UM

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O meu nome é Júlio. Sou um jovem de dezessete anos, um pouco baixo, 1,65 de altura. Pele branca e cabelos castanhos e cheios. Tenho uma pequena franja que estou tentando me livrar, moro em São Paulo, Brasil. Minha casa não é muito grande, mas está ficando pequena demais para mim e minha mãe, Andréia. Minha mãe é alta e tem o corpo magro, mas é a mulher mais linda do mundo e seus cabelos são louros longos até a cintura. Ela sempre esteve ao meu lado quando eu mais precisava, algo que meu pai, Roberto, não é e nunca será. Eu nem me lembrava de qual era o último dia que tinha o visto. Ele era alto, e um pouco forte. Não tinha o rosto nada amigável e era ignorante, preconceituoso, e bastante arrogante. Não foi difícil contar a ele que sou gay. Com certeza não foi. Meu pai era alcoólatra e uma vez o peguei fumando maconha escondido. Ele bateu no martelo pertinentemente dizendo que aquilo era um cigarro comum e normal. Meu pai nunca usou cigarro. E mesmo se usasse, não teria por que se esconder. Minha mãe também fumava, mas quando ficou doente do pulmão, decidiu parar. Aliás, era obrigada a parar. O lema de minha mãe era: tudo que está ao nosso redor pode nós fazer mal ou bem. Mas às vezes, quando é o mal que nos pega,ele pode ser gostoso demais.

Eu sorria sempre quando ela dizia aquelas palavras. Ela até fazia aquele jogo para eu não comer chocolate antes do almoço.

Eu já tinha dezessete anos e ainda assim era tratado como criança. Bem... Voltando ao assunto, onde estamos? Há sim! Falando sobre o OGRO do meu pai.

— Querido. Preciso falar com você. É sobre o Júlio.

Naquele dia, minha mãe estava na cozinha, era 23h30min da noite, e eu estava na escada, ouvindo tudo. Meu pai havia chegado da rua, ainda estava com um casco de cerveja em mãos e sempre tropeçava em algo quando andava. Estava tonto, reclamava de qualquer coisa que havia em seu caminho, até mesmo a mesa de jantar que ele mesmo preferiu deixá-la no tal canto. "Quem colocou essa mesa aqui?".

Quando viu que minha mãe queria conversar com ele, bufou desgostoso. Parecia que queria deixá-la falando sozinha e subir as escadas para a cama, nem pensar em tomar um banho gelado. Quando minha mãe o obrigava algumas vezes ele não queria aceitar, ofendia-a dos piores nomes. Aquilo me deixava triste. Eu não tinha dúvidas que meu pai traia minha mãe com outra ou outras mulheres. Nem ela mesma tinha dúvida. Já à peguei muitas vezes chorando ao quarto de noite. Ela olhava no relógio e via que eram duas ou três da manhã, e nada do meu pai chegar.

Eu engoli em seco quando ele se sentou à mesa de madeira redonda e a olhou com a garrafa ainda em mãos.

— Pode falar. E fale rápido por que tenho sono. Vou dormir logo.

— Sabe que não irá dormir sem tomar um banho.

— Você não manda em mim, sua estúpida! — ele gritou. — Essa casa é minha, e não sua. E eu não sei nem o porquê você ainda faz aqui. Eu deveria expulsar você e seu filho desta casa.

— Ele é seu filho também, seu idiota!

Meu coração pulou. As discussões tinham começado. Senhor...

Minha mãe voltou a se sentar.

— Eu não quero discutir com você. O meu intuito aqui não é esse.

Meu pai a olhara fixamente, girando a garrafa lentamente ainda sobre o efeito das bebidas.

— Por favor, sente-se. O que eu tenho para falar é muito sério.

Meu pai começou a dar risadas.

— Muito sério? — voltou a rir. — Não vê que estou bêbado? Eu não estou serio no momento. Mas se você quiser deixar esse assunto para depois e partirmos para cama, para mim não tem problema.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora