Negro Azul

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Pansy Parkinson era insistente, mas eu era mais escorregadia. Depois de entregar meus rolos de pergaminhos já prontos quando professor Flitwick pediu que resumíssemos os primeiros capítulos do livro (pois eram os mais teóricos) e receber os devidos aplausos e elogios (além de cinco pontos para Sonserina), escapei dela até a aula de Herbologia nas estufas, onde professora Pomona Sprout, diretora da Lufa-Lufa, nos aguardava novamente com o pessoal da Corvinal.

— Bom dia, bom dia a todos! — A professora nos cumprimentou com um sorriso energético. Tinha cabelos grisalhos e rosto marcado pela idade, mas talvez passar tanto tempo, em meio as plantas, realmente rejuvenescesse o espírito, ou algo assim. Além de deixar suas roupas e unhas sujas de terra. — Vocês vão iniciar os estudos em Herbologia agora, que, como muitos é a matéria que estuda plantas mágicas e não-mágicas. Com esta é possível descobrir como esses seres mágicos e magníficos vivem no nosso planeta, além de aprendermos as distinguir as mágicas de não mágicas. Em seu primeiro ano, esperem técnicas de jardinagem que, não achem bobagem, necessitam de muita pratica e aperfeiçoamento. Por favor, copiem o que eu direi.

Agradeci por Sprout não ser adepta a quadros, apesar de haver, sim quadros negros nos fundos da estufa. Com a desculpa de estar copiando seu discurso sobre o que é Herbologia e sua história (que eu também já havia copiado antes das aulas), me mantive de costas para Parkinson durante toda a aula. Quando a professora pediu que entregássemos para a próxima aula um rolo de pergaminho de vinte linhas sobre como diferenciar plantas mágicas e não mágicas, a entreguei o meu já pronto de uma vez, sentindo que isso se repetiria bastante ao longo do dia. Com mais cinco pontos para a Sonserina, foi a vez de correr para Defesa Contra as Artes das Trevas, que foi a única grande decepção do dia.

O professor Quirrell era uma piada tão grande quanto sua aula. A sala, que também ficava no terceiro andar, fedia com alho e era escura e abafada. Quirrell era alto e magro, gago e aterrorizado com o próprio reflexo, além de usar um turbante enorme na cabeça. Logo no inicio ele disse que havia sido presente por derrotar um zumbi, mas não acreditei que o sujeito fosse capaz de derrotar uma barata.

Logo ficou muito claro que, se eu quisesse de fato aprender algo sobre Defesa Contra Artes das Trevas, eu deveria estudar sozinha. Então, de verdade, bloqueei a voz gaga e monótona do professor e dei continuidade ao meu pergaminho, pois já havia copiado a descrição da matéria, além de seus vestígios na história e relatos. Tive tempo de reler tudo que havia escrito e ainda acrescentar a forma como as criaturas eram classificadas em seu nível de perigo antes do relógio anunciar o almoço.

— Agora você não me escapa, Malorie — Pansy segurou no meu braço antes de me dar oportunidade para fugir. O contato me fez trincar os dentes, lembranças de outras mãos com quase tanta ignorância quanto essas me segurando. Felizmente para ela e seus dentes, me soltou quando viu que tinha minha atenção. — Precisamos conversar.

— Pode ser em um lugar que não cheire a tempero? — como ela não respondeu, forcei um sorriso. — Ótimo.

Enfiei minhas coisas na mochila e a joguei por cima do ombro, fazendo um floreio para que Pansy fosse na frente. Ela foi, com os olhos estreitos, mas com tanta pressa quanto eu de sair daquele lugar. Começamos a andar em direção ao Grande Salão para o almoço e eu estava esperando o momento em que ela abriria a boca. Um, dois, três...

— Não pode ficar fazendo isso, Lewis — disparou.

— E quais seriam meus crimes, se puder me esclarecer? — Devolvi para ela sem virar o rosto. Que assunto irritante.

— Não se faça de tonta! — Ela chiou. — Isso! Ficar conversando com grifinórios, sentando na mesa deles! E aquela garota, aquela dentuça de cabelo maior que a cabeça, ela é sangue ruim, não é? Tenho certeza que é. Não pode ficar se misturando com gente desse tipo, Malorie, você é uma elite e eles...

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