Queria que você é quem tivesse morrido

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O corredor do terceiro andar parecia anormalmente quieto e vazio. Não havia sinal nenhum de pessoas, música, ou mesmo conversa. Ninguém que passasse por ali diria que uma festa estava acontecendo a alguns metros de distância. Eu mesma só fui acreditar que Simas e Dino não tinham nos pregado uma peça depois de atravessar a segunda porta - menor, distante cerca de vinte passos da porta principal, Sala Precisa adentro, e semi-escondida pela tapeçaria - e ser engolida pela algazarra de alunos dançando, bebendo, agarrando uns aos outros e conversando aos gritos. De alguma maneira, a sala havia se adaptado para criar não apenas um salão de festas, mas também um vestíbulo - uma ante-sala, quieta e silenciosa, onde havia apenas algumas poltronas dispostas em frente a uma lareira, da qual ninguém jamais desconfiaria.

A primeira coisa que notei foi que estava quente lá dentro. E cheio, muito cheio. Havia alunos veteranos e novatos, de todos os anos, de todas as casas, misturados e se divertindo juntos. Olhei ao redor mais uma vez, encantada, para todas aquelas pessoas. Aquilo não era uma simples festa clandestina. Simas e Dino fizeram muito mais que criar uma nova maneira de burlar as regras e quebrar a monotonia. Sorri para mim mesma, sentindo-me realmente esperançosa em relação ao futuro pela primeira vez em muito, muito tempo.

O ex-namorado de Gina se aproximou de nós e, imediatamente, entendeu o que significava o sorriso no meu rosto.

- Eu disse ao Simas que vocês iam entender se viessem e vissem.

- Isso é incrível, Dino. Todas essas pessoas... - eu não conseguia parar de sorrir.

- Eu sei! Das primeiras vezes não veio quase ninguém e os que vieram nem sequer se falavam. Demorou um pouco. Mas aí... - ele coçou a nuca, como se escolhesse as palavras. - Quer dizer, eu também não acreditava que pudesse dar certo. Não depois do que... Mas o Simas queria. Ele acreditava de verdade, sabe? E eu... Eu só não entendia.

- Não entendia? - Draco ecoou de forma a fazê-lo falar mais.

- Eu estava praticamente me afogando na dor e no sofrimento, como todo o resto de nós. Eu me sentia... quebrado. E mesmo assim, não sei exatamente quando ou como... Mas agora, todas as noites em que cruzo aquelas portas... parece que... eu consigo... consigo ter esperança.

Precisei respirar fundo para impedir que as lágrimas caíssem, apesar do sorriso imenso ainda iluminava meu rosto. Para minha surpresa, Draco bateu no ombro do rapaz a nossa frente e ofereceu a ele um sorriso sincero.

- Isso aqui, com certeza, fez diferença pra muita gente. Parabéns pela iniciativa, cara.

Dino ficou tão espantado com o cumprimento de Draco, que não conseguiu dizer nada, apenas balançou a cabeça de forma positiva e saiu. O loiro deixou o braço cair ao lado do corpo e encolheu os ombros, frustrado.

- Odeio isso.

- Algumas pessoas ainda não estão acostumadas com esse novo Draco Malfoy: simpático, agradável... - fiquei na ponta dos pés e mordisquei o lóbulo da orelha do loiro antes de sussurrar próximo ao seu ouvido. - sexy...

- Ah, por Merlin! Arranjem um quarto. - a voz de Harry soou divertida.

Literalmente pulei para longe de Draco. Afastei-me como se ele tivesse me dado um choque. A risada de Gina soou acima da música e da conversa que enchiam a sala e me virei para encará-los. Neville e Luna estavam com eles e também riam da minha cara. Meu rosto estava tão quente, que a pele das minhas bochechas ia se desprender dos músculos e começar a escorrer a qualquer momento. O sonserino passou o braço ao redor da minha cintura e me puxou para perto de novo, abraçando-me por trás, concentrando-se excessivamente no gesto.

- Nossa, não precisa ficar envergonhada assim... - Harry disse em tom de desculpas. - Era só uma brincadeira.

- Imagina se ele tivesse dito "arranjem uma sala vazia"... - Gina murmurou alto o suficiente para todos ouvirem.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora