Epílogo + Bônus Vídeo

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Aquela pequena cidade tinha sido o foco das atenções em todos os jornais do país, porém seus holofotes eram voltados para um acidente de trem que havia matado cerca de cinquenta e sete pessoas, envolvendo a empresa de transportes em um escândalo milionário. Mas vocês devem estar se perguntando sobre a garota que morreu no alto da torre do Parque Histórico, bem, ela também saiu no jornal, mas em uma nota mortuária de fim de página. Suicídio, assassinato ou tentativa de estupro? A polícia não sabia o motivo que havia tirado da vida de Esther Winchester — como eles a identificaram, graças a uma identidade falsa encontrada no bolso do casaco — e com certeza encerraria o caso antes de descobrir.

Dois dias após aquela tragédia, Dean andava pela oficina, incapaz de permanecer dentro da casa por mais tempo do que algumas horas destinadas a dormir, já que tudo no lugar lembrava a pequena garota de cabelos negros. Sam tentava concentrar suas atenções no notebook e Bobby não conseguia encarar o porta retrato sobre a estante, pois nele estava a foto de Esther junto com os irmãos e Castiel em um dia de sol na cidade. Nenhum deles pronunciou uma palavra depois de saber do que havia acontecido, apenas encaravam sua própria dor de maneira silenciosa e inconformada. E se os Winchesters preferiam passar o luto evitando qualquer tipo de lembrança dolorosa, havia um anjo que não conseguia se afastar delas.

Castiel caminhou pela praia, o sobretudo negro — juntamente com todo o resto de suas roupas — balançava com o vento frio de inverno. Pela sua expressão era fácil de perceber que ele havia entendido o que estava se passando e por mais que quisesse negar, seu coração já sabia que aquela despedida havia sido a última e não haveria nada após. Mas o fato é que o destino é completamente mutável, assim como o tempo é maleável. Podemos pensar na vida como um livro, com início, meio e fim, só que eu prefiro pensar nela como se fosse um espetáculo. Você entra no palco, dança, canta e emociona até encerrar, onde recebe as tão merecidas palmas. Depois disso a cortina se fecha e tudo acaba. Mas o que muitos não percebem é que ainda existem pessoas atrás da pesada cortina, você não pode vê-las, mas elas estão lá fazendo as engrenagens girarem.

A vida não é diferente disso.

Suspirei, encarando a grande tela a minha frente e nela uma garota de pele tão pálida quanto a neve estava deitada no piso branco brilhante, os cabelos negros atirados como teias de aranha e seus olhos perdidos no espaço. Ergui a mão no ar, fazendo com que a imagem focasse seu rosto mais de perto e nesse momento ela voltou o olhar vago na minha direção — como se soubesse que eu estava ali, mesmo que não pudesse me ver.

— Onde eu estou? — questionou perdida, mais para si mesma do que para outra pessoa.

— Esse lugar se chama Passagem, você morreu. — respondi e de início ela pareceu surpresa ao ouvir minha voz projetada dentro daquelas paredes fechadas.

— Então eu consegui? Eu parei a profecia? — quis saber, colocando-se sentada e pousando as mãos sob as coxas.

— Lúcifer está preso permanentemente no inferno. — garanti, esboçando um leve sorriso ao perceber sua expressão aliviada — Acho que preciso agradecer a você por esse grande favor.

— Minha alma não deveria ter se destruído? Eu não deveria desaparecer para sempre? — indagou após alguns segundos, a testa franzida em confusão. Provavelmente a garota deveria estar se perguntando como poderia estar falando com alguém se estava morta, a maioria era assim, só que depois entravam no estado de negação e queriam a todo custo voltar.

— Deveria, mas eu te tirei de lá antes que entrasse em combustão. A Graça foi o suficiente para selá-lo. — revelei e Esther digeriu a informação por vários instantes.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora