Viane.

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Eu tinha um certo medo de falar alguma besteira ou passar vergonha na frente dele (o que eu já tinha passado), até porque aquilo poderia assustar o mesmo, e ele poderia acabar se afastando de mim.

— Minha irmã disse que você me ligou ontem, eu tinha saído. – concordei com a cabeça. — Mas o que você queria falar?

Meu coração começou a palpitar mais rápido.

— Não era nada importante, eu só queria conversar mesmo.. saber se você estava livre. – falei a última frase sentindo minha voz falhar.

— Bem, se você quiser a gente pode sair, vou gostar de sair com você. – respondeu ele.

Senti minhas mãos tremerem.

— Ah claro, eu te aviso quando der até porque eu trabalho, então. – pensei em algo a mais para dizer. — Eu vou fazer aniversário de 16 anos espero que você vá!

O olhar dele se iluminou e o mesmo me deu um sorriso tímido, o que indicava aquilo? Eu tinha experiência zero com aquilo, precisava de ajuda.

— Nossa que legal! Onde vai ser?

— No buffet Casa dos sonhos, não sei se você conhece..

— Tá brincando? Nossa vai ser o aniversário do ano, aquele lugar é muito maneiro. – respondeu ele animado.

O que eu estava fazendo?
A alguns minutos atrás eu odiava a ideia de fazer aquele aniversário e o que eu mais queria era convencer mamãe a desistir dele, e naquele momento lá estava eu falando sobre o aniversário e dizendo que seria naquele buffet.
Tudo aquilo por causa dele, e talvez o mesmo nem estivesse interessado em mim realmente, como eu faria? Não poderia cancelar aquela festa.

No resto das aulas eu conseguia sentir o olhar de Henrique sobre mim o que me fazia arrepiar, algumas vezes eu olhava de volta e sorria e outras eu ficava parada olhando para a professora sentindo borboletas em meu estômago.

— Queria ser bom em cálculos como você, mas minha praia é humanas. – disse ele na aula de matemática.

Olhei para seu caderno e vi que nenhuma questão estava respondida, sem pensar duas vezes afastei minha carteira para perto do mesmo e comecei a ensinar ele, ele era bem esperto e pegava o assunto rápido.
Depois de alguns minutos levantei o olhar de nossos cadernos e percebi que a maioria dos alunos estavam nos observando, senti um nó na garganta.

— Não sabia que podia formar duplas, professor. – reclamou Letícia.

Alguns alunos concordaram a maioria eram amigos de Letícia, as meninas me olhavam como se fossem me devorar.

— Realmente Letícia, mas eu digo isso quando os alunos forma duplas para ficarem falando da vida alheia como você. – o professor deu um sorriso debochado. — Como todos podem ver não é o caso da Viane e do Henrique eles estão estudando!

A sala ficou em silêncio, e aos poucos os alunos voltaram a fazer seus deveres menos Letícia e suas amigas que faziam questão de me olharem irritadas.

— Eu acho melhor eu me afastar.. – falei para Henrique.

Ele olhou para as meninas que soltaram suspiros quando seus olhares encontrarão os dele, ele balançou a cabeça negativamente e pegou em minha mão.

— Não liga pra elas, eu não me importo, então você também não deveria, até porque eu preciso da sua ajuda. – disse ele docemente.

Sorri para o mesmo, feliz por sua resposta até porque esse papo de se afastar era só pra ver qual era a dele, se ele dissesse "É melhor mesmo" então eu saberia que o mesmo não queria nada comigo.

— Se você insisti, eu fico então. – respondi.

Olhei para o lado e vi que Duda e Grazy estavam nós imitando, Duda estava com a mão na boca cobrindo um falso sorriso enquanto Grazy segurava sua outra mão e a beijava como um cavalheiro, me segurei para não sorrir daquela cena.

O problema foi que acabei olhando demais para as duas o que atraiu a atenção de Henrique que olhou também e viu a cena, o mesmo sorriu e disse:

— Suas amigas são uma graça, você deve nunca ficar triste com elas, são bem animadas.

Balancei a cabeça positivamente.
Até porque era verdade, eu quase não lembrava de não conhecê-las éramos amigas dês dos sete anos e eu não pretendia nunca me separar delas.

— Ah são mesmo, amo muito elas por isso, se metem em cada uma por mim. – respondi sorridente.

Ele levantou a sobrancelha intrigado.

— Tipo o que?

Meu coração errou uma batida.

Como eu pude ter falado aquilo? Meu Deus que vontade de me bater, mas eu precisava reagir normalmente, então lhe dei um sorriso tímido e respondi:

— Coisas de meninas.

E se aquela resposta não fosse suficiente?

— Entendi. – disse ele voltando sua atenção para os cálculos.

A sensação de alívio foi enorme.
Eu nunca havia ficado perto de um garoto tanto tempo, e ele não parecia nenhum um pouco cansado da minha presença, as vezes sorria de qualquer besteira que eu falava e disse que gostava do meu sorriso.
Eu sabia que muitas meninas daquela sala estavam com raiva de mim, mas o que eu podia fazer? Nunca haviam feito nada por mim mesmo.

— Você vai lanchar com quem? – perguntou ele assim que a campainha tocou.

— Com minhas amigas. – respondi, me arrependendo no mesmo momento.

Ele comprimiu os lábios e balançou a cabeça, me despedi dele sentindo meu coração apertar e ele saiu com os amigos.

— Por que você não foi lanchar com ele? – perguntou Duda.

Dei um tapa em minha própria testa.

— Não sei, acho que ele ia me chamar, mas aí eu disse que ia lanchar com vocês. – respondi.

Grazy revirou os olhos.

— Você meio que deu um fora nele, parabéns Viane acabou de estragar uma parte do plano. – Duda coçou a cabeça. — Mas tudo bem, vamos dá um jeito.

Se arrependimento matassem, eu já estaria mortinha e enterrada, estaria tocando Lana Del Rey no meu enterro e minhas amigas estariam dizendo "Bem feito!".
Talvez quando eu chegasse no céu, Jesus dissesse "Não querida nem eu na sua causa."
Como eu podia ser tão tapada?

— A vou ter vergonha de olhar na cara dele agora! – protestei envergonhada.

— Isso vemos outra hora agora vamos comer. – respondeu Grazy, nos puxando pelo braço.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora