A homenagem

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Felizmente, encontrei uma cabine vazia no trem, não queria ter de encarar Ron, ou qualquer um dos meus outros amigos naquele momento. Passei o caminho todo pensando no que havia acontecido. Eu sabia por que tinha defendido Draco Malfoy: Eu estava farta de brigas e discussões. Depois de tudo o que aconteceu elas pareciam tão idiotas e sem sentido. Além do mais, ele havia defendido Harry das acusações infundadas e raivosas de Ron quando não precisava, realmente, fazer isso. Quer dizer, antes da guerra ele nunca teria feito isso, pelo contrário, teria tentado criar ainda mais confusão, denegrir Harry ainda mais. Talvez ele realmente tenha mudado.

Assim como fui das últimas a embarcar, fui uma das últimas a sair do trem. Havia apenas uma carruagem esperando na estrada. Uma figura alta, com o capuz preto da blusa de frio puxado sobre a cabeça estava sentada lá, de costas para mim. Quem estaria tão desinteressado em ver o castelo novamente para ter ficado para trás? Quando alcancei a carruagem um arrepio subiu pela minha coluna. Imediatamente, entendi por que a pessoa estava sozinha. O único passageiro da última carruagem era Draco Malfoy.

Ele me lançou um olhar questionador, mas não disse nada. Embarquei sem cerimônia e a carruagem partiu. Éramos mesmo os últimos. Já estava começando a estranhar o silêncio quando me lembrei que ele não podia falar. Então, aproveitei para dizer tudo o que queria, sem ser interrompida.

- Por que fez aquilo na plataforma? - perguntei, mesmo sabendo que ele não podia responder. Ele apenas deu de ombros. - Queria dizer que sinto muito pelo que aconteceu Malfoy, mas você bem que mereceu aquele murro depois de todos esses anos de perseguição e implicância com a gente.

Dessa vez, ele tentou falar alguma coisa, mas desistiu diante da dor. Então usou a varinha para escrever no ar: DESCULPE. Fiquei realmente surpresa. Draco Malfoy estava pedindo desculpas. Apenas balancei a cabeça. Todo o discurso que eu preparei havia desaparecido. Assim como a vontade de dizê-lo.

Senti que castelo se aproximava. Quando desviei o olhar para a construção, meu coração saltou uma batida. Estava exatamente igual ao que era antes da guerra, tinha certeza. Cada pedra, cada peça de mármore, telha, porta, janela, estátua, estava em seu devido lugar. Mas era como se eu o estivesse observando pela primeira vez, em toda a sua beleza e imponência. A carruagem começou a parar imediatamente após atravessarmos o portão, me fazendo desviar os olhos do castelo.

Minerva McGonagall estava no topo da escadaria principal acompanhada dos outros professores, abaixo dela, no jardim, estavam as outras carruagens lotadas de alunos. Assim que paramos completamente, ela começou:

- Bem vindos a Hogwarts! Estamos muito felizes em tê-los de volta. - ela parecia genuinamente emocionada. - Para começar, eu gostaria de agradecer os esforços de todos para que este dia chegasse. Um dia em que a sombra de Voldemort e seus planos nefastos não nos atormentariam mais. Em que não precisaríamos nos esconder, poderíamos dormir tranquilos e não sentiríamos mais medo.

Aquela altura, muitas pessoas já estavam chorando, eu entre elas. E o que veio a seguir fez com que o restante dos alunos se juntasse a nós.

- Por isso, gostaríamos de homenagear aqueles que sonharam com esse dia e lutaram conosco para que ele pudesse se realizar, mas, infelizmente, não estão aqui para aproveitá-lo.

Ela fez uma aceno de varinha e uma chama muito alta surgiu, do lado esquerdo de nossa carruagem, bem no meio do jardim. As labaredas tinham um tom alaranjado, como o pôr do sol. Elas crepitaram por alguns segundos e então, começaram a se consumir, dando lugar a um incrível monumento de granito branco.

Ele tinha pelo menos dois metros e meio de altura. Em cada lado de sua base quadrada era possível ver o brasão de uma das casas. Da base, saiam cinco pilares, quatro virados para as pontas e um no meio, de frente para o castelo, todos retangulares, como placas. Quando a última labareda se apagou, os nomes começaram a aparecer. Primeiro surgia uma estrela dourada e depois o nome aparecia no granito logo abaixo: Sirius Black, Fred Weasley, Remo Lupin, Ninfadora Tonks, Alastor Moody... Estavam todos lá - alunos e professores, membros da ordem e bruxos comuns. O último nome surgiu e não pude deixar de sorrir: "Dobby, o elfo livre".

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora