O início dos problemas

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Acordei com um latejar insistente no lado direito da cabeça. Senti que estava deitada em algo macio, uma cama talvez? Sons de vozes vinham de logo debaixo de mim e eu não conseguia entender o que elas diziam, porém eram várias. De repente imagens aleatórias passaram pela minha mente e eu me lembrei de tudo que havia acontecido, sentando bruscamente na cama, ocasionando uma tontura repentina. Respirei fundo, observando o abajur velho, o sofá de couro preto, a cortina empoeirada. Eu não me lembrava daquele lugar. Onde diabos eu estava, afinal?

— Finalmente acordou. — disse o homem loiro ao escancarar a porta do meu cativeiro. Pulei da cama e peguei a primeira coisa que vi para me defender.

— Eu tenho um abajur e não tenho medo de usar! — ameacei, balançando o objeto e me sentindo ridícula logo depois de terminar a frase.

— Eu não vou machucar você. — disse levantando as duas mãos — Relaxa, somos os mocinhos. — prometeu com um dos cantos da boca levantado, um quase sorriso triunfante. Apertei os olhos e reconheci seu rosto, era o tal Dean Winchester perseguidor de garotas!

Outro homem entrou, este era mais velho, usava um boné e estava armado. No susto joguei o abajur e ele se abaixou, transformando minha arma de defesa em uma pilha de cacos depois de bater na parede.

— Bela pontaria. — disse o mais velho, soando como um elogio.

— Droga Bobby! Abaixa essa arma! — gritou Dean. O homem colocou a arma no chão lentamente e eu o acompanhei com os olhos. Nisso o outro cara apareceu, o mais alto de todos e também portando um revólver.

— Bobby! Dean! Eu ouvi grit... — catei qualquer coisa sobre a cômoda próxima à cama para jogar nele também, catei um... Osso! Um osso de gente do tamanho do meu antebraço! Joguei a coisa longe, mas com uma incrível sorte ela deu bem no meio da cara do grandalhão que gemeu de dor, levando as mãos ao nariz.

Senti-me momentaneamente culpada por aquilo.

— Que porra! Mais alguém vai aparecer armado por essa porta? — exclamei, indignada de tanto levar sustos.

— Sem armas! Não joga mais nenhum osso na gente! — pediu o loiro. Em seguida se virou para o grandalhão — Você está bem, Sammy?

— Sim — gemeu ele, ainda pressionando os polegares no nariz — Ela tem uma ótima pontaria.

— Eu disse. — falou o tal Bobby, levantando os ombros.

— Chega! Vocês estão assustando ela. — a voz de Daniel soou como música para os meus ouvidos. O moreno apareceu na porta usando uma camiseta de mangas compridas branca e um jeans casual. Ele veio em minha direção e me abraçou — Desculpe por isso.

— O que está havendo? — perguntei atônita, sentindo meus olhos começarem a arder novamente — Meus tios estavam mortos, depois entrou um cara na sala e depois eu apareci aqui...

— Isso pode ser bem difícil de explicar — começou ele, me fazendo sentar na beirada da cama. Daniel me encarou e eu não sabia se estava escolhendo por onde abordar o assunto ou se estava esperando eu me acalmar. Com um suspiro, sussurrou próximo ao meu rosto:

— Eu sou um anjo.

Eu levantei da cama e comecei a andar de um lado para o outro pela sexta vez em meia hora. Daniel me lançava um olhar apreensivo cada vez que eu fazia, como se eu pudesse explodir feito um balão — o que não era de todo impossível, devido aos fatos até agora. Dean Winchester estava encostado na parede e Sam, seu irmão mais novo, estava sentado no sofá estancando o pequeno sangramento nasal que eu ocasionei. Bobby estava sentado numa poltrona com uma agenda velha no colo.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora