A semana não parecia passar com rapidez o bastante. Além de Norberto ficar cada vez mais impossível (não demoraria para Draco ser o menor dos problemas, pois a escola inteira iria perceber), ainda tinha que lidar com a pacificadora Granger. Claro que ela descobriu que eu e Potter havíamos nós desentendido e nos afastado e agora fazia de sua missão nos unir outra vez, mas a culpa disso era a minha. Não fiz qualquer esforço para esconder meu desprazer com a simples presença do garoto atreves dos dias, levantando da biblioteca quando ele sentava e me despedindo de Hermione quando se aproximava.
Talvez eu estivesse sendo muito dura com ele. Não posso mentir e dizer que não percebi como o rosto dele caia toda vez que lhe dava as costas, como a voz dele era quase doía ao me chamar e eu sequer virar o rosto. Depois de dois dias ele desistiu e se recolheu no silêncio enquanto seus olhos viviam me acompanhando, quase implorando para que eu lhe desse uma chance de se explicar melhor. O único problema era que eu não precisava ouvir nenhuma explicação. Eu já tinha a visto – a coisa era que eu não dava a mínima.
Toda vez que pensava em reconhecer o sincero arrependimento e as desculpas de Harry, a lembrança do que lhe confiei me fazia queimar. Achei que tínhamos algum grau de entendimento, que possuíamos alguma confiança diferenciada e o peso do engano me fazia querer arrancar a cara dele no chute. Talvez eu devesse lhe dar uma surra e desfigurar seu rosto magro, fazê-lo comer as lentes dos óculos – isso com certeza me faria sentir melhor. Para a sorte de Potter, ainda havia uma pequena parte de mim que se recusava a machuca-lo de forma física, então eu fazia de tudo para feri-lo por dentro.
Mas a pior parte foi Pansy.
Como um cão ela farejou o problema logo no café da manhã do dia seguinte, muito diferente de Daphne que percebeu que algo estava errado assim que passei pela passagem da sala comunal depois de deixar Hagrid para trás. Parkinson tinha um sensor muito mais afiado para confusão e discórdia do que para sentimentos e tive que suportar o sorriso cruel, pensando em quais seriam as consequências de perder duas amizades de uma vez – ela com certeza não me perdoaria por arrancar seus dentes.
— Problemas no paraíso, Lewis?— Cantou para mim. Greengrass, que finalmente teve a resposta para sua preocupação da noite anterior, apertou os lábios para ela enquanto seus olhos me espiavam, certificando que eu não iria atravessar a mesa em um pulo na direção do pescoço de Pam.
— Não é assunto seu, Parkinson, ou é? — Retruquei com a voz mais entediada que conseguia, o rosto uma mascará de tédio. Isso apenas a fez soltar uma risadinha curta e meio aguda, forçando em si mesma algo que deva ser inocência, mas ela apenas não conhecia o significado dessa palavra.
— Só acho muito satisfatório ver as coisas tomando seu rumo natural, só isso — ronronou. — Não achou mesmo, Mal, que fosse amiga deles, ou achou? No final, você é Sonserina e isso é tudo que eles enxergam.
O jeito que olhei para ela foi o bastante para calar as pessoas mais próximas, tensas e atentas a qualquer outra explosão da minha parte. Calou a própria Pansy, mesmo que ainda sorrisse de forma maldosa. Sem apetite, deixei a mesa depois disso e abandonei meu café quase intocado, carregando minha mochila em direção ao Corujal. A chegada da primavera também me permitiu voltar a escrever para meus amigos do lado de fora sem me sentir um monstro por arriscar a vida das corujas no meio de nevascas. O dinheiro da aposta (devidamente repassado por Blás) foi mais que o bastante para pagar minha divida por todas as moedas emprestadas que peguei de Mione e Daphne e ainda por cima sobrar um bom monte – crianças ricas não apostavam baixo.
Olá, Garrick
Como vão as coisas? Vendeu muito no inverno ou ninguém gosta muito de comprar varinhas congeladas? Brincadeira, ou não, mas acredito que qualquer negocio melhore na primavera. No mundo trouxa, ela é conhecida como a estação mais romântica e inspiradora, chamamos as pessoas que se apaixonam por outra logo quando a estação muda de "febre da primavera" e muitos estabelecimentos possuem promoções para casais, já pensou em adotar alguma? Algo como "traga seu amor e ganhe um desconto de 10%", seria interessante, não acha? Por aqui está tudo bem, mas adoraria que me respondesse uma pergunta, na verdade, é mais uma teoria: a maioria, se não todos os professores de Hogwarts, já foram alunos, certo? Garrick, eu tenho CERTEZA de que eles fazem de proposito como uma forma de se vingar dos seus próprios anos de estudo, que outra razão existiria para tantos deveres? Só posso agradecer por adorar aprender e me divertir estudando – tenho pena das pobres almas que choram ao abrir um livro.
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Corona
FanfictionNomes são coisas perigosas. A maior parte da mitologia afirma que não os deve dizer levianamente - eles tem poder. Malorie Lewis tinha uma afeição particular pelo seu nome. Depois que seus pais adotivos morreram e ela teve de voltar para o Lar para...