Cacofonia

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Passamos a noite toda procurando relatos sobre o tal Rake, mas não encontramos nada de novo sobre a criatura. Acho que fiz umas cinco térmicas de café e perdi a conta de quantos copos tomei para me manter acordada, mas o fato era que eu não aguentaria por muito tempo. Bobby fez algumas ligações e encontrou um livro sobre criaturas que perturbam o sono com um caçador chamado Garth, não era diretamente relacionado ao Rake, mas podia ser útil.

Maison se ofereceu para buscar o objeto na cidade vizinha, já que todos nós estávamos um caco para pegar o carro, poderíamos dormir na direção e morrer, Jimmy foi junto com ela e então eu percebi como aqueles dois andavam grudados. Talvez eu tivesse uma cunhada anjo caído e nem tinha percebido ainda.

Sentei no sofá e Dean estava terminando mais um copo de café.

— Me diz que tem mais. — falou o loiro, se virando para mim com a voz sonolenta.

— Não, essa foi a última térmica. — respondi, esfregando os olhos vermelhos e lacrimejantes. O Winchester mais velho deu um grunhido, se jogando para trás.

— Certo, eu vou comprar mais, sem isso estamos ferrados. — disse Sam, fechando o notebook e levantando da cadeira, se espreguiçando com um longo bocejo. — Acho que caminhar um pouco vai me dar um gás.

— Onde você pretende arranjar café à essa hora? — perguntei olhando de soslaio para o relógio que marcava três e meia da manhã.

— Algum posto 24hrs. — o moreno deu de ombros e caminhou em direção à porta vagarosamente, ele também estava bem afetado pelo cansaço.

— E eu vou pegar um livro no porão, cinco minutos. Não durmam, idiotas. — falou Bobby indo até a entrada que dava para o mesmo. Dean suspirou e virou para me fitar, colocando a cabeça no recosto do sofá.

— Não me deixe dormir. — pediu o loiro.

— Não me deixe dormir, você também. — murmurei, lutando para manter os olhos abertos.

Eu provavelmente devo ter dormido, pois acordei com meu pescoço dolorido e um som de respiração descompassada logo a minha frente. Abri as pálpebras e vi um par de órbitas negras me encarando a centímetros do rosto. Com o susto eu gritei e me impulsionei para trás, tentando abrir distância entre eu e a coisa. Dean acordou imediatamente ao meu lado e também acabou gritando, o sofá caiu de costas e eu rolei pelo chão desnorteada. Antes que pudesse pensar em correr, a porta do porão se abriu e Bobby apareceu com uma espingarda, desferindo um tiro certeiro na criatura que correu escada acima.

— Eu avisei para não dormirem! — rosnou o velho Singer com uma carranca irritada para mim e o Winchester que estávamos atônitos no chão.

— Quando esse desgraçado morrer eu quero dormir por uma semana. — balbuciou Dean sentado à mesa com o rosto apoiado nas mãos. Já eram seis da tarde e nós estávamos desmaiando por cima dos móveis, sem nenhuma pista e um desejo mórbido de morrer de uma vez para assim poder dormir em paz.

— E eu por um mês. — falei esfregando os olhos e deixando a cabeça deslizar pelos dedos até segurar meu cabelo para trás.

— Sam, como vai essa pesquisa? — insistiu o loiro, pela décima vez em menos de uma hora. Dean normal já era meio insuportável, agora imaginem ele com sono. Bem, todos nós estávamos exaustos e estressados, não o culpava.

Não vai. — respondeu o Winchester caçula com um suspiro cansado, fitando o irmão com uma expressão irritada — Não é como se existisse um manual na internet sobre como matar lendas, Dean.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora