Capítulo 20

721 66 27
                                    

A claridade repentina depois da escuridão do acampamento machucou um pouco os olhos de Sky, fazendo-a franzir a testa. Ao olhar em volta, constatou que estavam de volta à casa da Vanguarda. Mal se deu conta disso antes de quase ser derrubada no chão quando braços finos, porém fortes, enlaçaram seu pescoço.

— Você as trouxe de volta! — Callisto exclamou entre lágrimas.

Olhando por cima do ombro - e entre as asas da amiga - Skylar viu as outras três paradas meio sem jeito no meio da sala. Todas estavam limpas e trocadas, com curativos e parecendo meio abatidas, mas melhores do que mais cedo.

— Precisamos levá-las para cima! Se não forem tratadas logo… — A voz de Jaha as trouxe de volta à realidade.

Finn e Marcus correram para as escadas, enquanto Odrik saía para provavelmente buscar os curandeiros.

Apesar da exaustão, a guerreira fez um esforço e seguiu os dois amigos para cima. Mas cambaleou um pouco e teria caído se Armand não estivesse ao seu lado e a amparado.

— Você também precisa de cuidados e de descanso. — Ele disse baixinho, segurando-a pela cintura e a apoiando enquanto subiam lado a lado.

— Eu vou. Depois de me certificar que elas estejam bem. — A jovem disse baixinho.

O toque dele era reconfortante, e por um momento só o que desejou foi se aninhar naqueles braços, talvez chorar e expelir com as lágrimas aquela amargura que sentia por dentro e então dormir por alguns dias a fio. Mas não podia.

— Como esta a sua perna?

Sentiu quando ele deu de ombros.

— Nada demais. Provavelmente dei mau jeito, mas a dor já esta passando.

Ela apenas balançou a cabeça e então olhou para dentro do quarto no qual pararam na porta. Duas camas largas ocupavam os lados opostos do aposento, e cada uma das guerreiras estavam deitadas de bruços nelas. O estômago de Sky se embrulhou um pouco ao ver a forma pouco natural que as asas de Mena se dobravam. Já Leda parecia ter sofrido um forte golpe na cabeça, um corte feio parecendo meio infeccionado em sua têmpora. As duas estavam sujas e magras demais. Os cabelos loiros de Leda estavam encebados e cheios de nós. O odio ardeu em seu peito, fazendo-a ficar mais desperta. Afastou-se de seu parceiro e entrou.

Tocando de leve na testa de Leda, sentiu o suor que impregnava sua pele quente demais, sem dúvida por causa da ferida supurada. Foi até Mena e repetiu o gesto, ficando alarmada ao sentir a frieza que ela emanava. Ergueu a cabeça para pedir que se apressassem em trazer um curandeiro, mas não precisou. Uma mulher séria, com a pele cor de canela e os cabelos curtos entrou com um rapaz a acompanhando. Olhando as duas, indicou que o jovem fosse tratar de Leda enquanto vinha para Mena.

O quarto estava quieto enquanto todos aguardavam o veredicto. Por fim a mulher olhou para Sky de cenho franzido.

— Ela esta em estado de choque. Não há ferimentos internos, porém as diversas fraturas nas asas causaram dor suficiente para ela simplesmente… ir para outro lugar.

Respirando fundo, a jovem concordou com a cabeça.

— E tem como curá-la?

A curandeira apertou os lábios com força e ficou em silêncio, decidindo como responder. Quando ela falou, foi num tom agourento.

— Sim e não. Veja, a questão é que o processo de autocura foi concluído de forma incorreta. Eu posso ajudá-la a voltar, mas as asas… Eu só posso curá-la se refizer as fraturas. E se isso for feito no estado enfraquecido em que ela se encontra… ela não vai resistir passar por toda aquela dor de novo.

Corte de Estrelas e Luz SolarOnde histórias criam vida. Descubra agora