Viane.

67 25 0
                                    

Saí do banheiro ainda pensando naquilo, eu nem imaginava que um toque poderia causar tanto impacto, mas a verdade era que eu me arrepiava sempre que lembrava, tentei afastar aquele pensamento enquanto secava meu cabelo.

Priorizei meus pensamentos ao concurso de talentos que eu já havido decidido participar, Duda e Grazy não iriam acreditar e pra falar a verdade nem eu acreditava também, já faziam dois anos que eu não participava e aquela ideia nem passava mais em minha cabeça e agora lá estava eu. Claro que não seria fácil já que muitas pessoas cantavam bem na escola inclusiva minha prima que ia no mínimo querer me enforcar quando soubesse que eu também iria participar ou jogaria na minha cara que ela era a ganhadora todos os anos e eu não mudaria isso.

— É isso que vamos ver Letícia. – murmurei.

Meu celular vibrou encima da cama e eu fui pega-lo, era uma mensagem de Guto, senti um leve frio na barriga.

Guto: Então já se decidiu?

Eu: Já. Vou participar!!

Guto: Poxa, que bom! Tenho certeza que você não vai se arrepender.

Suas palavras me trouxeram ainda mais coragem, até porque eu sabia que meus amigos me apoiariam nessa decisão e também estavam torcendo por mim e isso não tinha preço, senti meus dedos ficarem mais leves enquanto eu digitava a próxima mensagem:

Posso te ligar?

Guto disse que sim e eu liguei, ele atendeu e nós ficamos calados por quase um minuto o que foi bem engraçado e eu comecei a sorrir.

— O que foi? – ele perguntou parecendo conter o riso.

Recuperei o fôlego.

— Nada. Como foi sua aula? 

— Foi legal, eu entrei um pouco atrasado, mas o professor nem notou. – ele deu um risinho. — Só a Cíntia é claro que percebeu.

Uma pontada de curiosidade surgiu em mim.

— Quem é Cíntia? – perguntei de maneira descontraída.

— Minha amiga, ela estava do meu lado quando você entrou no auditório.

Então aquela era Cíntia, a menina que cravou os olhos em mim como se eu fosse uma estrela de cinema ou assassina de crianças, eu não podia culpa-la por ser tão curiosa já que eu também era, mas eu estava com uma pequena pulga atrás da orelha, Guto havia dito que era uma amiga, mas do jeito que a mesma me olhou eu até poderia achar que ela estava com ciúmes.

O que é super normal, eu também já tinha sentido ciúmes do meus amigos, mas também aquele ciúme podia não ser de amigo, balancei a cabeça, o que eu tinha a ver com isso? Guto era livre e desimpedido, era um garoto educado, fofo e bonito não era difícil é claro alguém se apaixonar por ele ou notá-lo, pelo visto não era difícil mesmo notar sua presença, parecia que apenas eu havia ignorado sua existência todo aquele tempo.

— Você ainda tá ai? - perguntou ele.

Dei uma tosse falsa.

— Sim, eu só fui pegar uns livros que tinham caído no chão.

— Tudo bem, você já sabe que música vai cantar?

Eu ainda não havia pensado naquilo, mas teria que decidir logo porque ainda tinha que aprender a letra, eu e minha cabeça de vento, dei um leve tapa em minha testa.

— Se você não tivesse me perguntado, eu ia acabar cantando Super fantástico no dia.– suspirei.  — Você tem alguma sugestão?

Ele ficou calado por um tempo.

— Só sei dançar com você. – ele disse depois. — Eu gosto dessa música.

Só sei dançar com você isso é o que o amor faz. – cantei. — Ela é bem bonita, mas é melhor como dueto.

Eu queria uma música que tivesse significado não só pra mim, mas pra quem ouvisse, até porque se eu quisesse mesmo ganhar teria que causar algum impacto nós juízes e no público.

— Me diz alguma música que você goste. – sugeriu Guto.

Pensei um pouco.

— Tudo bem do Lulu Santos. – falei.

Eu ouvia quando era criança e lembrava que minha mãe estava sempre cantando ela dentro de casa, aquela música tinha gosto de infância e me deixava bem relaxada.

— Espera um minuto. – disse Guto.

Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa a ligação ficou em mudo, esperei alguns minutos até Guto voltar.

— Preparada?

Mas uma vez antes que eu respondesse ele começou a tocar a música em seu violão, senti um arrepio em meu corpo a ouvir a melodia e logo depois eu já estava cantando.

Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa, tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é "so easy" se viver

Hoje eu não consigo mais me lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão
Eu já deixei
Tantos bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
Quase nunca a vida é um balão

Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem
Tudo bem.

Aquela música era realmente linda, e cantar ela era tão suave que eu nem percebia a letra fluir pelos meus lábios e minha voz sintonizar com a melodia, Guto tocava muito bem e deixava tudo ainda mais leve.

— Sua voz é muito linda mesmo. – disse ele minutos depois.

— Obrigada, acho que já temos a música certa. – falei e ele concordou.

— Se você quiser eu posso te ajudar a se preparar, caso quiser que eu toque de novo. – disse ele.

Era uma ótima ideia já que o concurso já se aproximava e fazia anos que eu não cantava em público, precisava de uma preparação.

— Pode ser amanhã depois do trabalho? Vou ficar até um pouco mais porque vou fechar a lanchonete amanhã. – respondi. — Sem falar que Carla vai ter um compromisso e eu vou ter que fechar sozinha.

Carla que trabalha na lanchonete a pouco tempo adorava fazer isso, sempre inventava alguma coisa e eu tinha que resolver sozinha.

Guto disse que iria depois do expediente para me ajudar com a apresentação e me ajudar a fechar a lanchonete.
Seria um dia cheio.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora