolada e segurei o choro, estava tudo dando errado e eu não estava com ânimo algum para minha festa que se aproximava, eu queria sumir.
Henrique não era o príncipe que eu pensava que era, Guto não era compreensível como eu pensava e minhas amigas havia me tirado do sério.— Nem me olhe com essa cara. – disse Duda. — Precisava sim, eu faria tudo de novo.
— Você só agiu pensando em você! Não pensou nos clientes, em mim ou no Henrique.. foi muito infantil.
— Idai Viviane? Acha que justifica ele querer me bater? – ela quase gritou.
Balancei a cabeça confusa.
— Ele não ia te bater.
Ela sorriu e revirou os olhos.
— Esqueci que você conhece tão bem o seu príncipe encantado. – respondeu ela antes de sair.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Arrumar Um Namorado Em 17 Dias
Novela JuvenilFaltando apenas 17 dias para seu aniversário, Viane se vê encurralada a procura de um namorado, tudo isso para cumprir uma promessa feita a sua avó. Para isso a mesma junto com suas amigas Duda e Grazy fazem um plano maluco em busca desse tão sonhad...