1 UNIGÊNITO 01

131 18 12
                                    

Marreco estava preso fazia mais de quatro anos, e de dentro da cadeia controlava os pontos de venda de drogas do morro da Vila Ruth; ele foi condenado por tráfico, formação de quadrilha, corrupção de menores e latrocínio.

A sorte do Marreco é que ele foi preso numa época em que a ideologia equipolencista já estava há dezesseis anos no poder, e já estava difundida em quase todo o Estado, inclusive no setor Judiciário, que passou a julgar embasado nessa ideologia e não segundo as leis vigentes. isso gerou uma farta jurisprudência que favorecia os criminosos. Uma ação que fez com que a sociedade comemorasse muito foi o parecer de inconstitucionalidade da lei que define como legal o porte de droga para uso pessoal. O colegiado foi favorável a todos os direitos do indivíduo como um ser e a sua inviolabilidade, mesmo quando o consumo for nocivo.

Foi aprovado que usuários poderiam portar drogas para uso pessoal, que não seria mais crime. Com essa nova configuração, ficou muito complicado prender traficantes. A cada ano, o equipolencismo se tornava mais forte em todas as camadas da sociedade. Devido a isso, quase que Marreco não foi preso, pois a lei é favorável ao bandido, ao traficante, e os equipolencistas sempre defendem os bandidos e criticam a polícia, em todo o momento.

Para o ideólogo da equipolência, o Estado não foi feito para punir, e sim para educar e combater a concentração de renda. O Estado que pune um cidadão pobre por um crime comete uma injustiça, pois antes da punição ele deveria primeiro reparar a disparidade social do infrator, e depois, se ele cometer outro crime, aí sim, puni-lo. No ensinamento equipolencista, não há crime cometido por um injustiçado social; há uma ação inconsciente do instinto de sobrevivência, pois, para eles, crime só é considerado passível de punição quando é cometido por quem é rico, ou quando a sociedade estiver igualada financeiramente, pois dessa forma o motivo da ação violenta será por crueldade.

Com isso, o Estado não tem que investir mais em presídio, e sim em distribuição de renda, saneamento básico, estrutura urbana, segurança e educação. O lema era igualar para não punir, mas a verdade é que não estavam igualando e nem punindo.

O candidato do PEB - Partido de Equipolência Brasileira Antônio Carvana, foi eleito e reeleito com essas propostas, emplacou um sucessor, o reelegeu e fez mais uma sucessora, mas até agora não fez nada de concreto para mudar a situação. Prova disso é a existência de lugares como o morro da Vila Ruth, com da equipolência social e nas esferas Federal, Estadual e Municipal os pobres continuaram na mesma situação. Na realidade, piorou: houve um aumento na criminalidade, roubo de celular tornou-se um fato recorrente – as vítimas preferidas são as mulheres –, roubo de carro, de casas, até em áreas carentes como no entorno do morro da Vila Ruth.

Muitas pessoas têm sido vítimas de diversos crimes. Um adolescente, por exemplo, foi julgado pelo tribunal do tráfico por roubar no morro, e a sua sentença foi ter dois dedos cortados com machadinho; outro foi condenado a ficar com as duas mãos na porta do carro para um traficante chutá-la e prender os dez dedos dele na porta do carro. Tudo filmado e disponível nas redes sociais. Embora os governantes equipolencistas não agissem de forma correta com a realidade, nesse período os criminosos passaram a ser vítimas das circunstâncias sociais, o que legitimava as suas ações, as vítimas passaram a ser culpadas e os criminosos, vítimas. E como não há mais vagas em presídios – todos estão acima de sua capacidade –, não se prendia mais ninguém, nem rico nem pobre, um por ideologia e outro por influência. Toda essa soma de vitimização do criminoso, a não punição sendo maior ainda, o criminoso tinha a certeza de que não seria preso, e depois de mais de vinte anos no poder, a equipolência social aparelhou a justiça e outros setores do Estado.

Os advogados do Marreco sabiam, é evidente, do parecer ideológico favorável aos criminosos, e haviam recorrido várias vezes da sentença com sursis penal e outras apelações; as suas últimas, foram para benefícios de relaxamento de pena, mas todas foram malsucedidas, isso até então, pois a juíza responsável pela vara onde o Marreco foi condenado, foi detida.

PERSEGUIDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora