10 COMPLETUDE 01

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Eles continuam andando e chegam ao território dominado pela milícia do Charles, mas eles não sabem que ele é o chefe dessa quadrilha, mas Matheus é amigo dos traficantes, e milicianos para eles são inimigos, por isso ele quer sair dessa área bem rápido, mas no caminho ainda está aberta a lanchonete da Mauricéia, mais conhecida como a Tia do Açaí, que fica no caminho por onde eles vão passar para subir o morro, na verdade, é quase na entrada do morro da Vila Ruth, mas do outro lado, o grupo passa diante da lanchonete e Juliana vira para Matheus e diz:

– Amor, vamos tomar um açaí antes de subir o morro para a casa do Jefferson?

– Você tá de olho de tandera uma hora dessa, tu tá brincadeira né Juliana, com um policial tarado para colocar a mão na gente e você pensando em comer uma hora dessas.

Patrick imita o Kiko do Chaves para pedir ao Matheus que entrem e comam um açaí:

– Ah! Vamos comer um açaizinho... anda, diz que sim, não seja mau... nem que seja só um pouquinho, anda vai, não seja mau...

– Enquanto vocês decidem aí, eu vou comendo – e Patrícia já está entrando na casa de lanche.

– Relaxa, Matheus – diz Jefferson –, tá suave, mano, já estamos no pé do morro, cara, e lá no morrão não tem nada aberto, e a entrada é ali na frente, já estamos em casa, e quando eu passei aqui algumas horas antes, o Barbante estava ali no pé do morro, então aqui tá tranquilão hoje.

Matheus fala para Juliana, em tom de brincadeira:

– Vamu imbora, ô cheia de fome...

Juliana responde:

– Sou mesmo, pois a boca foi feita pra cumê, a cumida foi feita pra cumê, e eu nasci para cumê.

E todos começam a rir.

Patrícia entra na frente e se senta na cadeira do canto, Juliana entra depois dela e senta ao seu lado.

Patrick vem logo após as meninas e senta do outro lado, de frente para Patrícia; Matheus vem depois e vai pegar uma cadeira para sentar na cabeceira da mesa, para ficar do lado de Juliana; Jefferson senta-se ao lado de Patrick.

Todos já acomodados dentro da casa de lanche, Matheus pergunta a Juliana:

– Juliana, vai querer de quanto?

– Hummmmmm deixa eu ver, tem de que, amor?

– Hiiiii, mermão, isso vai dar ruim – Matheus se levanta e vai até balcão fazer o pedido.

– O seguinte tia... faz dois de setecentos mililitros, e três de quatrocentos mililitros para mim aí.

– Tia, tem como ser rápido – pede Jefferson –, temos de subir o morro antes que o bicho pegue, lá em cima o bagulho hoje não tá nada suave.

Enquanto esperam o açaí, o tempo está fechando para chover muito e todos estão sentados diante de uma mesa; Matheus se lembra de uma palavra de Jesus sobre a sua vinda, que diz: Assim como foi nos dias de Noé assim será a vinda do homem . E olham para o céu, com quem diz "vai chover até o mundo ser coberto de água novamente"... Juliana olha para ele e fala:

– Deixa de ser bobo, Matheus, nessa eu não caio não, essa eu sei, o mundo não vai ser destruído com água mais não, agora vai ser com fogo.

Juliana pergunta:

– Matheus, como será essas coisa de apocalipse?

– Tá aí um bagulho doido... nós só temos agora, do mundo que conhecemos, sete anos.

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