Corte de Estrelas e Luz Solar

Capítulo 12

Skylar se pôs de pé devagar, os olhos não deixando os dele. Praguejou internamente por não estar carregando nenhuma arma, porém se certificou de deixar o rosto vazio de qualquer emoção.

— É melhor você ir, Tove. Eu realmente não estou querendo problemas. — Seu tom de voz saiu bem razoável.

Ele riu debochadamente.

— Eu sempre soube que no fundo você é uma covarde. Que prazeroso ver isso confirmado.

A jovem se segurou para não revirar os olhos.

— Veja, sua vó não vai ficar satisfeita se nós brigarmos. Problemas com duas cortes. Meu pai certamente não gostará. — Uma ameaça sutil, mas que pareceu surtir efeito, já que Tove estreitou os olhos.

— Ah, mas ninguém vai ficar sabendo, vai? Estamos só os dois, e nós sabemos que cordeirinha boazinha você é. — Ele deu um passo mais para perto, e ela tentou dar um passo atrás, mas seu calcanhar bateu no tronco da árvore. Merda.

— Acredite em mim, se você me der motivos eu vou acabar com você. — O tom de voz foi assustador, e por um instante pareceu que ele ia hesitar, mas o sorriso ficou mais largo, como o esgar de um lobo prestes a cair sobre a presa.

— Ah, não faça ameaças vazias. Se você fosse fazer algo, já teria feito. Eu esperei por semanas que aquele seu amante bestial viesse atrás de mim, ou seu querido papai, ou a vagabunda humana da sua mãe. Nada. Talvez… — Ele parou e riu, os olhos percorrendo o corpo dela devagar. Ela quase estremeceu, quase vomitou de nojo pela intensão clara ali. — Talvez se seu bichinho de estimação não tivesse interrompido você tivesse gostado do que eu ia fazer.

As mãos de Sky se fecharam em punhos, o odio correndo como ácido por suas veias com as ofensas à sua família. Abriu a boca para responder, porém outra voz falou.

— Eu estava mesmo me perguntando se você seria estúpido o suficiente para tentar atormentá-la aqui.

Armand apareceu na trilha, tendo surgido de uma curva fechada, motivo pelo qual nenhum dos dois percebeu sua aproximação. O peito de Skylar subia e descia, e seu coração batia desembalado, porém o mais profundo alívio a tomou quando olhou aqueles olhos pretos. Ele a estava observando muito sério, registrando como estava recostada contra a árvore, procurando por algum ferimento. Quando pareceu satisfeito, voltou a olhar para Tove. Uma espada longa e fina havia aparecido em uma das mãos do outro.

— Ora, ora. Parece que você arranjou outro pau para abrir as pernas na minha  ausência. — O ruivo disse, olhando Armand com desdém. Ergueu a espada e apontou para ele, num claro desafio. — Eu sempre quis apagar do seu rosto essa expressão de superioridade. Pegue uma espada e vamos resolver isso. O vencedor fica com a boceta e a boquinha aveludada dela, que tal?

Tove Vanserra estava parado ao lado de uma árvore… e então não estava mais. Num movimento ofuscante - literalmente, pela luminosidade fraca que agora irradiava - Armand chegou até ele, e com a palma aberta bateu em seu peito, o fazendo voar uns bons três metros para trás.

— Eu sempre odiei esse seu linguajar. — A voz de Armand estava muito suave, a respiração calma. Não dava pra desconfiar que ele havia acabado de dar um golpe como aquele.

Com um olhar de ódio, Tove lançou uma lança toda de fogo contra ele, mas as chamas resvalaram num escudo de ar, dispersando-se dos dois lados de seu corpo.

— Quando se esta na presença de uma dama, deve-se ter educação. — Armand continuou falando, aproximando-se de Tove.

Este já havia se levantado, e agora começava a desferir golpes crueis com a espada. Mas Armand conseguia desviar de todos com facilidade, como se estivesse numa dança. Com a lateral de uma das mãos ele desferiu mais um golpe, agora contra o pulso do braço da espada de Tove.