Visão de Draco Malfoy: Você não pode controlar tudo

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"Eu mandei um Patrono, mas não podíamos esperar mais." A frase de Luna, martelava sem parar na minha cabeça, depois que eu percebi o que ela podia significar. Havia gelo no meu estômago e algodão nos meus pulmões. Nunca foi tão difícil respirar, pensar ou, simplesmente, manter a sanidade. O que havia por trás que aquelas poucas palavras, o que a loirinha não disse, era ainda mais preocupante.

Eu estava dividido entre voltar, e verificar as milhares de possibilidades que passavam pela minha cabeça, e terminar de chegar ao estádio. Minha preocupação com Neville havia desligado todo o resto e eu sequer perguntei a Luna como Hermione estava, quando deveria ter ido até ela e a segurado em meus braços e verificado cada pedacinho dela para me certificar de que estava bem.

Mas a oportunidade havia ficado para trás. Se eu desviasse meu caminho, com o estádio em chamas e o eco distante de gritos e confusão que chegava até mim, Hermione jamais me perdoaria. Eu jamais me perdoaria. O problema é que eu nunca mais conseguiria encarar a mim mesmo se alguma acontecesse com ela, com eles, enquanto eu não estivesse lá.

Forcei-me a seguir em frente, enquanto tentava sufocar a sensação desesperadora que crescia no meu peito e comprimia meu coração. A cada passo que eu dava, quanto mais eu me distanciava, ficava mais e mais difícil respirar. E, principalmente, manter minha determinação. Então, Renné surgiu apressada, pela curva do caminho, acompanhada de Andrômeda e mais de meia dúzia de crianças. E todos eles estavam cobertos de fuligem. Ela parecia estar fazendo um esforço enorme para acompanhar o ritmo dos pequenos e, de início, imaginei que era porque estava com um deles colo. Mas, ao me aproximar, percebi que o lado esquerdo de suas vestes estava totalmente destruído - a manga do casaco havia desaparecido, deixando exposto um braço enegrecido, com pedaços soltos de pele queimada pendurados aqui e ali, bolhas e feridas vermelhas.

Os olhos da garota francesa se encheram de lágrimas quando ela me encarou. A mandíbula trincada e os tremores que sacudiam seu corpo de tempos em tempos me deram uma boa ideia da dor que ela devia estar sentindo. Tomei em meus braços a garotinha que Renné bravamente carregava e pude ouvir a moça suspirar de alívio. Analisei a criança por um instante, mas ela parecia relativamente bem, apenas extremamente assustada e perdida. Por isso, me concentrei na terrível queimadura.

- O que aconteceu?

- O campo... - ela suspirou. - O estádio... tudo simplesmente... explodiu.

A sensação incômoda em meu peito se avolumou de tal maneira que foi como se meu coração tivesse parado por falta de espaço para bater.

- Havia milhares de pessoas lá. - balbuciei de forma estúpida.

A expressão no rosto de Andrômeda não contribuiu em nada para aplacar o meu desespero, pelo contrário.

- Não sei dizer a real gravidade da situação. Alguém, de alguma maneira, criou um casulo de proteção em volta de nós poucos segundos antes de tudo ir pelos ares. Depois foi apenas gritaria, confusão, fogo e muita fumaça. - a voz da velha bruxa falhou várias vezes enquanto ela falava. - Precisava... Precisava garantir a segurança das crianças primeiro... - ela completou em tom de desculpas.

- É claro que sim. - apressei-me em concordar. - Leve-as para o castelo, Luna e Hermione estão lá. Elas vão ajudá-las.

- E Mase? - Renné perguntou.

Engoli em seco. A última vez que vi o garotinho foi antes de me esconder embaixo da capa da invisibilidade para entrar no vestiário e colocar em prática o plano de Luna. Ele havia se recusado a voltar para o campo, então, decidimos que ele ficaria com a loirinha e ajudaria a levar Hermione até o castelo. Uma irresponsabilidade que, aparentemente, poderia ter salvo a vida dele. Eu não fazia ideia se havia alguma verdade por trás do que eu iria dizer, mas ainda assim...

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora