Patrick ouviu tudo não querendo ouvir, Patrick ficou muito feliz em saber que os pais foram arrebatados e responde:
– Cleiton, não posso, eu não vou mais voltar.
Cleiton estava tentando tirar dele informações, na mais pura inocência de que estava ajudando o seu namorado.
– Não vai mais voltar? Você está indo para onde? Onde você está agora? – pergunta Cleiton.
– Cleiton, eu não posso falar, e me desculpe, mas...
– Desculpar do que, amor?
– Me desculpe – lamenta Patrick –, mas eu tenho de ir.
– Patrick, não desligue, me escuta, por favor, esse policial aqui, o Charles, me disse que você não precisa fugir, que pra você ele está disposto a esquecer o que aconteceu, ele só quer que você se entregue, mas além disso, amor, você vai ter de trair seus amigos, falando pro Charles onde eles estão agora e para onde vocês estão indo. Trick, seus amigos não vão conseguir, o que vocês querem, viver fugindo? Esquece, amor... Patrick, você está aí? Está me ouvindo?
Patrick responde que sim, muito pensativo.
– Amor, o policial Charles me garantiu a palavra dele, amor... amor, agora é com você, quem você escolhe: seus amigos ou a gente, Jesus ou eu?
– Aí, eu não sei o que fazer, estou confuso... confusa... A minha cabeça está toda embaralhada.
Patrick tira o aparelho celular do ouvido, a mão que está segurando o telefone ele abaixa, por um instante ele fica em devaneio olhando para Patrícia, sua amiga desde que eram crianças, movimenta a cabeça de forma negativa, negando a si mesmo a possibilidade de aceitar trair os seus amigos e negar o nome de Jesus, mas ao ouvir a voz do Cleiton, e tudo o que ele disse mexeu muito com ele, e ele não tinha certeza se ia conseguir viver aquela vida de fugitivo, tendo de se esconder e correr o tempo todo, e aquela era a sua última oportunidade de voltar a ter sua vida de volta. Ele pega o celular, coloca no ouvido e pergunta ao Cleiton onde eles estavam. Cleiton então passa o endereço para Patrick que, ao terminar de ouvir, desliga o telefone.
Patrick olha para Patrícia, chora, vai até a amiga que está sentada no chão sendo bombardeada pelos seus amigos da ideologia de equipolência por mensagens no WhatsApp, pois todos estão vendo a foto dela, onde está escrito "procurado do COMP". Apresentada como fugitiva por se recusar a negar o nome de Jesus, seus amigos de militância de equipolência ficaram revoltados. O que mais eles fizeram foi combater os princípios da fé cristã, rotulando os crentes de retrógrados, preconceituosos, homofóbicos e intolerantes, por serem contra o aborto, prostituição, legalização das drogas, casamento gay, adoção de crianças por casal gay, quantas manifestações ela e seus amigos fizeram juntos, muitas delas em entrada de igrejas; o alvo preferido dela e de seus amigos era o pastor João Pedroso... Quantas vezes ela e esses grupos de militantes de equipolência exibiram partes íntimas, esfregando-as no carro desse pastor. Eles se colocavam na entrada das cruzadas que ele promovia Brasil afora, ela queria a extinção da fé cristã, por isso, era até simpatizante com os terroristas islâmicos.
Um dos grupos mais ferozes, onde foi muito xingada e desmoralizada, foi naquele que ela postou a foto da tarde do dia anterior, antes de sair para a manifestação contra o governo do presidente Justino Pessoa e a favor do António líder do EB - Equipolência Brasileira, que tinha sido preso, onde ela exibe uma camisa vermelha com um símbolo de proibido por cima da cruz, e posta a foto com a legenda: "já comecei a protestar aqui em casa". Nesse grupo, ela é xingada de falsa, hipócrita, traidora, covarde, duas caras, irmãzinha traidora, crentinha.
Patrick se senta ao lado dela e fala, desolado e sem esperança, o policial Charles foi tão cirúrgico nas suas ações que até o Patrick que sempre foi o mais animado e bem-humorado do grupo, agora estava completamente sem fé que iriam conseguir rever seus amigos e chegarem a casa do Jefferson, devido os acontecimentos e situação.
– Amiga, acabou para gente – falou Patrick –, Matheus e Juliana foram embora sozinhos, nos deixaram para atrás, a casa em que nós íamos nos esconder já não vamos mais, pois o Jefferson já deve estar chegando lá em cima uma hora dessas, e nos deixou aqui sozinhas. Amiga, eu estou indo embora também, não sei não, mas eu não quero mais viver fugindo não, e aqui não é um lugar seguro, tem um monte de polícia logo ali na frente, podem passar por aqui mais viaturas ou eles descerem, amiga, se você tiver um lugar para ir vá... te amo, amiga.
Eles se abraçam, ela está muito triste, sem chão, também não sabe mais o que fazer. Patrick, que estava sentado no chão, se levanta, olha para ela, se abaixa novamente e dá um beijo nela, e diz:
–Tchau, Paty.
Patrick desce a rua correndo e chorando com um vazio dentro do peito, ele tem a sensação que essa foi a última vez que viu a sua amiga.
Ele chega à esquina, para antes de atravessar a via principal, essa esquina não é um cruzamento, a entrada mais próxima de outra transversal fica a alguns metros dali. Ele terá de correr um pedaço ainda. Antes de virar a esquina e não ver mais a sua amiga, ele olha para trás e grita –Patyyy! – acena com as mãos dando tchau, faz um sinal de te amo com as mãos, S2 com as mãos, volta e olha para a pista, verifica os dois lados para ver se está liberado, e sai correndo, deixando a sua amiga sozinha.
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PERSEGUIDOS
Spiritual2º lugar no Concurso Sakura e 3º lugar no Concurso de livros 2º edição ambos na categoria Espiritual. A mensagem que todos recebem no whatsApp vai te surpreender. Em uma noite super quente no campinho que fica no alto do morro da Vila Ruth, está ha...