Draco estava parado ao meu lado com a cabeça baixa e os braços ao lado do corpo, as mãos em punhos. Com a pouca distância entre nós eu conseguia sentir a tensão do corpo dele. Desde que Gina havia se pronunciado eu estava evitando olhar para ele, não sabia o que encontraria e tinha medo que em seus olhos estivessem o desapontamento e a raiva que eu imaginava.
- Draco... – chamei me virando para olhar para ele devagar. Pequenos tremores percorriam seu corpo a intervalos irregulares. Mas ele não levantou a cabeça.
- Draco...
Eu não conhecia bem a pessoa de pé ao meu lado. Eu não sabia quais eram suas reais intenções. Mas mesmo assim, a possibilidade de tê-la decepcionado acabava comigo, doía em mim como um feitiço de estuporação. Draco Malfoy parecia mudado de tantas formas, que eu simplesmente não sabia o que esperar, em nenhuma situação. Esta nova versão do sonserino: melhorada, mais madura, mais sincera e boa, havia me conquistado. Eu não podia mais negar o óbvio, nem esconder a verdade de mim mesma. Entretanto, a verdade era assustadora e imprevisível. Eu conhecia o caminho para odiá-lo, não para gostar dele.
De repente, Draco caiu de joelhos ainda com a cabeça baixa. Tomei coragem e coloquei as mãos nas laterais de seu rosto o obrigando a olhar para mim. Meu medo se transformou em algo palpável quando percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas. As íris azul-acinzentadas quase transparentes de tão claras. Mergulhei através delas tentando decifrar o que ele poderia estar pensando. A possibilidade de qualquer coisa entre nós dependia de eu conseguir encontrar respostas sobre ele. Anos de hostilidade não ficavam para trás em um piscar de olhos. Mas percebi, enquanto o encarava, estava disposta a esquecê-los.
Draco havia acabado de se expor de uma maneira que eu nunca, jamais, vi ou imaginei que ele pudesse. Ele tinha assumido a responsabilidade por uma coisa que não lhe dizia respeito, sem nem mesmo hesitar. A pessoa mais orgulhosa que um dia conheci, simplesmente abriu mão dessa parte de si mesmo. Ele estava disposto a criar uma criança que não era dele...
- Eu sinto muito. Sei que deve estar me odiando agora. Mas eu não podia.
- Você não confiou em mim. – sua voz saiu rouca.
- Não era um segredo meu para contar. Desculpe! Gina estava tão assustada, tão fragilizada, que quando começaram a tirar conclusões, deixei que pensassem o que queriam. Depois de sete anos sendo alvo das fofocas e olhares de todo um castelo a gente acaba se acostumando. Ela precisava se sentir confortável com a própria situação antes de ter que enfrentar o julgamento dos outros. Precisava, primeiro, poder contar com calma às pessoas que importam para que elas pudessem apoiá-la.
- Acostumada? Eu vi, eu senti o seu desconforto durante toda a última semana, Hermione. Não me diga que foi fácil, que não foi doloroso. Eu estava lá, apenas observando de longe como prometi que faria, mas eu estava lá. E você passou longe de ficar bem. Além do mais, não é como se isso tivesse tornado a notícia mais fácil para o papai e a mamãe Weasley.
- Molly e Arthur vão acabar aceitando e apoiando Gina. Não tenha dúvi-
- Você me fez acreditar... Eu queria assumir... – a voz dele sumiu.
- Eu sinto muito, Draco. Mas você também tirou as suas próprias conclusões. Eu nunca disse nada, realmente.
O sonserino me encarou com ainda mais intensidade. Eu havia afastado Draco todo esse tempo, havia pedido calma mais de uma vez. Eu vinha tentando esconder dos outros e de mim o que estava acontecendo entre nós. Mas eu não podia mais negar. Eu estava apaixonada por Draco Malfoy. E mesmo que ele não tivesse colocado isso em palavras para mim, eu acreditava que ele sentia o mesmo. Como disse que faria, Draco vinha me provando por meio de suas atitudes que estava tentando ser uma pessoa melhor. Eu não podia simplesmente ignorar o que havia acontecido na cozinha minutos atrás.
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Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...