Meu coração vai seguir

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— Vai lá e pergunta alguma coisa. — dizia Sam, olhando de soslaio através da porta da cozinha, onde dava para ver Bobby sentado à mesa com a cara enterrada nos livros e um copo de uísque ao seu lado.

— Da última vez que eu falei algo, achei que ele fosse me morder. — retrucou Dean, baixinho e com a expressão assustada. — Vai lá, Esther.

— Não obrigada, não virei suicida ainda. — descartei imediatamente a possibilidade em tom sarcástico. De uns dias para cá, Bobby havia ficado extremamente rabugento, mal comia ou dormia. Segundos os rapazes, talvez fosse a morte de Rufus que o caçador ainda não havia superado totalmente.

— Vocês vão ficar aí cochichando igual três moças feias no baile ou vão vir aqui falar na minha cara? — latiu o velho Singer em alto e bom tom. Nos entreolhamos com uma careta, então foi o Winchester caçula que se pronunciou primeiro.

— Bobby, você não dorme há dias... — sugeriu Sam, se aproximando como quem não quer nada.

— Virou minha mulher agora? — desdenhou o caçador enquanto nos colocávamos logo a sua frente. — Eu durmo.

— Sabe, foi difícil para todos nós, o Rufus ir daquele jeito. — continuou o moreno.

— Você acha que... — começou exaltado, mas logo se recompôs. — Isso não tem nada a ver com o Rufus.

— Ele não era só um conhecido. — murmurei, sendo drasticamente interrompida.

— Eu estou bem, droga! — enfatizou com um rosnado, colocando alguns papéis do nosso lado da mesa. — Parem de cuidar da minha vida e vão trabalhar, essa Eve, ou mãe, ou seja lá o que for, não vai se matar sozinha. — disse recostando-se para trás.

— Um caso? — questionou Dean, pegando a folha e lendo por cima.

— Várias pessoas estão morrendo. — começou Bobby.

— Pessoas morrem todos os dias. — o loiro deu de ombros.

— Não da mesma família e de formas estranhas. — acrescentou o velho Singer.

— Defina estranho. — pediu Sam, franzindo a testa com curiosidade.

— Ser decapitado por uma porta de garagem está bom para você? — o caçador levantou a sobrancelha.

— É, definitivamente é um caso. — concordou Dean, depois de uma pausa.

— Vão logo e saiam da minha casa, vocês estão me deixando maluco.

— Vou pegar minhas coisas. — avisei prontamente, mas o Winchester mais velho deu um passo para o lado, barrando meu caminho com um sorriso divertido.

— Quem disse que você vai?

— Ah, Dean, qual é, já falamos sobre isso. — rolei os olhos, e então procurei algum apoio no Winchester caçula. — Sam?

— Parece ser um caso simples, não há necessidade de você ir. — falou o moreno calmamente.

— Vamos chamar uma babá para você e outra para o Bobby, se não quando voltarmos ele vai estar nadando em meio a bebida. — disse o loiro, aumentando o tom de voz propositalmente em direção ao velho Singer, que bufou com raiva, então foi em direção a cozinha.

— Não ouse!— disparei indo atrás do mesmo, que logo puxou o telefone.

— Vou chamar a Jô e a Ellen. — comunicou discando os números.

— Jô e Ellen? — questionei em dúvida por um momento. Era como se o meu cérebro tivesse tido um lapso momentâneo e eu tivesse esquecido as duas. Como não me lembrar da garota loira que sempre acompanhava Dean nas caçadas e da esposa de Bobby? Jô e Ellen Harvelle. Mas por algum estranho motivo, as memórias estavam vindo lentamente, como na cena em que a garota e os irmãos entravam correndo na estação de trem abandonada e faziam Raphael desaparecer com o símbolo anti anjos.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora