Na rua, ainda escondida, Juliana liga pela operadora de telefonia móvel, está chamando, toca uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, cinco vezes, seis vezes e a sétima e a ligação é atendida, Juliana pensa que é o Charles.
– Alô, Charles, alô...
Mas não é o policial Charles, foi o atendimento automático da caixa de mensagem emitindo o recado eletrônico: "O número para o qual você ligou não está disponível no momento, por favor, ligue mais tarde". E a ligação cai.
A operadora manda uma mensagem informando que o saldo dos bônus dela estava acabando e só daria para fazer uma rápida ligação; ela não poderia perder tempo falando, então foi mentalizando o que iria falar quando o policial Charles atendesse a ligação: "Alô, Charles, não vai dar tempo de eu chegar dentro dos vintes minutos, mas já estou na rua, me espera, por favor, já estou chegando."
Ela liga pela segunda vez e ele não atende. Ela está nervosa e vai falando sozinha:
– Por favor, me atende, por favor!
Ela não desiste e liga pela terceira vez... Sexto toque... No sétimo, a ligação cai.
Ela sente que Charles não quer atender a ligação dela. Vários pensamentos ruins passam por sua cabeça e o recorrente é de seus pais sendo torturados.
Na casa dela, Charles ouve o telefone tocar longe; coloca a mão no bolso da calça, procura, não acha, olha para os homens que vieram para desamarrar o presbítero Gustavo e a irmã Ana e levá-los para matar e manda que seus homens busquem o aparelho celular dele lá fora, no carro. Quando os agentes estão saindo, o telefone toca pela terceira vez e o agente Rocha corre para atender; entre o percurso da sala da casa dos pais da Juliana até o carro do lado de fora do muro, o aparelho toca só até a sexta vez, o agente Rocha atende a chamada antes que a ligação caia. Do outro lado da linha, é Juliana.
Juliana está na rua ainda com o aparelho celular no ouvido, está contando os toques da chamada e ela acha que vai cair novamente na secretária, quando a ligação é atendida, ela rapidamente fala:
– Alô!
Mas não houve voz nenhuma, só passos, ela fica muito irritada, pois não tem crédito e a ligação vai cair e ela não vai ter mais como ligar.
– Alô! Alô!
– Alô – disse o agente Rocha que atendeu a ligação para falar com a pessoa do outro lado da linha que o policial Charles já ia atender.
Quando Juliana ouve o alô, ela já dispara e fala o que tinha ensaiado.
– Alô, Charles, não vai dar tempo de eu chegar dentro dos vintes minutos, mas já estou na rua, me espera, por favor, já estou chegando...
Juliana percebe que a ligação caiu. Chega a ficar em dúvida se ele ouviu ou não.
Dentro da casa dela, o policial Charles espera o agente Rocha para ver quem estava ligando, ele olha para o relógio e o tempo que concedido para Juliana já terminou. Tudo agora dependeria de ele atender a ligação e aceitar o pedido dela de dar mais tempo para conseguir chegar em casa, mas a ligação já caiu.
O agente Rocha entra em casa com o celular e o policial Charles pergunta quem era:
– Era a filha do casal aí.
– O que ela disse?
– Não deu para entender muita coisa não... Mas uma coisa ela deixou bem claro, ela disse "Charles não vai dar", acho que ela quis dizer que não vai dar para vir não, até agora ela não chegou, deve ter desistido e fugido com os outros e não vai vir mais.
– Problema é dela e azar para o senhor Gustavo e para senhora Ana.
Ele fala isso olhando para o casal e diz:
– Sua filha não quis vir ver vocês, era a única chance que vocês tinham, mas pelo jeito, ela não os ama tanto assim, não...
Juliana está apreensiva, ela não quer sair de lá sem ter a certeza que vai ver os seus pais com vida.
Ela liga mais uma, e ouve a mensagem da operadora da telefonia celular: "Seu saldo é insuficiente para completar essa chamada, por favor recarregue seu celular"...
Ela fica irritada e murmura:
– Aaaaah, que porcaria, logo agora vão acabar os créditos.
Juliana, então, coloca o código de ligação a cobrar 9090 na frente do número do policial Charles, e liga...
Charles ainda estava falando para os pais da Juliana que ela não os amava, quando o celular toca e ele atende ouve uma voz afeminada falando alô, olha para os pais da Juliana, com um olhar como quem diz "deram sorte hein!" e sai de perto para falar no telefone.
– Alô!... Juliana?
Mas não era a Juliana. É Cleiton, namorado de Patrick que estava procurando o número da casa e não estava achando.
Nesse momento, o telefone do Charles o avisa que a bateria está com pouca carga.
Cleiton, namorado do Patrick, responde para o policial Charles:
– Não é a Juliana não, senhor Charles, sou eu, o Cleiton, é que não estou achando o número casa.
– Já chegou?
– Sim, estou na rua.
– Fica na linha, vou sair e ficar lhe esperando com outros agentes no portão da casa, para você identificar melhor onde é.
Juliana agora está ligando a cobrar, e só dá ocupado ou desligado. Ela pensa que ele desligou o telefone para não falar mais com ela.
Cleiton, namorado do Patrick, está ansioso e nervoso, quer saber o que aconteceu com seu namorado.
– Senhor Charles, me fala o que aconteceu com Patrick, por favor.
– Fica calmo, aqui eu lhe falo, mas não é nada que você não possa ajudar a reverter.
Um carro vem se aproximando ao longe, o policial Charles acena.
– Está me vendo aqui?
– Estou sim!
O telefone do policial Charles deu o segundo sinal de bateria com pouca carga e desligou, agora a Juliana não terá mais como ligar e pedir mais tempo ao policial Charles.
Cleiton, namorado do Patrick, chega e para em frente à casa da Juliana, desce do carro e aflito pergunta ao policial Charles:
– Cadê ele? Onde está meu namorado? Eu quero vê-lo...
Enquanto isso, na rua, aflita, vendo que não consegue mais completar a chamada para o telefone do policial Charles, Juliana decide ir assim mesmo para sua casa. Juliana está parada, escondida na esquina. Ela se prepara para correr e ir para casa, mas nem percebeu que estava se aproximando uma pessoa por trás dela de mansinho, quando ela vai sair daquele lugar correndo, o cara a segura por trás, e tapa-lhe a boca.
A hora já estava avançada, numa esquina escura, com as ruas vazias, em uma noite muito conturbada, ela sendo uma jovem bonita, não poderia ficar dando bobeira como deu.
Ao ser agarrada, ela esperneia, desesperada, pensando nos seus pais e não vai mais poder fazer nada para ajudá-los, o tempo já acabou e eles estão presos com o policial Charles na casa dela, com a sentença de morte decretada.
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PERSEGUIDOS
Spiritual2º lugar no Concurso Sakura e 3º lugar no Concurso de livros 2º edição ambos na categoria Espiritual. A mensagem que todos recebem no whatsApp vai te surpreender. Em uma noite super quente no campinho que fica no alto do morro da Vila Ruth, está ha...