9 OS FRUTOS 08

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Jefferson antes mesmo de começar a falar, se emociona:

– Já arrebentei a cara de muito neguin, que eu via querendo zoar o Patrick, quando eu via eu já chegava rebocando, pois o que ele fez por mim...

E chora.

– Eu me lembro, que quando tudo aquilo aconteceu com o meu pai na igreja, que o pastô Ítalo deu aquela vacilada feia, aquela parada toda com o meu pai... Eu, minha mãe e minha irmã passamos um perrengue complicado, o pastô proibiu os membro de ir visitá a gente.

Ele vira para o Matheus e fala:

– Até o kaô todo que aconteceu cair no ouvido do seu velho, o pastor Carlos, aí, maior gratidão, seu velho é responsa...

Matheus abaixa a cabeça, pois ele se sente muito arrependido de ter brigado com os seus pais algumas horas antes e agora eles foram arrebatados e não tem mais como ele pedir perdão.

– Aí, mermão, seus pais são firmeza de verdade, mas voltando a falar do que fez o Patrick, olha! É o que seguinte, ele já estava como, no mundão, só andando com as amigas bibas, mesmo assim ele não se esqueceu de mim e nem da nossa amizade...

Jefferson para de falar, olha para o chão emocionado e completa:

– Eu, a minha mãe e minha irmãzinha tava em casa, sem nada para ranga, quando meu pai ficou doente, e não podia mais trabalhá, nesse momento complicado quem é que aparece lá em casa? O Patrick. Ele com os seus pais, irmã Luciana e o irmão Osvaldo, mano, um calor daqueles como de hoje ou ontem de manhã sei lá... Ainda não dormi, para mim ainda é hoje, mas a parada é que estava muito quente naquele dia, e eles chegaram cheios de bolsas de compras...

Matheus interrompe e faz uma pergunta:

– Mas como foi essa parada? Deus tocou nos pais dele, na irmã Luciana e no irmão Osvaldo para levar as compras para vocês e não sabia chegar lá no seu barraco e aí chamaram o Patrick para guia-los até a sua casa?

– Nada, mermão! Eles quando chegaram lá, como sempre quando um crente chega na casa do outro faz uma oração, e depois falaram que o filho deles disse que Deus tinha falado com ele para fazer essa compra, vai entendê isso... E o melhor de tudo é que os pais dele ouviram, mano, tem uns crente da igreja do pastor Ítalo, que olha para um cara como ele, nem dá um oi...

(Nem sempre quando o grupo fala "crente da igreja do pastor Ítalo", está se referindo à membresia desta igreja, mas sim a um bordão criado para falar que uma pessoa é ou está errada, mas se acha sempre correta, santa, que nunca comete erros).

– Olha, mesmo eu quando estava aí querendo matar todos os crentes, os pais do Patrick me deixavam mal pelo jeito de ser, eles realmente eram pessoas boas, nunca concordaram com algumas coisas que o Patrick estava fazendo, mas eles o respeitava e o amava de uma maneira que até eu tinha que calar a boca – diz Patrícia.

Jefferson olha para a Patrícia e fala:

– Pô, Patrícia, você quer falar de pais bons, logo você, os seus eram sinistros...

O assunto sobre os pais é interrompido com o Matheus fazendo sinal com a cabeça, apontando para a Juliana que havia acabado de perder os dela.

– O Patrick me deu maior moral quando eu mais precisei, quantas vezes ele tomou conta da minha irmã para eu ir trabalhar, aí na boa, vai fazer maior falta, ele era braço – disse Jefferson com os olhos cheios de lágrimas.

– Vocês se lembram dos quinze anos da Sara? – Pergunta Juliana.

Todos falam que sim e ela continua:

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