Apressei-me e me sentei na poltrona florida, o que não permitia ao sonserino sentar-se ao meu lado. Ele deslizou para o braço do móvel assim como tinha feito mais cedo. Harry nos encarou confuso e eu rapidamente tentei começar uma conversa e desviar a atenção.
- Então, como foi?
- Basicamente, eles ficaram tão confusos com tudo o que aconteceu na cozinha que nos deixaram falar sem interrupções.
- Harry também não deu tempo para isso. Emendou uma coisa na outra contando sobre a casa em , o emprego que Kingsley ofereceu no Departamento de Aurores.
- E não é como se eu não tivesse recursos para nos manter até o fim da escola. - o garoto de olhos verdes completou com simplicidade.
- Bem, no final das contas papai disse: "É do Harry que estamos falando". E então, mamãe pareceu aceitar.
Draco soltou um tipo de riso abafado. Revirei os olhos e o encarei. Será que algumas coisas não iam mudar nunca?
- Qual o problema, Malfoy? Eu sempre fiz por merecer a confiança que as pessoas depositam em mim. - o loiro pareceu fisicamente atingido. - Pode ter convencido Hermione da sua mudança de caráter e ajudei a livrar a sua cara naquele julgamento porque quero acreditar que está tentando ser diferente, mas ainda precisa se esforçar muito se quiser me convencer de verdade.
- Eu não pedi sua ajuda no julgamento, Potter! E mesmo assim lhe agradeci por isso.
- Eu sei. Fizemos pela mesma razão que o levou a defender Hermione na cozinha e dizer tudo aquilo. Porque acreditávamos que era o certo, porque não queríamos ver nenhuma injustiça.
Por essa, nem eu esperava. O tom duro tinha deixado a voz de Harry, agora só havia reconhecimento e até uma certa camaradagem.
- Por falar nisso. O que foi aquilo na cozinha? - Gina perguntou, inquieta ao lado de Harry.
Draco levantou as sobrancelhas para mim, esperando pela resposta. Como eu ia explicar que estávamos namorando? Como eu ia dizer a Harry que a pessoa que tentou matá-lo, tentou matar Dumbledore, cuja tia matou Sirius, era meu namorado? Por outro lado, Harry havia deixado claro que queria dar uma chance a Draco, que ele não era mais seu inimigo. O sangue pulsava alto em meus ouvidos, meu coração espancava meu peito. Eu não tinha vergonha de Draco, mas eu tinha medo da reação dos meus amigos.
- Temos que mandar uma coruja para Andrômeda! - desviei do assunto. - Ou não teremos tempo hábil para trazer as crianças ainda esse fim de semana.
Funcionou exatamente como eu imaginei. O restante do sábado e todo o domingo foram gastos em viagens por Chave de Portal, arrumações e brincadeiras com as crianças. Gina era a mais empolgada e a surpreendi em vários momentos sonhando acordada, enquanto admirava o que os pequenos faziam, com certeza, imaginando seu próprio bebê ali. Ted mudava de aparência de acordo com seu humor, que também era imprevisível. E isso significava diversão garantida para todos, especialmente as crianças. Quando ele estava calmo e feliz, seus cabelos eram azul piscina e ele era capaz de controlar as mudanças. Quando ficava bravo, seus cabelos escureciam, ficando vermelho sangue e o nariz iniciava uma sequência de mutações, que incluíam desde um focinho de porco, até desaparecer completamente do rosto.
Andrômeda parecia realmente feliz, pela primeira vez desde antes da guerra. Ela não se cansava de contar a todos, cheia de orgulho, as pequenas conquistas de seus "filhos", fosse a primeira palavra ou o aniversário de uma semana sem fazer xixi na cama. Os meninos ficaram com os quartos do terceiro andar e as meninas do segundo. Narcisa não era o ser mais contente do universo com o que estava fazendo, mas era mãe e sabia o que e como fazer. E tenho certeza que vi um ou dois sorrisos sinceros brotarem de seus lábios quando o trabalho envolvia diretamente as crianças. Entretanto, mesmo com toda a experiência e os esforços combinados das duas, não era suficiente. De cara ficou óbvio que precisaríamos contratar mais alguém para ajudar.
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Side Effect (Dramione)
Fanfiction[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela pele branca ficaria gravada para sempre na minha memória. Assim como as palavras que vieram depois: Não importa. Eu serei o pai dessa criança...