Exorcizo te

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Acordei com algo quente pingando na minha testa, o sol entrava pela janela iluminando o quarto. Passei a mão no rosto e tomei um susto ao ver meus dedos manchados de... Sangue.

Ao olhar pra cima, havia o corpo de um homem dependurado, os olhos esbugalhados em uma expressão de horror me encaravam diretamente.

O grito ficou trancado na garganta e eu pulei da cama, tropeçando nas cobertas e caindo no chão. Quando olhei novamente, não havia nada. Passei a mão na testa várias vezes constatando que não havia sangue. Meu coração dava pulos desesperados, querendo sair pela boca. Tentei me acalmar aos poucos, foi um pesadelo, só pode ter sido. Ou uma maldita visão!

Fitei o amuleto ao meu lado e com raiva eu o coloquei no pescoço.

Desci as escadas, passando por Sam que estava concentrado no computador, e fui direto para o banheiro. Escovei os dentes, tomei um banho rápido, vesti um dos meus jeans novos e uma camiseta de mangas compridas branca com bolinhas pretas. Eram nove horas da manhã e ao sair pela porta eu vi a silhueta de Dean se esgueirar sorrateiramente pela janela até o carro com passos cuidadosos. Sam fitou a cena com uma careta, seguindo o irmão e eu fui atrás.

— Deixa ele descansar, depois a gente liga. — dizia Dean para Bobby.

— Ligar de onde? — surpreendeu Sam logo às suas costas. O loiro se virou num pulo.

— Tem um lance no Óregon. — indicou sem jeito, gesticulando com o polegar.

— Ótimo, estou dentro. — falou o moreno animado.

— Você acabou de levantar.

— Exatamente. Estou de pé, estou legal.

— Uns dias a mais de TV não vão te fazer mal. — insistiu o Dean.

— Porque foi isso que você fez quando saiu do inferno. — rebateu Sam, enfático. O irmão mais velho ficou pensativo, mas por fim acabou cedendo.

— Muito bem, eu, você e Bobby. — falou o loiro e em seguida se voltou para mim — E para você uma babá com asas.

— Nem pensar! — protestei nada feliz em saber que eu teria que aguentar o Castiel e seus momentos de "deixa eu enfiar meu braço em você um pouquinho" — Eu posso me virar sozinha. — garanti.

— Vocês vão na frente. — começou Bobby — Vocês dão conta. Eu esqueci que prometi ao idiota do Rufus que cuidaria dos telefones para ele, e eu não quero ver a casa destruída pela Esther e o Castiel que mais parecem cão e gato, então...

— Prometeu? — perguntei distraída, não me lembro de tê-lo visto atender qualquer telefone de ontem para hoje.

— Tem certeza? — questionou Dean. Eu poderia abraçar Bobby agora, mas sentia que toda essa história era apenas um pretexto. Digo, Sam tentou matá-lo, se fosse eu, não me sentiria bem em andar com ele armado por aí.

— Sim. — o velho Singer tirou uma mala de armas do banco de trás do Impala — E vocês dois divirtam-se matando as saudades. — ele passou por mim, entrando novamente dentro de casa.

— O que foi isso? — indagou Sam, se referindo ao comportamento estranho e nada sutil de Bobby.

— Um quarto de idade e três quartos de birita. — comentou Dean, estalando a língua no céu da boca. Em seguida se voltou para mim. — E você comporte-se, qualquer coisa me ligue. Ouviu?

— Sim, Comandante Dean Winchester! — coloquei uma mão em frente à cabeça e marchei uma vez, como um soldado. Ele riu do gesto, passando os dedos no meu cabelo molhado, descabelando-o. Eu o olhei de cara feia.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora