Espremidos na sala anexa à enfermaria, encarávamos uma McGonagall prestes a explodir. As vestes totalmente pretas da bruxa só faziam ressaltar a vermelhidão que cobria seu rosto. Ela examinou atentamente cada um de nós, procurando a primeira vítima para o interrogatório. Mas ninguém desviou o olhar e deu à ela uma oportunidade. No meio de toda a euforia e comoção, não me atentei à presença de professores no salão. Entretanto, o fato de Minerva ter adentrado a enfermaria cinco segundos após a nossa comitiva, acompanhada de Madame Pomfrey, deixou claro que elas estavam lá. Seu rosto exibia uma expressão carrancuda, os lábios apertados em uma linha fina.
- Esta é a terceira vez que um de vocês vem parar na enfermaria em menos de um mês! Alguém vai fazer o favor de me explicar o que aconteceu? E por que eu não fui oficialmente avisada sobre a situação da srta. Weasley?
Seu olhar caiu sobre Harry. Gina agora dormia tranquilamente em uma das camas, mas os últimos vinte minutos tinham sido angustiantes. Assim que saímos das vistas dos alunos, Harry passou o braço sob as pernas de Gina e a ergueu no colo. Isso pareceu dar a ruiva um pouco de fôlego e quando Madame Pomfrey irrompeu pelas portas da enfermaria, ela conseguiu balbuciar o que estava sentindo. Os olhos da diretora e da curandeira se arregalaram quando elas ouviram Gina dizer a palavra "grávida". E o círculo frouxo que formávamos ao redor da cama foi completamente ignorado durante todo o tempo em que examinaram a garota, assim como nossas perguntas angustiadas. Depois de beber uma poção transparente e viscosa em meio a caretas, a ruiva pareceu relaxar e apagou.
- Sinto muito, diretora, mas também acabamos de descobrir. - Harry respondeu. - Nossa intenção era conversar com a senhora hoje depois da aula.
- E a srta., srta. Granger? Costumo ignorar a maioria das fofocas, especialmente as que são publicadas pelo Profeta Diário, mas sou obrigada a perguntar...
- Eu? - minhas conexões neurais falharam por alguns segundos. - Não. Não. Era Gina desde o começo. Como de costume o Profeta Diário estava mal informado.
- Entendo que tenham ficado assustados com a notícia, Potter. Mas tentar manter as coisas em segredo, aparentemente, só fez piorar a situação. Ela já foi examinada por um curandeiro especializado? Tem tomado regularmente as poções de fortalecimento?
- Nós fomos até um ginecologista, um tipo de curandeiro trouxa que cuida de mulheres grávidas. - apressei-me em explicar. - Ele disse que elas estavam bem, mas que Gina não podia ficar nervosa. Só que infelizmente, os acontecimentos da manhã...
- Srta. Lovegood, por favor, peça que o professor Slughorn envie uma coruja em meu nome ao St. Mungus solicitando um curandeiro especializado. Ele saberá quem contatar para garantir descrição.
- Vou com ela! - anunciou Neville. - Não exitem em nos chamar se precisarem de qualquer coisa. Voltamos assim que for possível.
- Sei que não adianta pedir para voltarem às aulas e deixarem a srta. Weasley descansar. Mas preciso retornar e tentar enfiar alguma coisa na cabeça de seus colegas. Quero ser informada de tudo. Por mais insignificante que pareça.
***
Harry ocupava uma cadeira ao lado da cama de Gina segurando a mão esquerda dela nas dele. Draco estava apoiado no espaldar da cama logo em frente com os braços cruzados, acompanhando com o olhar meu ir e vir frenético pelo cômodo. Quando ele repetiu pela terceira vez "Fique calma. Você vai fazer um buraco no chão.", recostei-me ao lado dele. Gina parecia tranquila em seu sono, a expressão serena, os cabelos ruivos espalhados contrastando com o lençol branco, a mão direita protetoramente pousada sobre a barriga. A espera fazia eu sentir como se estivesse me afogando, minhas narinas queimavam a cada vez que eu inalava, lutando para conseguir colocar um pouco de ar nos meus pulmões. Eu nem conseguia imaginar como estava sendo para Harry.
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Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...