Meu demônio pessoal

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Aquilo estava mesmo acontecendo? Eu estava mesmo frente a frente com Lúcifer, o rei do inferno? Arrastei as mãos pelos cabelos, balançando a cabeça para os lados, como se aquilo fizesse com que aquele homem, que se intitulava o Diabo, desaparecesse dali.

Olhei ao redor, ainda pasma e descrente, procurando qualquer objeto útil naquele momento, mas o que seria útil contra Lúcifer? Nada que eu soubesse, porém não podia simplesmente ficar parada.

— Exorcizo te...

— Espera aí, você tá tentando me exorcizar? — perguntou incrédulo, me interrompendo com uma risada histérica que só fez me assustar mais. — Eu não sou um demônio, sou um anjo. Vai ter que fazer melhor que isso.

— Isso é uma alucinação, só pode ser! — chiei comigo mesma, sacudindo os braços no ar. Não havia outra explicação para aquilo. Pelo que eu sabia, Lúcifer estava numa jaula com Miguel, no inferno. Ele não podia simplesmente aparecer ali do nada, ou será que podia?

— Em parte é. — esclareceu ele jogando a cabeça para os lados. — Eu ainda estou na jaula e você só consegue me ver e falar comigo por causa do nosso laço de amor, não é lindo?

— Sai da minha mente! — gritei apontando para ele.

— Assim você me magoa, Esther, sério. — fingiu-se de ofendido, colocando uma mão sobre o peito. — Depois de tudo que eu fiz por você, nem um "obrigada" eu ganho? Quem você acha que te puxou de volta quando você surtou naquele sanatório? E quem você acha que encantou aquele octeto de rubi para começar o assunto? Eu!

— Eu não posso... — comecei buscando as palavras que me fugiam a toda hora. Eu lembrava perfeitamente do homem estranho que havia visto antes de me apagarem no sanatório, então desde aquele tempo era ele? — Eu não devia ver você, não posso! — falei me virando para os monitores e percebendo o fluxo de demônios que já estavam dentro da fábrica, e pelas suas expressões furiosas, eu sabia que não gostaria de enfrentá-los cara a cara. Onde estariam os Winchesters, Maison e Jimmy nessa hora?

— Vai me ignorar? Isso é falta de educação. — comentou Lúcifer, revirando os olhos e estalando os dedos em frente ao meu rosto de maneira debochada.

— Por que só agora? — indaguei mais para mim do que para ele, voltando a fitá-lo.

— Por que antes você estava ocupada demais sendo racional e boazinha para que eu conseguisse me comunicar. Quando você fica com raiva ou em perigo, fica mais vulnerável. — explicou abaixando a mão e as luzes piscaram novamente, dessa vez demorando cerca de três segundos entre cada apagão.

— Ótimo, agora eu não estou mais com raiva. Pode sair da minha mente! — rosnei fechando os olhos e desejando que o mesmo sumisse da minha frente, e quando eu os abri de novo, ele continuava ali com a expressão de tédio e os braços cruzados.

— Acha que é assim? Que você estala os dedos eu desapareço? — indagou com descrença, fazendo o movimento de estalar. — Eu vim para ficar.

Ouvi estrondos contra a porta e então fitei as câmeras. O corredor estava abarrotado de demônios dando investidas contra a entrada, o objetivo deles deveria ser derrubar aquilo e com o impacto desfazer a linha de sal.

— Eu não tenho tempo para ficar discutindo com o Diabo. — devolvi com sarcasmo e irritação, ligando o microfone e dando leves batidinhas em cima para ver se estava funcionando. Eu não podia esperar que o reforço chegasse, precisava exorcizá-los agora, antes que colocassem as mãos em mim.

— Não me chama de Diabo. Magoa. — falou forçando uma fungada e então se aproximou por trás, colocando a cabeça por cima do meu ombro como quem não quer nada. Trinquei os dentes ao sentir o contato físico e comecei a recitar, gaguejando cada vez que um estrondo novo vinha da porta e desprendia mais as dobradiças. — O que você pretende? Um ritual de exorcismo? Acha mesmo que vai dar certo com todos esses demônios?

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora