Corte de Estrelas e Luz Solar

Capítulo 4

Os cinco ficaram em silêncio por um tempo, meio sem saber como agir, até que Odrik disse.

— Eu vou até lá falar com ele. — E saiu atrás de Finn.

Os outros machos concordaram e pareceram relaxar, o que fez Sky erguer uma sobrancelha. Foi Marcus que explicou.

— Odrik é o melhor de nós com as palavras. Ele é gentil como mais ninguém que eu conheço consegue ser. — Encolhendo os ombros ele fez um arco com o braço e o ofereceu a Sky, agora sorrindo de novo. — Garanto que seu amigo vai ficar bem. Agora vamos para um lugar mais confortável. — E balançou as sobrancelhas sugestivamente.

Embora ainda estivesse preocupada, ela acabou rindo. Pegando o braço dele, disse.

— É claro, foi justamente para isso que eu vim. — E depois de uma pausa dramática, concluiu. — Mostre-me sua arena de treino.

Isso fez com que ele e Jaha rissem e Armand revirasse de leve os olhos.

Caminhando com passos tranquilos, Odrik seguia o rastro que o cheiro do macho havia deixado. Seus prnsamentos estavam em seu amigo Aaron. Respirando fundo, sentiu o peito se apertar ao dar-se conta de que suas esperanças de que ele estivesse se curando eram vãs. O coração do ruivo continuava tão retorcido quanto no dia que eles o encontraram.

Por um breve monento permitiu-se relembrar do corpo pálido atado à cama, nú e untado com óleo. Seu estômago se revirou e ele afastou as lembranças tenebrozas. Todos eles tinham histórias terriveis e eram ligados tanto pela capacidade de escapar delas quanto pelo desejo de salvar outros condenados ao mesmo destino.

E havia também o laço que foi atado, os fazendo mais próximos que família: todos haviam sido salvos por um mesmo homem. O mesmo jovem destemido disposto a sacrificar a própria vida para salvar aqueles que precisassem. Era por ele que cada um dos quatro membros da Vanguarda Luminífera carregava em suas costas a prova de que sobreviveu aos horrores aos quais tiveram que passar.

Pensou na paisagem tatuada em suas costas: um campo nevado com um lado congelado no meio. Pensou em cada rachadura ricamente detalhada em suas costas, fazendo parecer que o lago realmente esta prestes a se romper.

O cheiro o levou para fora da área populada da cidade, e entrando por uma trilha, Odrik viu as copas das árvores ficarem mais densas e o caminho ficar mais escuro conforme ele se aprofundava no bosque. Sabia que aquela trilha levava a um riacho, e gostou que o rapaz tivesse ido para lá. Era uma paisagem bonita e tranquila, ideal para esfriar a cabeça.

Porém ele não esperava encontrar uma besta semicurvada em duas pernas, respirando pesadamente enquanto olhava a água. Era alta e tinho o corpo mais ou menos parecido com o de um homem, porém no lugar das mãos havia patas de felino com enormes garras encurvadas. Pelos rajados de preto, cinza e branco brotavm do cotovelo para baixo, embora desse para distinguir os músculos rijos e tensionados do homem por baixo deles. De onde estava, Odrik percebi as pontas dos chifres aparecendo, e quando Finn se virou até mesmo ele sendo um guerreiro bem treinado e experiente não conseguiu conter seu reflexo de dar um passo atrás. Na boca do outro haviam crescido presas imensas que saltavam para fora, os olhos estavam negros e as púpilas eram fendas amarelas. A respiração soava quase como um leve rosnar. Os dois se encararam por um tempo até que as feições do jovem foram lentamente voltando ao normal. Foi um processo fascinante, e o guerreiro não desviou os olhos nem uma vez.

— Eu vim ver como você estava. — Odrik por fim disse, quando cansou de ficar olhando nos olhos castanhos de Finn em silêncio.

— Perfeitamente bem, obrigado. — Este respondeu numa voz raza que não deixava transparecer o turbilhão que realmente estava por dentro.