Matheus corre na frente para abrir a porta que dá acesso ao quintal dos fundos da casa, para que eles pulem o muro e fujam, mas ele não consegue abrir, pois está trancada. Matheus então coloca a mão no bolso e pega o chaveiro que era do seu pai, ele está muito nervoso, sabe que se forem pegos todos vão morrer ali mesmo, na cozinha da sua casa. Com o nervosismo, ele tem dificuldade em achar a chave desta porta e na separação para selecionar uma delas, ele deixa todas caírem.
Juliana, olhando o circuito interno de TV, vê que o policial Charles já está chegando à porta da sala, fica com muito medo e fala com Matheus:
– Ai, meu Deus, anda logo, amor...
Rapidamente, Matheus se agacha e pega as chaves, enquanto está agachado com a mão no molho, ele ouve mais disparo. É o policial Charles que vem correndo e disparando contra a porta da sala para arrombá-la e ganhar tempo. Ao escutar os tiros, Matheus se levanta rapidamente, seleciona uma chave, coloca no miolo da fechadura ela entra, ele gira com muita velocidade e força, mas ela não vira o miolo, não é essa a chave... Com a força que ele fez devido à pressa e ao nervosismo, ela entortou dentro da fechadura da porta e ele não consegue tirá-la para colocar outra. Nervoso, ele segura a porta com as duas mãos e fica sacudindo, puxando e empurrando a porta, ele está tão nervoso que quer arrancá-la inteira, na marra, mas sem sucesso.
Agora Juliana, Patrícia e Patrick, ao lado do Matheus, olham para o circuito interno de TV e percebem que Charles está chegando à porta da sala, eles entram em desespero, e começam a falar ao mesmo tempo com Matheus.
– Abre, abre, ele está chegando – choraminga Juliana.
– Aí, que furada em que eu entrei... – resmunga Patrick.
– Vamos ser mortos, não vamos conseguir, abre logo essa porta, Matheus – diz Patrícia.
O policial Charles entra na casa correndo com os outros agentes, olha na sala e não vê nenhum deles, ele acha que estão escondidos na casa e ainda não tentaram fugir. Ele manda os agentes subirem para procurar nos cômodos de cima, pois antes eles se esconderam lá. Os agentes sobem correndo e ele continua procurando nos cômodos de baixo.
Vendo o perigo que se aproxima, Jefferson tem uma ideia. Ele rapidamente abre a janela da cozinha, empurra para o lado o escorredor de louças mesmo deixando cair tudo no chão, sobe na bancada da pia da cozinha, e pula pela janela, caindo no quintal, Levanta-se rapidamente gritando "Joga a chave, joga a chave..."
O barulho das panelas caindo chama a atenção do policial Charles, que vai correndo para a cozinha. Ao ver o policial virando lá na outra extremidade do corredor, que tem trinta metros de comprimento, Matheus fica em choque a ponto de não escutar os gritos de Jefferson de "Joga a chave..."
Matheus, Juliana, Patrick e Patrícia estão na porta da cozinha, do lado de dentro. Quando o policial os vê tentando abrir a porta para fugir, ele para de correr, saca a pistola e mira nos quatro. Neste momento, o coração do Matheus dispara, ele olha em direção à pia da cozinha da sua casa e vê a sua mãe.
É apenas uma visão, a lembrança de uma pergunta que ele fez a sua mãe para um trabalho da EBD, sobre a perseguição e morte de milhares de cristãos no mundo. Ela explica que vale a pena ser um mártir de Cristo, sofrer por causa do nome de Cristo. Ela diz a ele que todos os cristãos que são mortos mundo a fora, não negaram a sua fé mesmo sendo presos, torturados e mortos.
A visão da sua mãe se desvaneceu e, no mesmo momento, Matheus entendeu o que sua mãe falou sobre morrer sem negar o nome de Jesus. Aceita a situação, ele se dá por vencido: a porta está trancada e não dá mais tempo de ele, Juliana, Patrícia e Patrick fugirem, pularem a janela como fez Jefferson. Ele não quer ir embora sozinho e deixar os outros para trás, ele não quer quebrar a promessa que fez aos seus amigos, No corredor, o policial Charles está parado, mirando neles, pronto para fazer o disparo e matá-los. Naquele momento, a única chance deles seria se a porta da cozinha, a que dá acesso ao quintal nos fundos da casa, se abrisse, mas isso não dá mais: tem uma chave entortada no miolo da fechadura que não sai e o policial Charles já está puxando o gatilho da pistola para alvejá-los.
A situação é muito delicada, a fuga do grupo só durou até a porta da cozinha. Todos estão em desespero e com muito medo; eles já não sabem mais o que fazer, um olha no olho do outro com olhar de despedida, sabem que, ou serão mortos ali mesmo ou, a melhor das hipóteses, serão presos e separados e não se verão mais. Eles estão em paz, o momento íntimo que tiveram na sala a decisão de se reconciliarem com a fé em Cristo, de mudarem de vida, dá a eles um conforto, uma consolação, uma esperança que eles tinham perdido quando estavam desviados. Os olhares são interrompidos quando o policial Charles puxa o gatilho contra eles, mas não consegue efetuar um único disparo. Não há mais bala no pente, ele usou todas as balas que tinha atirando contra o portão e a porta da sala.
Patrícia, ao perceber que o policial Charles está sem munição, tem uma ideia: corre até a geladeira duplex grande, de duas portas, que está sobre um tablado com rodas (que a mãe do Matheus comprou para facilitar o deslocamento da geladeira nos dias de limpeza), arrasta-a e joga no corredor onde está o policial Charles. A geladeira bloqueia a passagem, pois é da mesma largura que o corredor (quando a geladeira chegou à casa de Matheus entrou pela porta da cozinha, que é de noventa centímetros, o corredor tem oitenta sentimentos, a medida da geladeira).
Patrícia consegue ganhar uns minutos preciosos; nesse momento, ela continua com a tática que aprendeu durante os protestos e que fazia de obstrução de passagem: joga cadeiras, panelas, pratos, alimento das despensas; chama Juliana e Patrick para ajudá-la enquanto Matheus tenta abrir a porta.
O policial Charles chama aos gritos que os agentes desçam e venham correndo para a cozinha.
Matheus não consegue abrir a porta da cozinha e fala para o grupo balançando a cabeça de forma negativa, passando a mensagem: "Não dá mais tempo!". Enquanto eles perdem a esperança, o policial Charles vai tirando os objetos jogados pelo grupo para obstruir a passagem.
Matheus, Juliana, Patrick e Patrícia olham para o único que conseguiu escapar daquela situação e sorriem para o amigo que está do lado de fora, alegres de ele estar livre, não será capturado, não será torturado e nem será morto.
_________________________________________
E ai o que achou? Gostou? Não gostou?
Deixe seu comentário, curta e compartilhe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PERSEGUIDOS
Spiritual2º lugar no Concurso Sakura e 3º lugar no Concurso de livros 2º edição ambos na categoria Espiritual. A mensagem que todos recebem no whatsApp vai te surpreender. Em uma noite super quente no campinho que fica no alto do morro da Vila Ruth, está ha...