Essa é a graça da magia

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Com tudo o que a sexta-feira de Halloween prometia não foi surpresa nenhuma as horas terem se arrastado preguiçosamente no dia anterior. À noite, mesmo aconchegada junto a Draco na cama de dossel da Sala Precisa, confortável e segura, sono foi algo fora de questão. Estávamos muito agitados para dormir, a ansiedade era um monstro arranhando as paredes do meu estômago com suas unhas afiadas, rasgando minhas entranhas, desesperado com o que ia acontecer. Draco traçava desenhos com a ponta dos dedos nas minhas costas de forma errática. Um gesto automático e inconsciente que refletia a aflição e a impaciência represadas dentro dele.

Devo ter cochilado em algum momento durante a madrugada, porque acordei assustada quando o fogo na lareira fez a madeira estalar um pouco mais alto que o normal. Fiquei ainda mais angustiada quando percebi que Draco não estava ao meu lado. Corri os olhos pelo aposento, mas não havia sinal dele em lugar algum. Foi então que notei um pergaminho dobrado sobre o travesseiro ao meu lado.

Hermione,

Perdoe-me por sair antes de você acordar.

A espera estava me matando, então, resolvi seguir para o Instituto e encontrar minha mãe antes da... antes de vermos Lucius pela última vez.

Devo estar de volta até a hora do baile. Guarde uma dança para mim!

D.M.

McGonagall liberou todos das aulas por causa das comemorações da noite. Ninguém ia prestar atenção a qualquer coisa que os professores dissessem mesmo. Então, eu não precisava me preocupar com o horário. Dexei-me cair de volta nos travesseiros e agarrei o que estava ao meu lado, inalando o cheiro reconfortante de âmbar, sândalo, musgo de carvalho e Draco Malfoy. Fechei os olhos e uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha, molhando a fronha. Meu coração parecia comprimido. Sem espaço o suficiente para bater da forma como deveria, ele doía no peito. E eu sabia que a sensação não me deixaria até que Draco estivesse de volta. Perto de mim.

Não sei por quanto tempo fiquei ali deitada, imaginando onde estaria Draco, o que estava fazendo e, principalmente, sentindo. Até que finalmente me dei conta de que aquilo não o ajudaria, ou mudaria nada. Então, desci para procurar por Harry e Gina e me oferecer para ajudar em qualquer coisa em que pudesse ser realmente útil. A ruiva coordenava a montagem de mesas no salão principal, enquanto Harry, ela me disse, cuidava dos últimos ajustes da segurança junto aos aurores. Ajudei-a com a decoração, que incluía abóboras esculpidas e iluminadas por velas flutuando acima das nossas cabeças, uma fonte de chocolate em forma de trasgo e caldeirões transbordando doces no centro das mesas.

- Pensei em colocar duas esculturas de dementadores de guarda na porta de entrada do salão, mas acho que Harry não ia gostar da piada.

- Com certeza, não. Mas um hipogrifo deitado comendo abóboras e doninhas ou um testrálio de asas abertas certamente fariam sucesso!

- Ou quem sabe um cão de três cabeças...

- Talvez isso possa magoar o Hagrid! Sabe que ele nunca superou a partida abrupta do Fofo! Digo para deixarmos apenas metade ou até menos dos archotes acesos e colocar candelabros nas mesas de servir. E uns morcegos pairando sobre uma travessa de comida ou outra.

- Perfeito!

Exclamamos juntas após terminar o serviço. Acabamos optando por colocar o testrálio perto no palco, então, a escultura de Bicuço ficou sozinha na entrada. Mas o animal era imponente o suficiente por si só. Agora eu precisava de uma desculpa para dispensar Gina e checar os detalhes do pedido de casamento.

- Srta. Weasley, srta. Granger!

O chamado foi tão inesperado e inoportuno que num primeiro momento achei que estava imaginando coisas. Então, ela chamou de novo. Troquei um olhar exasperado com Gina antes de terminarmos de nos virar. Annie Potins estava parada na porta de entrada do salão com um sorriso no rosto, examinando cada detalhe do que acabávamos de fazer.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora