Assim que todos desapareceram de vista no jardim, Hermione desmoronou. Parecia que toda a força e energia haviam sido sugados dela. Alcancei-a antes que caísse no chão, o choro convulsionando seu corpo pequeno e delicado. Passei o braço direito por baixo de suas pernas e a ergui. Ela enterrou o rosto na curva do meu pescoço, sua respiração contra a minha pele enviando descargas elétricas pelo meu corpo. Um arrepio percorreu a minha espinha. Caminhei decidido até o castelo, não me importando com quem pudesse nos ver. Estava cansado de me esconder.
Empurrei a porta da enfermaria com o ombro e chamei pela velha curandeira. Coloquei Hermione sobre a cama mais próxima com a maior delicadeza que consegui. Meu corpo protestando ao se separar do dela. Hermione estava pálida. Até mesmo seus lábios haviam perdido a cor.
- Nã... Por... - ela tentou dizer. Fechando os dedos em volta do meu braço.
- Estou aqui! - eu disse bem perto de seu ouvido. - Vou apenas chamar Madame Pomfrey! Descanse. Estarei aqui quando acordar. - sussurrei.
Não precisei me afastar de Hermione. No mesmo instante, a bruxa surgiu de uma porta no fundo do aposento e correu até nós.
- O que aconteceu com ela sr. Malfoy? - exigiu, enquanto me empurrava de lado e começava a examinar a garota.
- Ela teve uma discussão com o babaca do Weasley no jardim e desmaiou. - disse, sentindo a bile na garganta. Minha vontade era voltar lá e matar aquele cabeça de fósforo imbecil.
- Que tipo de discussão? Houve um duelo? - ela parecia alarmada.
- Ele não viveria pra tentar. - rosnei. - Não. Acho que ela está apenas exaurida, sem forças. - completei.
- Tudo bem, vou preparar um tônico. Se puder aguardar lá fora...
- Eu não vou a lugar nenhum. - rebati com mais agressividade do que gostaria. - Quer dizer, eu gostaria muito de ficar, se puder. Por favor?! Prometo que não vou atrapalhar. - completei com a voz mais calma. A bruxa suspirou e balançou a cabeça positivamente, antes de sair em direção à porta nos fundos da enfermaria.
Sentei na beirada da cama ao lado de Hermione e tomei a não dela na minha. Eu desenhava círculos em sua palma com a ponta dos dedos. De repente, ela arfou. Olhei para seu rosto e estava lívido, assustado.
- Nada, eu não sei de nada! - ela disse em meio ao sono, e algo despencou em meu estômago. Eu já havia escutado ela gritar aquela frase antes.
Ela puxou a mão que eu segurava e agarrou os lençóis embaixo de si. Os nós de seus dedos ficaram brancos com a força que ela colocava no gesto. De repente, Hermione inalou uma grande quantidade de ar e prendeu a respiração. Afastei-me da cama aos tropeços. Quando ela gritou - um som agudo, cortante - precisei me apoiar na beirada da cama para não desmoronar. Meu coração parecia ter parado de bater.
Madame Pomfrey veio correndo do aposento anexo, com vários vidros de poção nas mãos. Ela olhou para Hermione se debatendo e gritando no colchão e de volta para mim.
- O que aconteceu? - ela exigiu saber.
- Eu... Ela começou... Eu... Não... Nada... - minha garganta parecia fechada, não havia som, muito menos ar.
Meus dedos se fecharam com mais força em volta do beiral da cama de ferro batido. Inalei com força. Nada! Foi isso o que aconteceu... NADA! Eu ouvi os gritos, eu reconheci a voz, eu desci as escadarias da mansão de três em três degraus, enquanto minha mente gritava: Não é possível! Você está enganado! Eles não são vistos à meses! Não pode ser! Eu cheguei à sala com os pulmões prestes a explodir e o coração nas mãos. Eu a vi deitada no chão, imóvel aos pés de Tia Bela e senti o sangue deixar meu rosto. Vi seu braço sangrando violentamente, sua expressão de dor e angústia. Eu caminhei trôpego e inútil em sua direção e esbarrei no sofá. Então, a nojenta da minha tia me viu e gritou para que eu ficasse onde estava... E eu fiquei. Foi isso o que eu fiz: NADA! Foi assim que eu agi, como um grande e inútil NADA. Até que o cabeça de fósforo e o cicatriz conseguiram sair do porão.
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Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...