Será que valeu a pena?

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- Luna...

Consegui colocar um pouco mais de força na voz daquela vez, soar um pouco mais firme e composta do que eu realmente me sentia.

- Logo que você subiu as escadas, ele desmaiou. O ferimento nas costelas estava sangrando mais do que a gente imaginou e a notícia da... Quando Angelina contou sobre... Enfim, saber da Lily não ajudou nenhum pouco. Madame Pomfrey está cuidando dele no quarto de Narcisa.

Dei as costas para ela e voltei pelo corredor. Escutei os passos da garota loira enquanto ela me seguia.

- Ela vai te expulsar.

- Quero ver ela tentar.

Acelerei o passo e abri a porta, mas Luna segurou meu braço com firmeza e me fez girar de volta para ela.

- Hermione, ele vai ficar bem. - Ela sussurrou. - Se você deixar a mulher fazer o trabalho dela, é claro!

Nunca tinha visto a loirinha tão brava. Seu rosto estava vermelho vivo, os lábios machucados contraídos em uma linha fina e os olhos azuis ameaçadores.

- Me solta.

- Pare de agir como uma criança mimada. Não combina com você! - Ela me deu uma sacudida, no sentido literal da palavra. - Era por isso que queriam esperar para te contar, porque sabiam que você ia enlouquecer de preocupação e sair correndo atrás dele. Só que você também precisa de cuidados.

- A srta. Lovegood tem razão.

A voz de Madame Pomfrey soou firme atrás de mim e Luna permitiu que eu me virasse. Ela estava parada ao lado da cama e remexia em uma grande bandeja de prata cheia de vidros de poções, bandagens de pano e apetrechos. A bruxa tentou disfarçar, mas notei que havia várias bandagens usadas e cheias de sangue em um pote separado dos outros.

- O corte na sua testa pode infeccionar se não for tratado e a senhorita está coberta de outros hematomas. Preciso examina-

- Como ele está? - Cortei a bruxa sem nenhuma cerimônia.

- Vai sobreviver. Mas precisa descansar. Estava muito machucado e perdeu muito sangue.

A risada abafada, que encheu o quarto de repente, quase me fez cair de costas. A diferença era sutil, mas, mais que ninguém, eu sabia reconhecer, não era uma risada divertida e sim irônica. Era uma risada de desdém bem calculada. A risada de Draco.

- Obrigada pela sinceridade. - Ele troçou, ainda de olhos fechados.

O loiro se mexeu na cama e levantou o corpo, apoiando-se na cabeceira. Então as cobertas escorregaram revelando o tronco envolto em ataduras brancas e os braços cobertos de hematomas roxos. Nossos olhares se encontraram e fui brindada com um sorriso tão grande quanto o que eu mesma exibia. Mas Madame Pomfrey me segurou antes que eu pudesse correr até ele.

- Você está imunda e com feridas abertas, pode acabar contaminando o rapaz. A situação dele inspira cuidados.

Olhei para minhas mãos por um segundo e elas estavam mesmo lamentáveis. Unhas quebradas, sujeira, hematomas e pequenos cortes. Se o resto do meu corpo estivesse parecido com isso, a adjetivação tinha sido bondosa.

- Por favor, Madame Pomfrey. - Draco insistiu.

Ele se esforçou para terminar de se sentar na cama e acabou soltando um gemido de dor.

- Fique quietinho aí, sr. Malfoy. Ou vou te obrigar a tomar aquela poção para dormir. - Ela ergueu o dedo na direção dele. Depois, concentrou-se em mim. - Me deixe cuidar dos seus ferimentos, tome um banho e eu deixo vocês em paz.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora