Fantasma - Parte I

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E como na fração de segundos anterior, o anjo que mantinha os dedos gentilmente afastando meu rosto deslizou o braço e se colocou de pé, parando a minha frente.

— Fechem os olhos! — gritou e eu prontamente obedeci. Por baixo das pálpebras dava para ver, e inclusive sentir, a luminosidade morna no local.

Quando tudo ficou em silêncio eu arrisquei e abri os olhos devagar, vendo que todos os demônios do lugar haviam sido exorcizados. Sam, Dean, Maison e Jimmy estavam perplexos enquanto Balthazar chutava o corpo de um homem que jazia no chão e respirava ofegante.

— Esse bastardo! — disse o anjo, inspirando fundo e exibindo um sorriso. — Me deu uma canseira daquelas.

— Estão todos bem? — perguntei, ainda sentindo gosto de sangue na boca e tentando não pensar no motivo. Procurei os olhos de todos pela sala, que já estavam levantando do chão e se recompondo do quase massacre demoníaco. Eu podia ver Castiel pelo canto do olho, mas não me arriscava a manter um contato visual direto agora, pois eu estava terrivelmente constrangida com o que aconteceu.

— Sim, a princípio. — respondeu Dean, analisando a barra de ferro que tinha em mãos.

— Castiel. — enfatizou Maison, arqueando a sobrancelha.

— Aniel, há quanto tempo. — falou o anjo depois de um momento.

— É Maison agora. — corrigiu a garota, inexpressiva.

— Acho que todos os demônios já eram. — comentou Sam, olhando em volta.

— Todos dentro do prédio. — afirmou Castiel — Não sinto nenhum por perto.

— Estão todos bem, todos felizes, que ótimo. Eu preciso ir. — interrompeu Balthazar — E Cassie, parabéns pelo seu plano suicida, pegou o seu demônio. Só não me inclua mais neles, eu quase morri.

— Espera! — interrompeu o Winchester caçula confuso. — Plano? Pegar demônio?

— Ops. — sibilou o anjo antes de sumir no ar.

— Que plano? — perguntei, e dessa vez me vi obrigada a me virar para Castiel. O moreno girou o corpo para me fitar, limpando vestígios de sangue em torno do maxilar com as costas da mão.

— Foi extremamente necessário.

— O que foi necessário, Castiel? — cortou Dean, alterando a voz. Ele me encarou em silêncio e então a ficha caiu.

— Foi armação desde o início! — exclamei descrente, querendo que eu estivesse terrivelmente equivocada. — E você sabia que os demônios estavam trabalhando com os nefilins!

— Eu precisava pegá-los antes que eles se tornassem mais perigosos. — explicou ele — Anastácia era bem ardilosa com armadilhas.

— Você sabia do sacrifício da casca e mesmo assim me pediu para ajudar nesse feitiço! — acusei totalmente irritada. Agora eu entendia o porquê de Balthazar deixar tudo para a última hora, era uma estratégia. Ele queria que nós estivéssemos aqui dentro com Anastácia e assim pegá-la desprevenida.

— Dean nunca convenceria Jimmy a tirar a própria vida, e quando eu recebi a marca essa se tornou a única casca habitável. — expôs Castiel calmamente, encarando o braço onde tinha a marca do guardião.

— Eu nunca o convenceria a fazer uma coisa dessas!

Intencionalmente não. — falou o anjo, abaixando um pouco a cabeça e me fitando com o olhar enigmático. Eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo, principalmente agora que ele afirmava ter usado minha aparência e condição frágil para manipular alguém ao ponto de se sacrificar.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora