Crucio

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Senti que era colocada em um lugar macio, mas não tive vontade suficiente para abrir os olhos. Draco começou a se afastar de mim e eu usei toda a força que me restava para segurá-lo ali comigo. Coloquei os dedos em volta de seu braço e tentei falar...

– Nã... Por... – o problema é que por maior que fosse a minha vontade, meu corpo não me obedecia, minha voz não saia. Eu me sentia extremamente cansada e tentar falar consumia todo o ar dos meus pulmões, exigindo um esforço que eu não tinha condições de fazer.

– Estou aqui! – ele disse bem perto do meu ouvido. - Vou apenas chamar Madame Pomfrey! Descanse. Estarei aqui quando acordar. – sussurrou.

Não resisti mais e o deixei ir, entregando-me à escuridão à minha volta...

Abri os olhos rapidamente, censurando-me por ter entregado os pontos. As coisas deveriam estar pegando fogo, a fofoca rolando solta, depois da briga no jardim. Eu precisava encontrar Harry e Gina. Precisava conversar com eles, saber como estavam, como estava Ronald, se o que havíamos dito tinha feito alguma diferença.

Mas quando me acostumei com a claridade percebi que não estava na enfermaria, e sim, em uma sala com paredes e teto de mármore negro trabalhado. Só então me dei conta de como o lugar em que eu estava deitada era duro e constatei, chocada, que estava deitada no chão.

Tentei me mexer e, apesar de nada físico estar me segurando no lugar, eu simplesmente não consegui. Olhei em volta com mais atenção, analisando a tapeçaria verde e dourada em uma das paredes, o que parecia ser um sofá de couro negro à minha direita... e mesmo sem conseguir enxergar muito longe, reconheci o lugar. Ele estava nos meus piores pesadelos.

Respirei fundo algumas vezes para tentar acalmar o desespero que começava a gritar dentro de mim. De novo não! De novo não! Meu estômago revirou, minha cabeça rodou e, se não estivesse deitada, eu teria caído. Aquela era a sala de estar da mansão Malfoy. Exatamente como eu me lembrava dela, com todos os detalhes assustadores e sombrios.

Como se as coisas não pudessem ficar piores, ouvi passos à minha esquerda e, então, a voz...

– Vamos ver o que você sabe, sangue-ruim. – ela trinou.

O sangue congelou em minhas veias. Não é possível... eu a vi morrer!, pensei desesperada. Então, meus braços foram erguidos acima da minha cabeça, e uma cabeleira negra e desgrenhada apareceu no meu limitado campo de visão – Belatrix.

Ela segurou meu queixo com uma das mãos, que estava gelada e áspera, enquanto mantinha a varinha encostada ao meu pescoço com a outra, e me fez encarar aqueles olhos loucos.

– O que mais vocês pegaram? – ela exigiu saber.

– Nada, eu não sei de nada. – respondi rápido demais.

– Mentira! Você está mentindo sangue-ruim. – ela cuspiu. – Mas fazer você contar vai ser bem mais divertido. – ela riu, deliciando-se com aquilo. E o amor e a esperança pareceram se esvair de dentro de mim.

A varinha foi retirada do meu pescoço, mas não tive tempo de respirar aliviada. Logo, senti a ponta da madeira pressionar em meu antebraço.

Respirei fundo, decidida a não emitir qualquer tipo de som. Mas eu não imaginava que a dor seria tão intensa. A carne do meu braço parecia estar sendo rasgada por um ferro em brasa. Tentei me debater, lutar, fugir, mas meu corpo estava totalmente inerte, preso. Então, quando parecia que a dor ia me fazer explodir, gritei.

– Crucio – ela riu. E o ar foi arrancado dos meus pulmões. Senti como se todos os ossos do meu corpo estivessem sendo quebrados um a um. Uma dor de cabeça aguda surgiu do nada e foi se intensificando, me deixando perdida, sem sentidos. Comecei a ouvir um choro triste. "Hermione", a voz da minha mãe chamava desesperada, entrecortada pelos soluços.

Side Effect (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora