O Alfa

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Uma adaga foi jogada na minha direção, rasgando o ar e prendendo uma mecha do meu cabelo na árvore atrás de mim com um baque rápido.

— Vamos repassar as regras. — indicou Brawian calmamente enquanto eu arrancava o objeto, fazendo cair um pedaço generoso dos meus fios negros, o que me deu uma súbita frustração. Há uma semana nós estávamos enfiados naquela cabana no interior de Columbus, uma cidadezinha em Ohio, treinando físico e psicológico. E eu nem preciso dizer que estava totalmente exausta, o caçador não pegava leve.

— Espreitar antes de atacar, não ser capturada, e o mais importante... — comecei, logo me esquivando para o lado quando o bruxo correu até mim desferindo uma cambalhota. Com o movimento, eu caí no chão, passando pelo meio das suas pernas e o empurrando para frente enquanto me levantava. — Não usar meus poderes.

— Cada vez que você os usa, enfraquece seu psicológico e assim Lúcifer pode aparecer para você quando quiser e como quiser. — disse erguendo-se rapidamente e limpando as mãos nas calças de moletom enquanto eu fazia o mesmo, então se moveu de maneira furtiva, mas consegui vê-lo lançar o braço na minha direção. Demorei alguns segundo a mais do que o necessário para colocar o meu na frente do golpe, como escudo, e isso fez com que Brawian conseguisse me acertar na altura do ombro. — Precisa bloquear!

— Erguer um muro e mantê-lo de fora! — revidei com um chute preciso no joelho que estava posicionado mais a frente, jogando-o no chão, mas o bruxo levou meu pé junto com ele, me arrastando para apertar o braço em volta do meu pescoço em um golpe chamado "mata leão". Tentei me debater, mas o modo como ele me prendeu era impossível de me livrar facilmente.

— Tente comigo. — falou com a voz ressoando no meu ouvido enquanto a pressão contra a minha carótida trancava o a circulação de sangue, o que me faria desmaiar em segundos, caso não conseguisse me soltar.

Além da física, senti outro tipo de pressão sendo exercida contra as minhas têmporas, como se algo estivesse tentando cavar um buraco para se enfiar dentro da minha cabeça. Nós já havíamos treinado isso antes, e no começo havia sido difícil reconhecer esse tipo de ataque psicológico, mas agora eu estava mais forte. Imediatamente sinalizei para todos os meus sentidos se concentrarem naquele exato ponto, erguendo uma barreira sólida com algum esforço.

— Razoável. — ponderou Brawian, aliviando o aperto contra o meu pescoço. — Mas se eu pegar mais pesado...

Gritei ao sentir o muro na minha mente ser perfurado, causando uma ardência ácida e pulsante no meu crânio.

— Desgraçado! — gritei me desvencilhando e rolando para o lado, as mãos instintivamente segurando a cabeça. O bruxo deu um sorriso entediado.

— Por isso tem que se esforçar mais. — apontou para mim e em seguida levantou-se, oferecendo a mão para me puxar.

— Mas Lúcifer não me bombardeia como você faz. — protestei ao alcançar seus dedos e ele me soltou no chão bruscamente, me fazendo cair sentada.

Ainda não. E você não está aqui para discutir comigo, ou se não posso te jogar de um lugar mais alto. — ameaçou atentando contra a minha vida, como de costume. Ergui-me ficando de pé e tirando a terra das minhas roupas, fazendo uma careta sarcástica para ele.

De qualquer maneira, ele tinha razão, se eu pudesse bloquear Lúcifer da minha mente conseguiria prevenir que ele pudesse me controlar de novo. Era fácil treinar esse lado quando o anjo não dava nenhum sinal de vida, aparecendo de repente como sempre fazia, porém a prova seria quando resolvesse se mostrar novamente. Talvez o Diabo estivesse muito ocupado enumerando a lista de atividades para quando a gaiola se rompesse de vez.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora