Derrota de Quem Vê

3.1K 375 278
                                    


Dumbledore chegou tão rápido que quase achei que estava esperando do lado de fora. Snape havia ido chama-lo já que, aparentemente, o diretor de Hogwarts estava preocupadíssimo com minha recuperação. Justo, considerando que foi ele quem me jogou no meio de toda confusão. Pomfrey estava em cima de mim, certificando de que eu estava realmente viva e acordada. Acho que ninguém estava mais aliviada que ela, afinal, se eu ficasse mais um dia sequer em coma teria que ser encaminhada para o St. Mungus, o hospital bruxo mais famoso da Inglaterra.

— Ah, Mal, bom dia! — O rosto sorridente de Alvo apareceu na porta e, logo em seguida, seu corpo esguio. O velho parecia genuíno em sua alegria e alivio, o que me fez relaxar um pouco. — Poderia me dar uns minutos com ela, Papoula?

— Está bem — como todos, a mulher sabia que os pedidos do velho quase nunca eram realmente pedidos. — Mas rápido. Ela acabou de acordar de um trauma e precisa de descanso.

Observei a mulher recuar até sua sala enquanto o homem avançava até mim. Ele se sentou na cama ao lado, virado para mim, ainda sorrindo e com os óculos meio caídos no nariz torto. Seu olhar caiu sobre meu criado mudo, lotado do que pareciam ser doces e presentes caros, seu sorriso se alargando.

— Preocupou bastante gente, Mal — esclareceu brandamente. — Assim como disse ao senhor Potter, aquilo que aconteceu nas masmorras entre vocês e Quirrell foi oficializado como um segredo absoluto. Então, logico, não há alguém nesse castelo que não saiba. A srta. Granger vinha visita-la bastante, assim como o sr. Weasley, todos eles, e o sr. Longbottom. Igualmente a srta. Parkinson, Hopkins e Greengrass. Creio ter ouvido Papoula expulsar o sr. Zabini várias vezes, então ele era obrigado a sair e deixar o sr. Malfoy sozinho em sua visita.

— Harry — lembrei, mesmo que um sorriso teimoso estivesse nos meus lábios. — Quando ele acordou?

— Ontem mesmo — seus olhos cintilaram. — Essa enfermaria andou tão cheia e movimentada que Madame Pomfrey estava um pouco histérica. Pensou que com menos um o fluxo diminuiria, mas ele apenas se juntou aos outros. Foi muita sorte não ter acordado com um deles por aqui.

— De todos os rostos para me receber, acabei com o narigudo — debochei, mas nem todo deboche do mundo era capaz de esconder meu coração leve. Queria vê-los. Todos eles. E matar quem me comprou qualquer coisa estupidamente cara. — Mas antes de me emocionar, pode explicar o que aconteceu lá embaixo? 

— Gostaria muito de fazer isso, se eu mesmo tivesse uma resposta certa. Tive um palpite naquela noite e o segui. Estava certo, apesar das consequências terem fugido um pouco do controle.

— Não se intimide — gracejei, arrancando mais um sorriso do diretor.

— Deve conhecer a história de Harry, não? Por certas razões bastante peculiares, eu tinha certa ideia do que iria encontrar lá embaixo. O confronto entre Voldemort e ele, intermediado pelo professor Quirrell, iria ser mais que debilitante para sua alma, mente e corpo — Dumbledore parou por um segundo, me olhando por cima dos óculos, e continuou — Harry, protegido pelas ações da noite em que perdeu os pais, possui uma barreira de magia antiga nele que alguém tão mesquinho e guiado pelo ódio, dividindo o corpo com o próprio Voldemort, foi incapaz de encostá-lo. Quando chegamos, Harry havia se dado conta disso e estava tentando com o máximo de esforço incapacitar o professor.

— E onde eu entro na história?

— Uma excelente pergunta — seus olhos brilharam daquele jeito poderoso e particularmente sábio. — Eu tinha ideia de que Harry incapacitaria Quirrell, mas talvez fosse necessário alguém para desconcentrar o próprio Voldemort. Assim que ele lhe viu, se desconcentrou o suficiente para que eu tirasse o antigo professor de cima de Harry. Essa é uma explicação boa para você?

CoronaOnde histórias criam vida. Descubra agora