Corte de Estrelas e Luz Solar

Capítulo 18

Skylar não teve forças para ir encontrar com Finn e Pan. Um sentimento de vazio e mágoa fazia seu peito arder, e ela sabia bem demais qual era a fonte dele para sequer cogitar fingir animação com o que quer que fosse.

Estava arrependida e se sentindo um monte de merda pelo que havia dito para Armand. É claro que não havia sido só diversão. O sentimento que ela desenvolveu por ele era forte e real. Amava-o. Simples assim ele havia se tornado sua vida. E se ela fosse sincera, saberia que isso tinha pouco a ver com o laço de parceria.

Em seu quarto, olhou as paredes brancas e a decoração suave e de bom gosto. Queria estar com ele. Mas sequer sabia como chegar até sua casa, e não se atrevia a tentar atravessar. Mordeu o lábio, tentando decidir o que fazer. Acabou por se levantar quase num pulo e saiu do quarto, disparando pelos corredores para fora da mansão.

Antes de chegar às portas encontrou com Finn e Pan de mãos dadas. Quase fez uma careta, mas conseguiu se conter. Viu que a prima fazia mensão de falar, então apenas ergueu uma mão e acenou, sem diminuiur o ritmo.

Do lado de fora tomou fôlego para se acalmar com o ar frio da noite. Um segundo, dois, três, e então ela partiu em direção à casa da Vanguarda. Algumas pessoas paravam na rua para observá-la correndo, mas ela se forçava a sorrir e acenar para deixar claro que tudo estava bem.

Alguns minutos depois ela praticamente esmurrava a porta da bela casa. Poucos instantes se passaram e esta foi aberta, e sem olhar para cima ou esperar convite Sky entrou.

— Eu preciso que um de vocês me ensine a ir até a casa do Armand.

Na sala, Jaha estava esparramado no sofá, que parecia pequeno graças à sua constituição avantajada. Marcus lia um livro sentado no tapete e Aaron ainda estava ao lado da porta. Ele cruzou os braços e a olhou de cima a baixo. Seus longos cabelos ruivos estavam presos no alto da cabeça num coque bagunçado e masculino. Deslumbrante, Sky pensou consigo mesma de novo. Porém já não havia nenhum apelo para ela. Era como admirar um quadro ou um vaso.

— E pra que você quer ir  lá? Para atormentá-lo um pouco mais? — O ruivo disse num tom mordaz e cortante.

A jovem ergue a cabeça e se obrigou a não se encolher, pois sabia que merecia aquelas palavras, aquele ataque.

— Irmão, nós concordamos em não interferir ainda mais do que já fizemos. — Jaha disse sério, ao se sentar. Ele olhou para a moça brevemente, mas logo desviou os olhos. Não havia nenhum calor naquele gesto.

Oh não, oh não! Sky quase gemeu de desgosto, sentindo os olhos arderem. Não havia se dado conta do quanto já gostava daquele urso castanho e gentil até perceber que provavelmente havia perdido sua amizade. Seus olhos buscaram os de Marcus, que a encarava também sério, porém mais avaliador. Ela não sabia o que ele havia visto, mas o guerreiro se levantou.

— Vamos até lá fora conversar um pouco, e então depois decidimos o que fazer. — Seu tom foi baixo. Ela nunca o havia visto tão sério antes.

Sky queria protestar, dizer que não estava interessada em conversar, apenas ir até Armand de uma vez e tentar achar uma forma de se desculpar por algo indesculpável. Mas notou que aquela poderia ser a única forma de conseguir encontrar seu parceiro e concordou com a cabeça, saindo na frente. Ignorou Aaron, que a encarava de testa franzida parecendo um falcão.

O som dos passos de Marcus no cascalho lhe informou que ele já estava acompanhando-a. Apesar disso o silêncio se arrastou até quase fazê-la gritar de frustração.

— Eu tive uma parceira uma vez. E a matei. — O guerreiro disse quietamente.

Skylar ficou tão aturdida que estacou, olhando para ele de olhos arregalados. Um sorriso triste agora pintava aqueles belos lábios de sorrisos largos e fáceis.