Fantasma - Parte II

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Fiquei ali sentada por vários minutos, frustrada e magoada, mas não com meu irmão e sim comigo mesma por acreditar que ele faria por mim aquilo que eu faria por ele sem nem pestanejar.

— Como o Sam disse, ele ainda é um garoto. — reafirmou Bobby, quebrando o silêncio.

— Vocês não se viam há anos, ele deve se sentir meio estranho em relação a você. — continuou o moreno vindo se sentar ao meu lado. — Mas vai passar.

Assenti com a cabeça, eu realmente esperava que sim. Levantei e fui até a mesa, passando as mãos nas chaves do Impala.

— Onde você pensa que vai? — indagou Dean, dando um passo para ficar no meu caminho e me fazendo dar um encontrão em seu peito.

— Comprar algo para comer, detetive Winchester. — disse desviando dele e indo em direção à porta. Percebi que o loiro já ia protestar, mas Sam fez um grunhido baixo do tipo "Deixa, ela precisa ficar sozinha". Agradeci ao Winchester caçula mentalmente por isso.

— Cuidado com meu bebê, e traga uma torta! — gritou o caçador quando eu já estava do lado de fora. Fiz a trilha até o carro, entrando no Impala e me acomodando no banco do motorista ao mesmo tempo em que Castiel apareceu no banco do passageiro.

— Não tinha chance de ele me deixar sair sozinha, não é? — perguntei com uma careta de frustração enquanto deixava minhas mãos caírem no meu colo.

— Nenhuma. — concordou o anjo.

— Você sabe que eu estou brava com você, não sabe?

— Sei. — ele assentiu com a cabeça levemente e eu franzi a testa, Castiel não tinha muito senso de comportamento social humano, então eu estar ou deixar de estar irritada com ele não mudaria nada.

— Só confirmando. — suspirei ao ligar a chave no painel e em seguida saí da oficina Singer.

Aumentei o volume do rádio numa estação qualquer e dirigi pelas ruas de Sioux Falls sem realmente saber para onde queria ir. A verdade era que eu tinha mentido sobre o fato de buscar algo para comer, eu só queria ficar longe para esvaziar a cabeça. Eu precisava admitir que meios de transporte me ajudavam muito nessas situações, quando eu morava em Elwood e estava completamente estressada, eu catava meus fones, saía e pegava qualquer ônibus para qualquer lugar até eu me sentir melhor. É claro que eu costumava fazer isso sozinha e não com um anjo à tira colo.

Mas por outro lado, Castiel era tão silencioso que isso não se tornava um incômodo, muito pelo contrário, eu tinha a sensação de que podia fugir e não importava para onde eu fosse eu estaria segura enquanto ele estivesse por perto.

Olhei de canto e percebi que o moreno encarava o rádio com curiosidade, como se fosse algum bicho de sete cabeças. Não pude deixar de sorrir ao ver aquela cena, embora ele fosse um homem feito (e com seus milhares de anos angelicais), às vezes Castiel parecia uma criança, no jeito mais delicado que a palavra poderia ser. E aquilo mexia comigo de uma maneira que eu não compreendia muito bem, me fazendo até esquecer por alguns segundos que eu estava brava — talvez tivesse algo a ver com aquela coisa materna que aflora quando você vê um bebê ou sei lá... Gatinhos peludos.

— O que é tão engraçado? — perguntou ele, se virando para mim.

— Ah? — murmurei sem entender ao que ele estava se referindo.

— Você está sorrindo faz cinco minutos. — disse confuso. E foi aí que eu notei que já estava com a cara doendo de tanto sorrir, sacudi a cabeça tentando parar com aquilo imediatamente.

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora