Viane.

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— Que história é essa de aniversário? – minha prima quase gritou quando me voltei para ela.

Era aquilo que eu temia.
Seu rosto estava vermelho de raiva, e ela estava segurando o convite quase amassando o mesmo, sua expressão estava endurecida, ela estava com um curativo no nariz.

— Tivemos uma mudança de planos. – respondi timidamente.

Ela arregalou os olhos e franziu a testa claramente irritada.

— Você disse que seu aniversário iria ser na lanchonete! – brandou ela. — Que história é essa de Casa dos sonhos?

Sentia minhas pernas ficarem bambas e minha coragem faltar, ela estava muito brava e aquilo me deixava preocupada.

— É como você leu querida, o aniversário dela vai ser lá e vai ser o melhor aniversário do ano. – disse Duda. — Qual o problema?

Ela tremeu a boca.

— O problema é que eu já tinha dito que meu aniversário seria lá! – gritou ela irada.

Duda e Grazy cobriram a boca para esconder o sorriso, Letícia estava louca e gritando sem parar.

— Você fez isso só pra me atingir! – disse apontando para mim.

— Eu? Letícia eu não escolhi essa festa foi tudo ideia da minha mãe. – expliquei nervosa.

Ela deu uma gargalhada nervosa.

— Então você vai chegar em casa e cancelar essa festa ridícula, porque você é ridícula e essa festa nunca combinaria com você. – protestou ela.

Duda, Grazy e Vitória observam aquela cena com as testas franzidas as três pareciam irritadas pelo jeito que Letícia estava me tratando, mas eu não estava surpresa com aquilo.

— Eu já aceitei a festa. – falei sentindo minha voz falhar. — Não é porque eu vou fazer essa festa que você não pode fazer a sua no mesmo lugar.

— Você tá louca? Quer que eu passe como invejosa, você é uma fingida! Eu falei primeiro que a minha festa seria lá.

Ela tinha razão, mas eu não havia escolhido por aquilo eu realmente gostei do buffet, e queria que meu aniversário fosse lá.
Letícia estava fazendo tempestade em copo d'água, não havia problema nenhum se sua festa também fosse na Casa dos sonhos.

— Desculpa Letícia, eu não fiz nada pra te irritar e não vejo razão pra tanto drama. – respondi.

— Realmente não tem razão. – ela se recompôs. — Até porque sua festa não vai ser lá, se você quiser acho que não vai ter problema em fazer na lanchonete.

Olhei pra ela sem entende.

— O que você quer dizer? – perguntou Vitória.

— O que você não entendeu anjo? Eu só disse que o aniversário da Viane não vai ser na Casa dos sonhos.

Eu sabia que ela estava me ameaçando, então me aproximei da mesma peguei seu braço e puxei ela até o pátio.

— Eu sei o que você quer dizer, mas isso não vai rolar. – falei.

Ela me deu um sorriso maldoso.

— Você acha mesmo? Acho que você não quer ver sua amiga ferrada.

Engoli em seco.

— Você já mentiu e fez eu mentir também pra todos os nossos familiares, então já estamos quites. – respondi.

Ela piscou e continuou olhando para mim, parecia estar procurando o que falar.

— Isso aqui não é negociável, você vai fazer o que eu tô dizendo. – ela quase gritou.

Forcei uma tosse.

— Você quer que eu desista? Então liga pra todos nossos familiares e diz que foi tudo mentira. – provoquei.

Ela arregalou os olhos e segurou pelo braço, puxei meu braço e me afastei dela, eu sabia que aquela batalha estava ganha, ela não iria ligar para ninguém.

— Você vai me pagar.

Ela saiu e eu continuei ali, parada olhando ao redor do pátio eu não acreditava que tinha enfrentado a mesma.
Letícia saiu pisando duro e esbarrando nos alunos.

— Você tá bem? – perguntou Vitória.

Confirmei com a cabeça.

— Aquela menina é louca, parece que os chutes que a Duda deu nela afetaram alguma coisa. – disse Grazy.

Duda sorriu e perguntou:

— O que você disse?

— Ela meio que tentou me ameaçar, mas eu falei que não ia mais fazer o que ela queria. – respondi.

— Como assim ameaçar? – perguntou Vitória.

— Ela ligou prós nossos familiares e disse que eu tava namorando, e agora todo mundo quer conhecer esse namorado.

Elas arregalaram os olhos assustadas.

— Por que você não disse a verdade? – perguntou Duda.

— Por que eu sabia que isso tinha haver com você, e eu tive medo dela fazer alguma coisa.

Duda fez nosso sinal que era pegar no pescoço como se estivesse com torcicolo, aquilo indicava que precisávamos falar daquilo sozinhas.

— Hoje a ainda vai ter a noite das meninas não é? – perguntou Grazy.

Vitória nos fitou curiosa.
A noite das meninas acontecia em um sábado uma vez no mês, a última vez havia sido na casa de Grazy e dessa vez seria na minha.

— A gente sempre faz, um sábado no mês.. você pode ir? Vai ser legal. – falei a Vitória.

— Eu vou pedir pra minha mãe, acho que ela vai deixar.

A campainha tocou e fomos direcionados para o auditório onde faríamos o simulado, procurei por Henrique na entrada, mas não o vi.
Só quando estávamos no auditório foi que vi ele sentado na frente.

— Seu boy tá lá. – disse Duda atrás de mim.

— Tenho que chamar ele na saída, acho que a gente precisa conversar.

Duda fez uma massagem em meus ombros e disse:

— Precisam mesmo, até porque só faltam onze dias e sua família toda tá esperando por esse namorado.

Ela sabia como me deixar nervosa, eu não conseguia imaginar quando chegasse meu aniversário. Eu nem sabia se estaria namorando, para falar a verdade eu não acreditava muito nisso e o que temia era as perguntas.

— Tô com medo. – falei me virando para ela. — Se eu não conseguir esse namorado, todo mundo vai saber que eu menti.

Duda concordou.

— E eu não quero passar uma vergonha dessas no meu aniversário.

— Então amiga, você vai ter que acelerar as coisas com Henrique se você quer ele.

Concordei.
Logo depois o fiscal chamou nossa atenção e começou a entregar os simulados, demorei para conseguir me concentrar porque querendo ou não meus pensamentos se voltavam para o meu aniversário e o namorado inexistente.
Eu estava perdida, mas ainda tinha esperanças.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora