Sacrifício de sangue

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Ao longe eu ouvia um barulhinho de ventilação que logo associei a algum tipo de passagem de ar. Eu estava sobre uma superfície fofa, minha cabeça doía como o inferno e a minha boca tinha um estranho gosto de algodão molhado. Abri os olhos e vi o ventilador de teto dando voltas vagarosas e sincronizadas, o que me deixava tonta.

Eu estava em um quarto com paredes cor de creme mofadas e com várias rachaduras que mais pareciam enormes teias de aranha. Apoiei as mãos na cama, puxando um pouco os lençóis para levantar.

— Ei. Vá com calma. — disse uma voz feminina. Procurei a origem dela e me deparei com a garota de braços cruzados, recostada contra a parede. Os cabelos loiros desciam até abaixo dos ombros, enrolando nas pontas.

— Quem é você? — perguntei rapidamente, sentindo o som de minha voz latejar dentro da minha cabeça.

— Maison Wreckess, eu sou... Amiga do seu irmão. — revelou calmamente.

— Meu irmão? Onde ele está? — indaguei tentando me levantar, mas a tontura me fez cair na cama no mesmo instante.

— Ele não está aqui. — respondeu a garota, dando passos largos na minha direção. — E me desculpe pela cabeça, acho que usei força demais. — sibilou sem graça.

— Foi você quem me bateu? — questionei alarmada e com um pouco de raiva também. Então a figura loira que eu vi antes de desmaiar fora ela.

— Seus amigos entraram lá como quem quer dar um golpe de estado, e você parecia um cão farejador pelos corredores. — justificou Maison, abrindo os braços.

— Claro e aí você afunda meu cérebro para me parar. — apontei sarcástica, encarando-a. Eu não devia estar perdendo tempo aqui com essa garota que eu não sabia se podia confiar, ela provavelmente deveria estar mentindo.

— Eu preciso falar com Jimmy. — disse me levantando e passando pela loira, mas Maison me puxou pelo cotovelo.

— Já disse que ele não está aqui, se acalme.

— Por que eu deveria confiar em você? — tentei me desvencilhar, mas ela era forte e sequer mexeu um músculo. Apertei as pálpebras, encarando o local onde sua mão entrava em contato com a minha pele. — Onde estão meus amigos?

— Eu quero ajudar, ok? — ela passou os olhos pelo meu braço e então soltou devagar, gesticulando com a outra mão para que me mantivesse calma. — Seus amigos estão aqui também.

— Eu quero vê-los. — afirmei com determinação. Maison deu um suspiro breve.

— Não pode. — disse comprimindo os lábios.

— Por quê? — devolvi ainda mais desconfiada. Se ela queria me ajudar, por que estava me mantendo trancada? E por que não queria me deixar ver os rapazes? E por que diabos meu irmão deixou essa garota quase estourar minha cabeça, afinal de contas?

— Por que estão desacordados. — respondeu pacificamente, o que me fez apertar os olhos novamente. Desacordados, sei. Pelo que eu os conhecia, Dean devia estar tentando chutar a porta neste exato momento, enquanto Sam estaria pensando em mil teorias para sair de onde quer que estivessem.

— Não importa. Eu os acordo. — sentenciei me desvencilhando e correndo em direção à porta. Ouvi Maison bufar e me seguir.

Pelo que eu pude perceber, o lugar todo tinha aquele padrão de paredes cor de creme, e o chão deveria ser de mármore espelhado se não estivesse tão sujo. O corredor era estreito e com várias portas, no final delas havia uma grande janela com cortina branca esvoaçante. Andei por ele, girando todas as maçanetas e encontrando quartos vazios. Eu não fazia ideia de onde os rapazes estavam. Quando eu ia tentar a penúltima porta da esquerda, Maison tomou a frente e se virou para mim, apontando para o quarto logo ao seu lado.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora