O movimento de convidados nos corredores diminuía à medida que subíamos e, assim que pareceu não haver mais ninguém por perto, Draco pegou a minha mão e começou a correr. Quando paramos, eu estava rindo como uma maluca e totalmente sem fôlego. Meu joelho machucado protestava pelo esforço de galgar as escadarias em cima dos altos saltos. Mas eu o ignorei. O loiro me colocou parada de costas para a parede e pediu que eu esperasse. Então, concentrei-me em restabelecer o ritmo da minha respiração. Ele enlaçou a minha cintura e me fez dar alguns passos de costas. Achei que acabaria encostada na pedra, mas então o portal entrou no meu campo de visão e eu, finalmente, percebi onde estávamos.
Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem ao perceber que, mesmo inconscientemente, eu sabia para onde estávamos indo quando começamos a subir as escadarias do castelo. E que eu queria estar ali, naquele momento, com Draco, em nosso lugar. A respiração que eu tinha lutado tanto para controlar, agora parecia presa na garganta, tão escassa e irregular quanto as batidas do meu coração.
Draco pegou minha mão nas dele e beijou a palma, demorando-se no gesto. Depois, depositou em sua bochecha e inclinou o rosto para ela. Acariciei a pele macia com a ponta dos dedos, sentindo cada detalhe, enquanto pequenas descargas elétricas desciam pela minha mão, energizando meu corpo, colocando-o em alerta. Eu estava totalmente ciente de Draco. Tudo bem, ele estava parado bem na minha frente. Mas era mais que isso. Era a respiração dele, tão desigual quanto a minha, difícil, fazendo seu peito subir e descer de forma lenta e trabalhosa. Seu hálito fresco batendo no meu rosto, misturando-se ao meu no espaço entre nós. Era o cheiro inebriante de âmbar, sândalo e musgo de carvalho que emanava dele. A forma protetora, até um pouco possessiva, mas ao mesmo tempo suave, com que ele me segurava nos braços.
- Hermione...
A voz dele estava rouca, baixa, perigosa e parecia acariciar meu nome ao dizê-lo. O que contribuiu para aumentar o meu nervosismo, deixando a minha boca seca. Então, umedeci os lábios com a língua em puro reflexo. Foi o que bastou para deixar Draco maluco. Assisti suas íris escurecerem. Como céu se fechando para a tempestade. Ele segurou meu rosto com firmeza e atacou minha boca. Não tentei reprimir o gemido de satisfação ao sentir sua língua na minha e o som fez Draco afundar a mão em meus cabelos, puxando-me ainda mais para si. Nossas línguas brincavam uma com a outra, explorando todos os lugares, tocando uma à outra de forma sensual. Suguei o lábio inferior do sonserino e ele gemeu contra a minha boca, apertando a minha cintura.
Quando suguei de novo, segurei o lábio dele entre os dentes e depois mordi, as mãos de Draco se fecharam com força em volta de mim, levantando-me do chão. Percebi que ele havia dado alguns passos e senti a parede contra as minhas costas. As lembranças da última vez em que isso aconteceu invadiram a minha mente, trazendo com elas o desespero bom que me fazia querer Draco mais e mais. De novo, o contato não pareceu suficiente e segurei seus ombros com força, puxando-o para mim. A expectativa pelo que viria a seguir fazia meu estômago revirar, como se a revoada de borboletas multicoloridas estivesse acontecendo lá dentro, desta vez.
Não estávamos em um corredor, ninguém podia nos ver e, especialmente, nos atrapalhar. Quando ele me impulsionou para cima, tentei entrelaçar as pernas em volta de sua cintura, como da outra vez, mas o vestido longo e volumoso atrapalhou nossos planos, trazendo-o de volta a realidade.
Draco me colocou de volta no chão e riu consigo mesmo. Ele uniu nossas testas, da maneira que eu aprendi a amar, e ficou tentando respirar normalmente de novo. Aproveitei o momento para tentar controlar a ansiedade. Ou eu ia estragar tudo. Ia acabar fazendo algo errado e estragando tudo. Então, ele sussurrou:
- Sinto muito! Me desculpe...
- Por quê? – retruquei rápido demais, fazendo os cantos da boca dele se levantarem de forma travessa.
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Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...