Viane.

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Me afastei de Guto em pulo sentindo todo o meu rosto queimar, Duda estava boquiaberta e sua mãe tinha um sorriso brincalhão nos lábios.
Eu queria que a terra me engolisse naquele momento, não tinha momento pior para elas aparecerem.

— Não queríamos atrapalhar nada. – disse Luisa mãe de Duda. — Mas eu tinha que resolver o problema com a luz.

Concordei.
Quando me afastei de Guto fiquei de costas paro o mesmo que até o momento não havia dito uma palavra, Duda desviava o olhar entre eu e Guto.

— Vocês estão bem? – pergunto ela.

— Cla-ro, por que?

Ela riu e balançou o rosto.

— Não sei Viviane, parece que vocês viram um fantasma. – ela deu de ombros. — Bem eu não quis assustar vocês.

— Mas assustou. – murmurou Guto atrás de mim.

Duda querendo ou não nos assustar não importava mais, o problema seria depois quando eu tivesse que me explicar, até porque eu tinha certeza que Duda não estava entendendo nada e eu também não estava.

O que eu iria fazer?
Beijar Guto?
Deixar ele me beijar? Aquilo fazia diferença?

Balancei a cabeça afastando aqueles pensamentos e me afastei dos dois, com a lanterna do celular ligada fui atrás de Luisa, ela estava saindo de uma sala quando eu a encontrei.

— Oi querida, tudo bem com você? – perguntou ela parecendo preocupada.

Tentei engolir toda a minha vergonha.

— Eu queria pedir desculpas pelo que a senhora viu, eu sou muito profissional e não sei o que deu em mim, mas a senhora pode ter certeza que isso não vai se repetir.

Ela deu uma pequena gargalhada animada, senti minha testa franzir em incompreensão.

— Eu disse algo errado? – perguntei sentindo um bolo se formar em minha garganta.

— Viviane, eu sei que você é bem profissional e o que eu vi não tem problema algum, vocês já tinham terminado o expediente de vocês e são jovens. – ela pós a mão em meu ombro. — Me desculpe você por atrapalhar seu momento.

Pensei em começar a falar que eu e Guto não tínhamos nada e que ela não precisava tomar conclusões precipitadas, mas acabei não dizendo nada e enquanto eu ainda olhava para a mesma a luz voltou e tudo se iluminou.

— Aquele técnico meu deu as instruções certas. – disse Luisa batendo palmas. — Agora vamos vou levar vocês para suas casas.

Senti minha respiração acelerar só em pensar em sentar ao lado de Guto, eu já estava cogitando a ideia de voltar a pé.
Não que eu estivesse com raiva do mesmo, mas eu não sabia como reagir não conseguia nem olhar em seu rosto, talvez ele estivesse desapontado comigo porque de certa forma eu o iludi, mas eu estava me sentindo tão confusa sobre tudo aquilo que não conseguia pensar em mais ninguém.

— Eu vim de bicicleta, não precisa. – ouvi ele dizer.

Virei meu corpo lentamente em sua direção, mas quando o vi ele não estava olhando para mim e sim para Luisa, ele acenou com a cabeça para ela e saiu.
Todas nós ficamos caladas até Guto passar pelo portão e sair.

— Você não quer falar com ele? – perguntou Luisa docemente.

Balancei a cabeça negativamente e ela assentiu.

— Eu quero ir pra casa. – falei sentindo minha voz falhar.

Minutos depois ela já tinha trancado a lanchonete e nós estávamos dentro do carro, Duda estava na frente e hora ou outra olhava para mim pelo retrovisor, mas eu sempre desviava o olhar.
Assim que chegamos em minha casa desci do carro quase correndo, ouvi o carro ser ligado novamente e soltei o ar aliviada.

Mas uma porta se bateu atrás de mim, me virei a procura do carro e ele estava parado na esquina, Duda vinha caminhando em minha direção pisando fundo.

— Não é tão fácil assim se livrar de mim.

Revirei os olhos.

— Agora não sério! Eu não quero ficar te dando detalhe de nada, não tô com cabeça pra dar explicação. – falei impaciente.

Ela deu uma risada balançando a cabeça.

— Você fala como se eu trabalhasse em um programa de fofoca, eu não quero o detalhes do seu quase beijo com o Guto. – ela suspirou. — Quero que você converse comigo, você tá bem?

Não mesmo.

Claro, não tem problema nenhum.

— Você mente tão mal que eu tenho vergonha por você, não sou sua mãe Viviane não quero explicações. – Duda passou as mãos pelos cabelos. — Já parou pra pensar em você? Poxa, o que você quer?

Olhei para ela sentindo a confusão se formar em meu rosto e minha boca ficar seca.

— Do que você tá falando?

— De você, porque não é possível que eu pense mais em você do que você mesma, é só olhar na sua cara que eu sei que não tá bem. – ela mordeu o lábio. — Não precisava agir assim.

— O Guto se declarou pra mim e eu fiquei tão perplexa que ia deixar ele me beijar, tá satisfeita agora? – perguntei irritada.

— Mas que merda! Nem tudo se resume nisso.. no Henrique ou no Guto ou até na sua prima, você não consegue se analisar pelo menos e saber se está feliz?

Senti aquelas palavras me golpearem.
Feliz.. me analisar para saber se eu estava feliz isso antes ou depois daquele plano? Antes ou depois de Henrique ou Guto? Antes ou depois de descobrir sobre a festa de aniversário?
Balancei a cabeça tentando afastar as lágrimas, respirei fundo e fechei o punho tentando me conter.

— Eu não sei. – falei com a voz embargada. — Não sei o que eu tô fazendo, se eu já gostei mesmo de alguém ou era só a euforia de ter a atenção de algum garoto.. acho essa dúvida é que tá me matando, eu nem sei o que eu tô sentindo.

— Então é melhor se afastar dos dois por um tempo, você precisa de um tempo só pra você, você é mais importante que tudo isso. – disse ela antes de me abraçar.

— E aquela merda de plano?

— Aquele plano foi uma idiotice Viviane, nenhuma de nós deveria ter levado ele tão a sério, foi uma ideia ridícula. – ela se afastou. — Como se arruma um namorado em 17 dias? Isso é uma merda a pessoa certa não vai precisar de uma plano e você também não precisa de um.

Duda tinha total razão.
Eu não precisava daquele plano e estava agindo como se dependesse daquilo como se fosse morrer por causa da opinião dos outros.
Como pude me levar tanto?

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora