Um desespero bom

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Meu corpo enrijeceu. Em segundos, meus sentidos estavam todos despertos, e minha mente, totalmente alerta. O medo começou a apertar a boca do meu estômago. As lágrimas arderam no fundo dos meus olhos. Fui puxada para o espaço escuro e escondido entre a escada e a escultura de um bruxo do século 15. Levei a mão até o bolso para sacar a varinha, mas dedos envolveram meu pulso. Torci o braço desesperadamente tentando me libertar.

- Hermione, calma. Sou eu! – Parei de me debater e levantei a cabeça para encarar os olhos azul-acinzentados. Draco examinou meu rosto com atenção. – Desculpe. – ele pediu, levando uma das mãos até meu rosto e limpando as lágrimas.

- Sabe que odeio que façam isso. – acusei dando um soco no peito dele. Era para ter doído, mas ele pareceu nem notar.

- Desculpe. Mas eu precisava falar com você!

- E eu já disse que preciso ficar longe de você.

- Mas eu não quero ficar longe de você. – ele disse enquanto percorria com os dedos o caminho da corrente no meu pescoço. – Que bom que ouviu a voz da razão e decidiu usar o pingente.

- Desde quando Gina é a voz da razão? – exclamei. – Foi apenas para que ela parasse de perguntar. Não posso aceitar isso, Draco. – disse levando as mãos à nuca para abrir o fecho. Ele segurou meus pulsos a meio caminho do destino e me lançou um olhar desafiador.

- Aceite, por favor.

- E o que virá depois, se eu aceitar? Gargantilhas de brilhante? Brincos de esmeralda?

- Quando for minha mulher, sim. Por enquanto, será só este. Eu prometo... – disse com displicência - Se... aceitar ficar com ele. - completou . Bufei contrariada.

- O que quer? – perguntei, deixando no ar se aceitaria o presente ou não.

- O que foi aquilo com o cabeça de fósforo?

Seu rosto adquiriu uma expressão séria e sombria. Ele parecia querer ler a verdade através dos meus olhos, encarando-me com uma intensidade assustadora.

- Ele é um imbecil!

- Isso eu sei desde o primeiro ano. Pena que você demorou tanto tempo para perceber também. Não tenta me enrolar, Hermione.

- Não quero falar sobre isso.

- É verdade? – ele aumentou o aperto nos meus pulsos, puxando-me para mais perto.

- E se for... Mais uma razão-

- O Weasley é o pai? – ele me cortou.

Aquela pergunta fez com que eu quisesse partir Draco Malfoy ao meio, ou pelo menos, socá-lo como no terceiro ano. Infelizmente, ele estava segurando meus pulsos, então, tudo o que pude fazer foi deixar que as lágrimas que haviam se avolumado com a fúria rolassem. Essa reação foi ainda pior, pois pareceu confirmar suas conclusões erradas dele. A dor cruzou o rosto de Draco, ele trincou os dentes com força e seus olhos escureceram, perdendo o brilho. Ele soltou meus pulsos e apoiou umas das mãos na parede ao lado da minha cabeça, com a outra levou os cabelos loiros para trás de forma nervosa.

- Draco... – comecei.

Mas o que eu ia dizer? Contar a verdade seria comprometer Harry e Gina. E eu havia prometido aos dois e a mim mesma que iria protegê-la. Ele levantou o dedo em riste e abriu a boca, como se fosse dizer alguma coisa. Depois desistiu. Ao invés disso, ele colocou a mão na minha nuca e me puxando para perto, colou nossas testas e fechou os olhos. Mais uma vez, observei ele repetir silenciosamente o mesmo mantra da Torre de Astronomia. Parecia uma expressão em outra língua, mas eu não conseguia entender todas as palavras. Senti uma gota cair na minha bochecha e percebi que Draco estava chorando. Meu coração se partiu e eu arfei.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora