A mulher de barro

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Antes que qualquer um pudesse fazer alguma coisa, Sam foi o primeiro a se pronunciar e marchar até Castiel, sacudindo-o até que ele saísse do torpor que se encontrava.

— Nós temos que sair agora! — exclamou o moreno. As paredes rachadas tremiam fortemente e grandes nuvens negras eram visíveis pelas janelas estilhaçadas. Com um movimento rápido o anjo retirou o sobretudo e colocou por cima da garota nua a sua frente, se desmaterializando com ela e instantes depois reaparecendo atrás de mim e me erguendo do chão com pressa.

— Esse lugar vai ser invadido por demônios! — avisou apreensivo, apontando para a janela e caminhando até os caçadores atônitos, me arrastando de qualquer jeito consigo.

— E essa é a minha deixa, boa sorte. — disparou Meg, o rosto sujo de sangue e os olhos tão surpresos quanto o resto de nós, desaparecendo em seguida.

— Por que tinha um clone da Esther aqui e para onde você o levou? — indagou Dean, voltando os olhos para Castiel com alarde.

— Não é um clone, é Elisabeth. — esclareceu o anjo, fazendo os irmãos se encararem com pânico. Ouvi o farfalhar de asas e então desaparecemos dali.

Um segundo depois nós estávamos em Sioux Falls. Bobby tinha uma espingarda de caça bem segura contra um lado do corpo, enquanto observava a garota trêmula e apavorada encolhida no sofá. O mesmo tinha a expressão confusa.

— Alguém pode me explicar porque a Esther... — começou, mas ao voltar os olhos para nós, eles ficaram descrentes. — Certo. Quem é aquela garota e porque ela apareceu do nada no meio da minha sala?

Recostei-me contra a parede, colocando a mão sobre o corte na barriga que começava a pingar sangue coagulado. Todos estavam tão desconcertados que não perceberam o meu estado, e nem eu havia percebido o quão grave era até notar que a minha visão estava embaçada.

Senti que alguém me apoiou no momento que meus joelhos cederam, e logo reconheci o rosto preocupado de Sam, que colocou minha cabeça sobre seu braço e apertava fortemente a ferida.

— Ela tá perdendo muito sangue! — disparou e imediatamente eu vi Dean se ajoelhar ao meu lado, passando a mão pela minha testa e tirando as mechas de cabelo do meu rosto.

— Esther! Consegue me ouvir? — perguntou o loiro, a voz se distanciando cada vez mais. — Castiel! Droga, aonde ele foi? — chiou alterado, e então eu perdi os sentidos.

Acordei na minha cama, a luz apagada e a escuridão me indicavam que já era noite fechada. Apertei os olhos, as lembranças voltando vagamente até minha cabeça. O feitiço, os demônios, Elisabeth Bathory. Aquilo deveria ter sido uma alucinação, só pode ter sido. Não é possível que ela tenha voltado! Deslizei a mão para minha barriga e notei que não havia nada, nem mesmo um arranhão. Sentei na cama, observando o pedaço de pele por baixo da camiseta por mais alguns instantes.

Deveria ter um corte ali e a falta dele reforçava mais ainda a teoria anterior, ou então Castiel havia me curado. Eu precisava descobrir logo o que tinha acontecido. Com a audição alerta, pude ouvir um burburinho de vozes que vinham lá de baixo. Caminhei devagar e sonolenta, e a primeira pessoa que entrou no meu campo de visão foi Dean, que estava em frente à mesa de Bobby gesticulando nervosamente para todos os lados.

— Como isso é possível?! — exclamava completamente atônito em meio à sala. Desci mais alguns passos, olhando a cena completa. Sam estava com os braços cruzados, andando pensativo de um lado para o outro enquanto Balthazar estava escorado nas costas do sofá num intenso silêncio. Castiel estava sentado no móvel, ao lado de uma garota idêntica a mim, porém os cabelos eram perfeitamente cacheados. A mesma usava um moletom do capitão América, jeans e all star preto, que eu logo reconheci serem peças do meu vestuário e isso me fez dar um grunhido baixo.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora