Eu sentei entre as raízes do velho carvalho, aconchegando-me e abri o livro. Não sabia se Potins iria demorar, mas também não me importava. Não estava com vontade de comer, o que tornava a ida até o Salão Principal para o café totalmente dispensável. Tentei me concentrar no livro, mas a lembrança de Draco no dia anterior, na Torre, invadia a minha mente. Seus olhos azul-acinzentados me fitando cheios de dor e tristeza. Eu não vou desistir de você, Hermione Granger. Você vai ser minha! Escreva as minhas palavras!. Eu não queria acreditar que ele levaria aquela declaração a sério, mas ele era um sonserino. E sonserinos não costumavam desistir das coisas com facilidade. Fechei o livro resignada. Era inútil continuar tentando ler. Precisava me distrair com outra coisa. Quase como que atendendo ao meu pedido uma pequena flor roxa caiu suavemente sobre a capa do livro fechado. Estiquei o dedo para tocar suas pétalas macias e antes que eu encostasse nela, ela se transformou em uma borboleta da mesma cor e saiu voando. Segui seu percurso até o topo da árvore a tempo de ver que uma chuva de flores coloridas havia começado acima da minha cabeça. Assim que tocavam o chão, elas se transformavam, da mesma forma que a primeira. E me vi no meio de uma revoada de borboletas multicoloridas. Foi impossível não sorrir. O espetáculo durou cerca de um minuto ou dois. A última borboleta demorou-se na ponta do meu dedo indicador antes de atravessar o jardim até uma árvore próxima e pousar nas costas da mão de... Draco! Que me observava com os braços cruzados sobre o peito e um dos pés apoiados no tronco. Um sorriso de satisfação brincando em seus lábios.
- Srta. Granger? - virei-me a contragosto para a voz irritante que me chamava. Poucos metros à minha direita estava Annie Potins.
- Bom dia, srta. Potins. - cumprimentei sem vontade. Seus olhos esquadrinhavam o jardim à minha frente, procurando por alguma coisa. Ou alguém. Mas ele não estava mais lá.
- Espero não tê-la feito esperar por muito tempo. - balancei a cabeça negativamente e forcei um sorriso. Melhor que não tivesse chegado nunca!
Ela me pediu para fingir que este era um dia como qualquer outro. Abrir o livro, fingir ler. O quer que eu fizesse quando estava no jardim. E foi o que fiz.
- Conversei com Gina Weasley e ela comentou alguma coisa sobre um baile beneficente para arrecadar fundos para o Instituto Lílian Potter... - ela jogou a isca.
- Ainda não inauguramos oficialmente, as reformas na mansão Black ainda não acabaram. Mas avisaremos a toda a imprensa, não se preocupe.
- Ah, eu gostaria de abordar um pouco mais este assunto. Talvez fazer uma matéria especial. É um gesto tão bonito. De quem foi a ideia? - notei, com surpresa, que ela parecia realmente interessada no que eu tinha a dizer, pela primeira vez.
- Bem, do Harry. É claro! - não pude deixar de sorrir. - Bem, começando do início... Andrômeda Tonks começou a acolher crianças que não tinham para onde ir, que haviam perdido os pais, irmãos, ainda durante a guerra. Quando Harry descobriu, bem, ele sabe o que é crescer sozinho, e queria que com essas crianças fosse diferente. É ele quem está patrocinando a maior parte, quem doou a casa. E está pagando a reforma. Mas muitas outras pessoas querem ajudar também, por isso o baile. Mas vai ter que falar com ele para mais detalhes. - completei.
- Ah, eu vou sim. - ela disse feliz. - Muito obrigada srta. Granger. Também quero fazer uma foto de grupo, com todos os entrevistados juntos... Eu aviso o horário e o local.
- Tudo bem. Com licença, mas preciso ir para a aula. - Potins assentiu e eu saí caminhando em direção ao castelo.
Agradeci silenciosamente o lugar que Simas guardou para mim, quando entrei na sala segundos antes de Minerva. A bruxa começou a explicar como procederíamos durante a aula e o conteúdo surgiu no quadro negro. Mas eu não estava prestando muita atenção, as perguntas de Potins sobre o Instituto haviam me dado uma idéia e eu precisava compartilhá-la com Gina. Felizmente, ela estava bem na minha frente. Peguei uma pena e um pedaço de pergaminho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...