Foi o Malfoy!

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Já passava e muito da hora marcada, meu joelho estava doendo, meus braços reclamavam, cansados de me sustentar sobre as armações de madeira. Draco ainda não tinha aparecido e um Malfoy nunca se atrasava. Então, concluí que, provavelmente, ele havia chegado antes de mim, mas se cansou de esperar. Eu não era exatamente a pessoa mais rápida no momento. E saiu para a ronda sozinho. Comecei a mancar escada acima, no que costumava ser nossa rota usual, na esperança de alcançá-lo, mas no segundo lance de escadas rumo ao terceiro andar eu já estava suando. Parei para respirar por um segundo e vi que aquilo não ia dar certo. Então, decidi que Draco Malfoy podia muito bem terminar a ronda sozinho, já que tinha decidido começar assim. Eu nem estaria nessa situação deplorável, dependendo do apoio de muletas e me sentindo uma completa inútil que não conseguia nem andar sem ajuda, se não fosse por ele. Manquei de volta para meu dormitório espumando de raiva.

Mesmo exausta após ter rodado mais de meio castelo me equilibrando nas malditas muletas, não estive nem perto de sentir sono de verdade. Não sonhava com a guerra, as mortes desde... desde que tinha dormido com Draco na Sala Precisa. Constatar aquele estranho poder do sonserino sobre mim, aquela capacidade absurda que ele tinha de me acalmar, fazer-me sentir segura, só me deixou ainda mais irritada, e, é claro, ciente do quão desconfortável eu estava naquele momento, sem ele por perto. Eu devia estar dormindo apenas 2, no máximo 3 horas de sono por noite. Os pesadelos com as paredes do castelo desmoronando sobre Fred, os corpos de Tonks e Lupin de mãos dadas, estirados no salão principal, dividiam espaço com imagens de Ronald em uma das camas do St. Mungus, repetindo coisas sem sentido, amarrado por uma camisa de força. Esse último sonho, em especial, me fez desistir de subir para o dormitório e me instalar em uma das poltronas em frente à lareira durante a longa madrugada.

Quando os primeiros raios de sol entraram pela janela da torre, eu sabia que devia estar mais parecida com a Murta que Geme do que com Hermione Granger. Meu corpo reclamou com estalos altos ao ser obrigado a deixar sua posição encolhida no sofá. Suspirei derrotada e decidi que apesar de ainda ser praticamente madrugada, era hora de acordar Gina e me trocar.

- Srta. Granger. - com o susto, derrubei o livro que tinha nas mãos em cima do meu pé direito, o da perna que ainda funcionava. Obriguei o gemido de dor a fazer o caminho de volta pela minha garganta, antes que escapasse por entre os meus dentes trincados. Mas deixei o livro no chão, onde parou após quicar algumas vezes pelo piso de pedra. Nada de bom poderia levá-la até ali aquela hora da manhã. Por isso, tentei parecer o mais sonolenta possível quando me virei para encarar Minerva McGonagall, parada logo após o buraco na parede, atrás do quadro da mulher gorda. - Que bom que já está acordada. A srta. divide o dormitório não a srta. Patil não é mesmo? Pode chamá-la para mim, por favor?

Não acredito que a bruxa tenha realmente reparado em mim, ou no meu péssimo estado. A urgência em sua voz e a expressão assustada que empalidecia seu rosto não eram típicos dela. Não combinavam com seu porte elegante, mas ao mesmo tempo ameaçador. Com sua segurança inabalável. Então, balancei a cabeça de forma positiva e manquei escada acima o mais rápido que pude para fazer o que ela me pediu. Meu cérebro trabalhava o mais furiosamente - após uma noite de completa privação de sono - nas possibilidades. Parvati desceu ainda de pijamas com Gina e eu em seus calcanhares. A diretora não pediu que nos retirássemos, e também não fez cerimônia para dizer o que aconteceu. Como a própria McGonagall afirmou uma vez, sempre que alguma coisa acontecia em Hogwarts Harry, Ronald e eu estávamos envolvidos. Mas não era o caso, não desta vez.

Apesar das semelhanças, eu sabia exatamente o que, ou quem, tinha acontecido à Ronald. Já Padma foi encontrada desacordada, por Filtch, em um dos corredores do terceiro andar, durante as primeiras horas da madrugada. Só que ao contrário do meu amigo ruivo, Madame Pomfrey já havia tentado várias poções e feitiços, mas a gêmea não reagia a nada. Não era possível dizer nem mesmo se ela tinha desmaiado sozinha ou sido atacada. "É como se estivesse presa em um sono profundo, uma espécie de coma", Minerva explicou.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora