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DE VOLTA AO BAILE DE FAVELA Continuação

As histórias de Matheus no morro da Vila Ruth, Jefferson na praça de skate e Patrícia no protesto na Rodovia Presidente Dutra, estão acontecendo simultaneamente.

Matheus continua caminhado em direção a Juliana, que, nesta noite, está muito mais linda que nunca, feliz da vida, dançando com uma roupa bem sexy em frente as caixas de som. Ela não para de dançar nem para postar no Instagram, Snapchat e no Facebook; mas ela pega o celular porque vai fazer uma transmissão ao vivo do baile na favela. Com o aparelho na mão, ela recebe a mesma mensagem que Matheus, Jefferson e Patrícia; ao ler, fica assustada e não quer acreditar naquilo. Juliana gela e para de dançar na hora, ajeita o vestido que estava ainda mais curto do que era, pois subiu enquanto dançava e ela nem ligava, deixava à mostra parte das nádegas, mas agora ela o puxa esticando para baixo; ela o quer maior do que ele pode ser. Acabou de se ajeitar e virou para o lado, quer mostra a mensagem ao Patrick que nesse momento tinha acabado de tirar uma selfie e está com celular na mão. Quando ela se encontra pronta a falar, ele também recebe o mesmo conteúdo das mensagens dos outros pelo WhatsApp.

– Patrick, veja o que...

Ela é interrompida pelo alarme sonoro e vibracall do WhatsApp do Patrick, que já estava com o aparelho nas mãos conferindo a foto do selfie, ele abre a mensagem no WhatsApp na hora que chegou, e, ao ler, fica também nervoso e desesperado.

Ele olha para Juliana com os olhos cheios de lágrimas, balançando a cabeça de forma negativa, não querendo aceitar o que leu.

Juliana percebe que ele recebeu a mesma mensagem, com o mesmo conteúdo que a dela, e pergunta:

– Recebeu também? Eu acho que é mentira, tem de ser uma mentira, isso não pode ser verdade, não hoje. Não com a gente aqui, se for verdade o que vai acontecer aqui em cima?

– Não, não isso, não mesmo... não agora, não hoje, não! Eu aqui, logo hoje com a gente aqui, por favor, seja mentira...

Um temor profundo, misturado com pavor, medo, angústia, desespero, raiva, frustração, insegurança, culpa, se apoderam de Matheus, Jefferson, Juliana, Patrick e Patrícia quando leem a mensagem.

Matheus chega até onde estão Juliana e Patrick. Ela, ao vê-lo se aproximar, corre chorando para mostrar a mensagem que ela recebeu pelo WhatsApp, mas ele diz a ela que também recebeu.

– Matheus, então é verdade? Fala que não é verdade... É uma brincadeira de mau gosto!

– Aê, Juliana, vô te dá o papo, também não sei se essa parada procede não, mais um bagulho eu sei, uma das pessoa que me mandou num brincaria com uma situação tão séria assim, mas nós vai junto conferir essa parada...

– Deixa eu chamar a minha miguxa Paty, Matheus, deixa eu ver onde aquela doidinha está – Patrick fala e chora desesperadamente.

– Enquanto cê fala com Patrícia eu vou mandá uma mensagem no zap pro Jefferson, pra a gente se encontrá e ir junto.

Nesta hora, todos os telefones dos adolescentes ali começam a vibrar e emitir sinal sonoro de mensagens e chamadas. Um a um, ao ler, ficam com medo, nervosos, entram em pânico, começam a mostrar uns para os outros, ouvem-se gritos desesperados de NÃOOO em toda parte do campinho. A adrenalina e a euforia que tomavam conta do ambiente agora se transformaram em medo e tristeza profunda, em uma correria generalizada, muitos adolescentes querem sair logo do morro da Vila Ruth.

Alguns mandando mensagens de texto, outros sonoros, muitos tentando ligar, mas as ligações caem na caixa de mensagem, e deixam uma mensagem de voz, os conteúdos são de arrependimento, temor, remorso e medo:

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