PERSEGUIDOS

7 PLANO PERFEITO 00

O policial Charles está sendo bem-sucedido no plano de usar parentes ou pessoas próximas para atrair alguns membros do grupo. Juliana está decidida a se entregar para salvar seus pais, como ela está muito chocada com o vídeo do seu pai sendo espancado e sua mãe violentada, ela não consegue enxergar que é uma cilada do policial Charles para capturá-la e matá-la, mas o Matheus consegue entender isso claramente e tenta impedir Juliana de ir para a morte, mas ela está decidida a ir e essas posições diferentes geram brigas entre o casal.

Matheus corre, se coloca na frente dela, e pergunta:

– Qual é, Juliana, vai metê o pé agora? O que cê tá pensando em fazê, Juliana, num tá sacando que é uma cilada, ele vai te prender, vai te esculachar e antes de te matar, ele vai matar seu pai e sua mãe diante dos seus olhos.

– O que você quer eu faça, que eu deixe eles para lá, que eu abandone meus pais, que não ligue... é isso que você sugere? O pó acabou com sua mente só pode, você quer que eu finja que não está acontecendo nada, é isso? Eles estão lá em casa matando meus pais espancados.

Ela chora enquanto fala essa frase, pois ela perdeu uma irmã dessa forma, e não aguentaria perder seus pais assim também.

– Tu vai pra vala, mina, junto com os seus velho, pô, koé, Juliana, vai dá ruim pra tu quando pintar na sua comarca, tá ligada, e é essa parada que os seus pais queriam para você? Eu ouvi muito bem o presbítero Gustavo lhe dando o papo pra tu fugir, é isso que eles querem Juliana, que você vaze logo daqui, vamos embora subir o morrão, Juliana.

– É fácil para você falar – Juliana olha para Matheus –, os seus pais agora estão no céu, com anjos, os meus não, os meus ficaram aqui, nesse inferno, então Matheus não fale do que você não entende, então não me peça pelo menos para não tentar, e se for necessário eu morro junto com eles. Matheus, por favor, não tente me impedir, não, quando é a vida dos meus pais que está em jogo.

– Já que é assim, então nós vai junto nessa missão – diz Matheus.

– Não, isso não – diz Juliana –, agora quem fala sou eu, vai embora, foge, vai viver a sua vida, sobe logo esse morro e se esconde lá em cima, some daqui.

– Ih, qual foi, Juliana, tu é minha mulher e que homem sou eu para deixá minha mulher sozinha na hora que o bagulho fica doido? Que papo é esse, Juliana, não tô entendendo...

– Matheus, não é hora de ser herói, é hora de viver, eu só estou indo para casa, pois eu vivi muito tempo com raiva e mágoa dos meus pais, e hoje aconteceu o que eu esperava há muito tempo, eu nunca ouvi meus pais me falarem que amam e hoje foi a primeira vez que eles me pediram perdão, Matheus, se for para morrer por isso, vai valer a pena. Tchau, Matheus.

Ela dá um abraço nele, segura o rosto dele e dá um último beijo de despedida, larga lentamente a mão dele, ela vai embora correndo para casa, ele ainda tenta ir atrás dela, mas ela fala para Matheus que se ele a seguir ela gritará socorro no meio da rua, ele insiste e a Juliana cumpre com a ameaça e começa a gritar:

– Socorro, me ajudem!

Matheus volta e ela segue correndo sozinha para a sua casa.

Enquanto corre ela vai clamando:

– Deus, me ajude a salvar meus pais, Deus me ajude a chegar dentro do prazo.

Ela perdeu muito tempo discutindo com Matheus, e ainda está perdendo outro tanto; não consegue correr direito devido o vestido dela ser curto e colado ao corpo, quando ela corre, ele sobe e ela tem de puxar para baixo, e só faltam dez minutos para ele chegar em casa antes que Charles leve seus pais embora e ela nunca mais os veja com vida.