all or nothing

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Karol havia terminado de arrumar as malas e estava jogada na cama, assistindo Enrolados e comendo qualquer que fosse a porcaria só pra se distrair e esperar a hora pra ir ao aeroporto. Estava decidida e Lana, por mais que houvesse tentado, não tinha conseguido fazer com que ela mudasse de ideia. Lana já havia mandado seis mensagens pra Christopher desde que chegou no quarto e encontrou a situação catastrófica como estava, mas ele não tinha respondido nenhuma até o presente momento e ela já estava vermelha de tanta raiva. Onde diabos esse garoto tinha se metido? Mandou uma pra Zabdiel falando que precisava falar com ele urgente e desistiu de qualquer comunicação com um dos dois. Nenhum deles havia dado sinal de vida. Meio segundo depois de pensar o quanto queria matar Christopher e Zabdiel, o celular vibrou avisando duas mensagens de texto: finalmente, pensou.
Mais alguns minutos e alguém estava batendo na porta. Karol nem se mexeu, fingiu que não estava ouvindo e concentrada no que assistia e em fugir dos problemas atuais talvez não tenha ouvido mesmo.
Lana se levantou indo até a porta e quando entreabriu e percebeu que era Zabdiel, saiu do quarto fechando a porta atrás de si.
- O mundo acabando e vocês, bando de idiotas, resolvem sumir? - Perguntou em um tom baixo, quase num cochicho com medo que Karol ouvisse.
- Bom... Só tem eu aqui, Lana. - Zabdiel respondeu. Lana revirou os olhos.
- Você entendeu a quem eu me refiro. Onde diabos vocês estavam?
- Trabalhando. - Falou calmamente e Lana acentiu com um "ok". - Me diz o que tá acontecendo porque Karoline não me atende desde ontem e pelas suas mensagens alguém deve ter morrido.
- Morrer, não morreu. Por enquanto. - Lana cruzou os braços na altura do peito cemicerrando os olhos. - Porque ou você resolve essa palhaçada ou eu mesmo te mato, Zabdiel.
- Que? Me conta ao menos o que tá acontecendo.
- Tenho uma palavra pra você entender: Gwen. - Zabdiel engoliu seco, passando a mão na nuca em sinal de nervosismo e Lana riu irônica. - Você tá fodido Zabdiel de Jesus. Eu não queria ser você.
- Nem eu.
- Entra lá e resolve. - Lana abriu a porta do quarto empurrando Zabdiel para dentro e a fechando. Respirou fundo e foi em direção ao elevador. Poderia ficar ali pra escutar a conversa, tinha esse direito. Mas, seria uma melhor amiga legal agora.

Karol ouviu passos no quarto e sabia muito bem de quem se tratava mas preferiu fingir que não, continuou com os olhos fixos na tv. Zabdiel se aproximou, com as mãos nos bolsos, com o olhar fixo nela. Não sabia o que dizer mas teria que tentar.
- Oi... - Tentou iniciar uma conversa, em vão, já que Karol permanecia olhando a tv sem pretensão alguma de olhar pra ele. - Karol, eu sei que... que você deve ter visto algo sobre mim e Gwen e...
- E o que, Zabdiel? - Olhou pra ele pela primeira vez e se Zabdiel pudesse pedir algo, pediria que ela não tivesse feito porque seus olhos só mostravam decepção.
- Eu posso explicar. - Ele falou baixo e Karol riu. Riu alto.
- Vocês sempre podem. A desculpa é sempre essa.
- Mas eu posso! Eu não sei o que você soube mas...
- Eu vi vocês dois. Juntos. Abraçados. - Karol se levantou da cama indo até Zabdiel. - Eu sei que não tínhamos nada sério, eu não sou uma idiota iludida, mas eu acreditei em você! Eu acreditei em tudo o que você vem me falando.
- Eu só tenho te falado a verdade. - Zabdiel passou as mãos pelo rosto e em seguida tentou segurar as mãos de Karol que se afastou de imediato.
- Se essa é a sua verdade, me desculpe, mas você e Gwen se merecem. - Karol cruzou os braços como se quisesse se proteger e Zabdiel ficou atônito. Não esperava aquelas palavras vindas dela.
- Você não pode estar falando sério. - Falou magoado, negando com a cabeça. - Eu vim que nem doido da coletiva pra poder te falar a verdade, pra você saber por mim o que aconteceu. - Ele falou sério. - Mas quer saber, Karoline? Talvez não tenha sido uma boa ideia. Não vale a pena. Você já deixou claro. - Karol afirmou e Zabdiel se virou pra ir embora.
- Pode ficar tranquilo. Tô voltando pro Brasil e você pode ficar feliz com a namoradinha. - Karol falou segurando as lágrimas que teimavam em querer cair. Zabdiel virou metade do corpo só pra olhar pra ela, a olhando em um misto de raiva e decepção. Engoliu o que queria falar. E saiu batendo a porta com toda a força que conseguiu.

[...]

Lana estava sentada com a cabeça encostada no ombro de Christopher e ele passava o braço ao redor dela. Richard, Erick e Joel jogavam sinuca com um rapaz que trabalhava na equipe deles. Vez ou outra Joel lançava um olhar nada discreto em direção ao casal mas Richard sempre percebia e tratava de chamar sua atenção.
A menina mexia sem parar uma das pernas, impaciente com o silêncio de Karol e Zabdiel.
- Eles não se mataram. - Christopher pareceu ler seus pensamentos e ela apenas o olhou, voltando a prestar atenção na tela preta do celular. Christopher beijou o topo da cabeça da menina e passou a mão pelos cabelos dela em um carinho. - Se você continuar assim, quem morre é você.
- Não é possível que você não esteja preocupado. - Lana levantou a cabeça do ombro do menino o olhando e cruzando os braços. - Zabdiel é seu amigo. - Falou em um tom indignado e Christopher riu pelo nariz.
- Ele é. Só que as coisas que Karol viu não foram verdade e ele vai conversar com ela e... Olha ele chegando ali. - Christopher viu Zabdiel cruzar a porta da sala onde estavam e assim que olhou o amigo soube que a conversa não tinha sido boa.
Richard, Erick e Joel pareceram nem notar a cara de enterro dele, estavam muito concentrados no jogo. Já Lana se levantou assim que Christopher anunciou sua chegada e já estava em frente a ele, com Christopher logo atrás.
- E aí? Se resolveram? - Perguntou afobada.
- Não! - Zabdiel falou fazendo uma careta e Lana e Christopher fizeram o mesmo.
- Nem conversaram? - Christopher perguntou.
- Óbvio que conversamos, mas ela não quis me escutar, entender o que tinha se passado e... - Zabdiel respirou fundo. - Sua amiga, Lana, conseguiu me irritar. Se ela quer voltar pro Brasil, ótimo!
- Cara, também não é assim. - Christopher tentou dizer mas Lana o interrompeu.
- Você, Zabdiel, deveria ter tirado minha briga com o Christopher de exemplo. Não adianta falar nada de cabeça quente. - Zabdiel abriu a boca pra falar mas Lana o interrompeu. - Vou subir e ficar com a Karol. - Deu um selinho em Christopher e saiu. Ela estava irritada, na verdade. Estava irritada com Zabdiel e principalmente com Gwen. Sabia que a garota faria qualquer coisa pra ter Zabdiel, sentia isso. E se ninguém desse um jeito naquela situação, ela com certeza daria.

[...]

Karol continuava deitada na cama mas agora fitando o teto e com uma companhia: sua melhor amiga. Lana havia decidido voltar ao Brasil com a amiga. Mesmo estando bem com Christopher a amizade das duas sempre estaria em primeiro lugar. Ela já havia ligado pra agência de viagens, antecipado as passagens e tinha mandado uma mensagem pra Chris avisando sobre. Terminou de arrumar as malas e ficou ali com a amiga, sem dizer uma palavra.
- Não sei como acreditei que as coisas dariam certo. - Karol falou pela primeira vez dentro de alguns longos minutos. Lana apenas ouvia. - Como poderia dar? Ele é muito pra mim.
- Ei, você nem ouse começar com isso. - Lana virou o rosto olhando Karol que ainda olhava pro teto. Viu uma lágrima cair pelo rosto da amiga e suspirou. - As coisas podem não ter dado certo mas você tentou. Vivemos um sonho aqui, Karoline, e eu não admito que você anule isso, passe uma borracha dizendo que é isso ou aquilo. - Karol concordou com a cabeça e permaneceu em silêncio. Meio segundo depois Lana recebeu uma mensagem de Christopher, sorriu ao ler mesmo sem saber se a amiga aceitaria a proposta ou não.
- Karol...
- Oi.
- O Chris está perguntando se você toparia uma festa de "despedida" - fez aspas com os dedos, olhando pra amiga.
- Christopher só pode estar brincando com a minha cara, né? - Karol revirou os olhos e Lana riu.
- Vai ser legal. - Lana se sentou na cama empolgada com a ideia da festa. - A gente já remarcou as passagens.
- Remarcamos de novo.
- Os meninos tem compromisso amanhã, não? - Karol argumentava numa tentativa de vencer a disputa e voltar de uma vez pra casa.
- Devem ter. Mas ninguém precisa amanhecer na festa. - Karol bufou. Adiantava argumentar? - Além do mais, Karoline, vai mesmo mostrar pro Zabdiel que tá mal com essa história?
Karol pensou por um tempo pesando o que seria bom ou não, mas ela vingativa e sabia disso. Poderia ser toda trouxa por Zabdiel mas que ele merecia a ver arrumada e nem aí pra ele, ah, isso ele merecia.
- Ok, avisa ao Christopher que eu topo. - Lana pulou em cima da amiga e as duas caíram na risada. Karol ficou séria logo depois. - E você que vai ligar pra agência de viagens e resolver tudo.
- Ok! Vou fazer isso agora mesmo.
- E eu vou ver alguma roupa pra essa noite. - Karol levantou, pegando as malas e começando a procurar alguma peça de roupa que fosse boa o bastante pra fazer o queixo de Zabdiel ir ao chão.
Lana pegou o celular abrindo no bloco de mensagem e digitou:

"Se tem algo que nós não rejeitariamos, é uma noite de bebida e música com CNCO. Nos vemos mais tarde, mi amor".

Enviou a mensagem e tratou de ligar pra agência de viagens. As coisas teriam que dar certo nessa noite, Zabdiel e Karoline teriam o futuro decidido ali e ela sabia disso.

Noche InolvidableOnde histórias criam vida. Descubra agora