Graças aos leões tive um almoço muito mais agradável do que achei que teria. Nos escondemos todos em uma das muitas salas de aulas vazias do castelo e afastamos algumas carteiras para conseguirmos sentar em um círculo no chão, joelhos com joelhos, enquanto Fred e Jorge mostravam que não escolheram aquela sala por acaso quando tiraram montes de comida de um esconderijo atrás da mesa do professor. Tudo bem, não chegavam a serem montes, mas eram o bastante para encher os braços cumpridos dos dois.
— Assim que vimos que você nem sentou para o almoço, corremos para a cozinha para pegarmos umas coisinhas— Jorge explicou enquanto se sentava e distribuindo as comidas no meio da roda. Hermione franziu as sobrancelhas.
— Não sabia que era permitido...
— Quem liga?!— Ronald expressou a opinião do povo ao pegar um dos pratos surrupiados e o encher de purê de batatas e cordeiro. Ele havia se sentado ao lado dela, que, por sua vez, estava à minha esquerda. Na minha direita estava Harry, então Jorge, Lino, Fred e Neville antes de chegar em Rony outra vez.
— Não pode ser nada muito errado, Mione— acalmei os nervos com níveis altos de moral de minha amiga.— Quero dizer, estamos na hora do almoço e não me lembro de regra nenhuma sobre ser terminantemente proibido de comer fora do Grande Salão.
Isso fez com que ela se rendesse, pois estava com fome como todos ali. Na época da administração de Greta no orfanato, havia pouquíssimas outras freiras (apenas as que ela pudesse controlar) e a comida era precária. Um castigo quase tão comum quanto a Vara era ficar sem as refeições. Geralmente por não tempo suficiente para desmaiar, apesar de eu e algumas outras meninas escolhidas a dedo já termos batido recordes de quase uma semana. Mesmo assim, quando se podia comer não era lá muito diferente: a comida era de péssima qualidade e muito pouca, além de ser proibido repetição.
A fome, então, não era algo desconhecido para mim. A dor no estomago e a fraqueza nos músculos não mais me impediam de prosseguir com o dia, mas também não era algo que eu apreciava. Depois de um café da manhã digno do regime de Greta e perdido meia hora do almoço na biblioteca, enchi meu prato quase tanto quanto Ronald e comi com gosto.
Uma característica marcante dos grifinórios era o fato de raramente ficarem em silêncio. Eram pessoas mais agitadas e com pouca inclinação a se conterem, então não demorou até que todos estivessem presos em conversas. Neville prestava bastante atenção em Fred e Jorge, que lhe explicavam formas de melhorar seu desempenho na aula já que os dois eram muito bons na maioria das matérias, tais quais transfiguração, feitiços e poções. Em agradecimento, o menino lhes devolvia seu entusiasmo com Herbologia: a única matéria em que era realmente bom e se destacava.
Lino Jordan, que era ainda mais carismático e engraçado sem McGonagall para o repreender toda hora, não parava de falar com Rony sobre as chances da Grifinória no campeonato, os rostos tão sérios e os acenos de cabeça tão energéticos como se estivessem discutindo um plano de guerra. Harry, ao meu lado, prestava atenção na conversa deles enquanto Hermione franzia as sobrancelhas para tudo aquilo e prestava mais atenção a conversa dos gêmeos com Neville.
— Ei, Mal— Potter sussurrou para mim, me pegando de surpresa. Tinha aproximado a boca do meu rosto, se inclinado na minha direção e eu podia sentir seu hálito quente na minha pele usualmente gelada. Mexi nas minhas luvas cortadas para esconder a tensão nos meus ombros e o arrepio em minha coluna.— Não cheguei a te contar, não tive tempo. Ontem, depois do treino, fiquei sabendo que o Snape vai apitar o próximo jogo de Quadribol.
Franzi as sobrancelhas. Snape?! Quando Capitão Gancho já havia apitado um jogo na vida? Eu duvidava até mesmo que ele soubesse as regras do esporte! Sem falar da imagem tão traumatizante quanto hilária de Severo em cima de uma vassoura, ele usaria calças para isso? Ele usava calças, de todo, ou aquilo era uma espécie de vestido? Túnica, lembrei o nome. Balancei minha cabeça com força para afastar a imagem das pernas do professor da minha mente, uma vez que não tinha nenhuma pretensão de correr para o banheiro mais próximo e vomitar.
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Corona
FanfictionNomes são coisas perigosas. A maior parte da mitologia afirma que não os deve dizer levianamente - eles tem poder. Malorie Lewis tinha uma afeição particular pelo seu nome. Depois que seus pais adotivos morreram e ela teve de voltar para o Lar para...