Viane.

106 64 11
                                    

Me virei rapidamente e vi Henrique no pé da porta olhando para mim com os braços cruzados, dei dois passos para trás e esbarrei em Guto, eu quase havia me esquecido que o mesmo estava lá.
Eu sei que pensei em ligar para Henrique, mas naquele momento eu não queria vê-lo tão cedo, estava chateada e com razão.

— Eu queria conversar com você.

Engoli em seco.
Eu não sabia o que falar, muito mesmo como dispensar ele, Henrique tinha vindo até a lanchonete só para falar comigo porque com certeza ele percebeu que algo estava errado.

— A gente pode ir lá fora?

Eu precisava ser forte.

Não, eu tô no meio do trabalho. – comecei a empilhar as bandejas e separar as louças. — Na escola a gente se fala. – completei ríspida.

Pude ouvir ele suspirar impaciente.
Olhei para o lado e vi que Guto continuava na cozinha olhando feio para Henrique.

— Sério? Deixa de ser birrenta, vamos lá fora. – disse Henrique se aproximando.

— Não dá! Eu tô muito ocupada, se você quiser eu ligo pra você quando chegar. – falei ligando a torneira.

Henrique chegou tão perto de mim que eu podia ouvir sua respiração, e senti seu perfume que me deixava nas nuvens.
Ele tocou meu braço e eu me afastei, eu não estava tão ocupada, mas precisava de um tempo.

Um tempo longe de Henrique onde eu pudesse pensar melhor e resolver se continuaria ou não aquele plano maluco, eu estava me sentindo tentada a desistir, mas ao mesmo tempo eu sabia que sentia algo por ele e deixar a chance de ter algo com o mesmo passar era idiotice.

Mesmo assim eu sabia que se ele gostasse pelo menos um pouco de mim, iria entender meu lado e me respeitar.

— Eu já te disse, você pode ir?

Ele me olhou parecendo integrado e deu um sorriso animado, logo depois segurou minha mão e começou a me puxar.

— Vamos! Não vai demorar.

Tentei me afastar, mas ele continuava me puxando.

— Ela-disse-que-não-quer-cara! – exclamou Guto.

Olhei para o mesmo surpresa e ele se aproximou de nós dois e fez Henrique soltar minha mão, Henrique olhou para ele como se o mesmo fosse uma piada e disse:

— Olha cara, isso aqui é pessoal. Você pode vazar?

Aquilo estava tomando proporções desnecessárias, e eu já estava assustada pelo o que havia acontecido na escola.
Não que eu achasse que Guto e Henrique iriam partir para a briga física.

— E.. se eu não quiser sair? – brandou Guto.

Henrique levantou a sobrancelha em tom de deboche.

— Viane, você pode pedir pro seu amigo sair?

Abri a boca, mas as palavras não ousaram sair, eu estava nervosa e pior de tudo envergonhada.

— Que eu sabia quem ela quer que saía aqui é você. – respondeu Guto parecendo irritado.

— Cara isso é entre mim e ela, você quem é mesmo? – Henrique revirou os olhos. — Pode ir lá atender umas mesas e deixa a gente em paz?

Guto olhou para o chão, mas logo depois levantou a cabeça sua respiração parecia acelerada, os cantos dos seus olhos estavam franzidos e seu punho fechado.

— Se você quiser que eu saía vai ter que me tirar! – protestou ele.

— Já chega! – quase gritei. — Henrique por favor vai embora eu e o Guto temos que trabalhar.

Ele olhou para mim e para Guto algumas vezes e depois deu de ombros irritado e disse antes de sair:

— Como você quiser.

Respirei fundo e apoie minhas mãos na pia.

— Seu namorado é um idiota. – disse Guto.

Me voltei para ele sentindo meu sangue subir e respondi:

— Ele não é meu namorado. – olhei para a porta. – E da próxima vez faz o favor de não se intrometer.

Eu não pretendia ser arrogante, mas eu estava irritada com os dois por causa daquela mini briga idiota e desnecessária.

— Eu só quis te ajudar, ele nem dava importância para o que você falava. – disse ele com desdém.

Meu olhar encontrou o dele que estavam estreitados e sua testa franzida.

— Você vai me ajudar quando cuidar da própria vida. – falei sem sentir o peso das palavras.

Ele franziu os olhos e balançou a cabeça, eu pensei em pedir desculpas, mas no segundo seguinte ele saiu da cozinha.

Liguei a torneira e voltei a lavar as louças senti algumas lágrimas descerem, mas não dei importância, logo depois Grazy entrou e ficou no meu lugar, e eu voltei para o caixa e evitei olhar para Guto.

— O que você tem? – pergunto Duda sentando no banco. — Eu vi o Henrique aqui.

Abaixei o olhar.

— Eu mandei ele ir embora. – respondi rapidamente.

Duda ficou calada e quando olhei para ela a mesma estava com os olhos franzidos e a boca aberta.

— Não acredito que você fez isso, você quer estragar o plano?

— Eu não tô ligando pra esse plano.

Mas era mentira, eu estava ligando.

— Se eu te contar uma coisa, fica só entre a gente?

Ela assentiu.

— O Henrique e o Guto tiveram uma mini discussão por minha causa, eu tinha pedido pro Henrique ir embora ele se recusou e o Guto se intrometeu.

Duda sorriu.

— Que fofinho, ele gosta mesmo de você. – disse ela.

Dei de ombros confusa.

— Acho que ele só quis me ajudar, mas eu fui grossa com ele, acho que quando eu chegar em casa vou ligar pro Henrique.

— Não mesmo, você vai chegar em casa, vai tomar um banho, comer, ouvir uma música e dormir.

Levantei as sobrancelhas confusa e ela continuou:

— Você não vai ligar pra ninguém, deixa pra resolver suas abobrinhas amanhã.

Concordei, realmente eu precisava do meu tempo, mas uma coisa que não contei para Duda foi que eu realmente me sentia mal por ter tratado Guto mal e não Henrique.
Mas era porque por mais que eu o conhecesse a anos nós não conversamos muito e eu havia sido grossa com ele quando o mesmo apenas tentou me ajudar.

— Você vai embora comigo?

Duda balançou a cabeça negativamente.

— Não, vou ter que fechar a lanchonete com o Guto. – respondeu ela.

— Você pode dizer pra ele que eu sinto muito? – perguntei animada.

— Claro.. que não! – comprimi os lábios. — Se você quer pedir desculpas tem que ser pessoalmente, você tem que ter atitude.

Duda estava certa eu precisava ter atitude, pedir desculpas para Guto e conversar com Henrique.
Mas não naquele dia, eu ainda precisava do meu tempo.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora