- Isso! É isso! Justiça! - ouvi a voz de Ronald crescer quando ele entrou no salão comunal.
Sentados no sofá à minha frente, Harry e Gina mostraram seu desgosto por meio de caretas e acenos negativos de cabeça. Desde havia retornado de sua primeira experiência com os Aurores semanas atrás, Ronald estava ainda mais intratável. A investida foi bem sucedida e Notte e Zabini agora aguardavam julgamento em Azkaban. Não tinha como sabermos a real dimensão dos fatos, já que ouvimos tudo da boca do ruivo, mas nós três concordávamos que a missão devia ter sido mais tranquila e segura do que ele fez parecer. Ron trocava correspondências com o departamento todos os dias, desesperado para estar sempre por dentro dos mínimos detalhes do que estava acontecendo.
- Estão sabendo das novidades? Nada poderia ser mais apropriado, acredito. - ele disse diretamente para nós.
- Oh, por favor, conte, conte... Não vou conseguir dormir se não souber qual dos aurores não foi trabalhar hoje.
- Toda e qualquer informação é importante, Gina. Quando um auror falta ao trabalho isso pode significar uma simples varíola de dragão ou um sequestro, um atentado. Somos alvos muito visados devido à nossa habilidade no combate às artes das trevas e as informações secretas que guardamos.
A ruiva revirou os olhos. Tornou-se cansativo, até mesmo para Harry, que queria seguir a profissão, escutar sobre a rotina dos aurores. Ronald não parava de falar sobre o assunto, esmiuçando até mesmo os temas mais banais e desnecessários, além de convenientemente esquecer que era apenas um estagiário.
- Mas voltando ao que eu ia dizer... Finalmente, a execução de Lucius Malfoy foi marcada. Ele receberá o Beijo do Dementador no Halloween! Não é maravilhoso?!
- Maravilhoso?
Desde o dia em que ele descobriu que era Gina quem estava grávida, não eu, - nós comemorávamos a confirmação de que seria mesmo uma menina, quando ele entrou e ouviu tudo - eu quase não falava com ele. Primeiro porque a discussão que tivemos naquele dia - quando Ron xingou Gina de nomes não publicáveis e quis azarar Harry - extinguiu quase tudo que eu pudesse ter para dizer. Segundo porque eu prometi a mim mesma que não discutiria mais com Ronald, que ignoraria os absurdos que ele dissesse por mais idiotas, preconceituosos ou monstruosos. E eu vinha me saindo bem nisso. Até então!
- Eu bem que procurei uma palavra melhor enquanto voltava do corujal, mas não encontrei. Não conheço nenhuma expressão que defina melhor o que eu estou sentindo. Finalmente, ele vai pagar por tudo o que fez, como merece.
- Por Merlin, Ronald. Esse tipo de atitude não faz de você alguém melhor que ele, apenas igual. Como quer ser diferente agindo da mesma maneira rancorosa e malévola?
- Não adianta, Hermione. Essa é uma discussão perdida. - disse Harry.
- Espera aí... Você disse Halloween? Daqui há duas semanas, Halloween? Quando faremos o baile beneficente do Instituto?
- Isso mesmo. Por isso é tão apropriado... Teremos mais uma razão para comemorar.
Harry balançou a cabeça negativamente, uma expressão triste no rosto. Gina era o reflexo da decepção. Subitamente ela pareceu se lembrar de algo, e apesar de questionar o irmão, seus olhos estavam em mim.
- Quando foi que essa notícia chegou? Todos no Ministério já sabem?
- Recebi uma coruja há alguns minutos. É claro que sabem, Gina. Rita Skeeter vai publicar a boa nova no Profeta de amanhã também, assim a Inglaterra toda vai saber.
Arregalei os olhos para minha amiga. Nas duas últimas semanas meu maior contato com Draco havia sido durante as rondas. Nós costumávamos falar sobre quase tudo, mas o futuro de Lucius e o que aconteceu durante a guerra eram uma espécie de tabu. Eu queria esquecer o que aconteceu e sabia o quanto era doloroso para ele conversar sobre isso. Então, foi como se estabelecêssemos um pacto. Mas, meu pai estava certo. Não dava para evitar cutucar as feridas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...